Lançado em julho de 1971, “Master of Reality” é um dos álbuns mais emblemáticos do Black Sabbath. Com faixas como “Sweet Leaf”, “Children of the Grave” e “Into the Void”, o disco vendeu mais de 2 milhões de cópias e virou um clássico da música pesada. Apesar do sucesso, Ozzy Osbourne curiosamente tinha uma opinião contrária a respeito.
Durante uma entrevista concedida ao jornal San Diego Door em 1972, o saudoso vocalista revelou que não achava o projeto “tão bom”. Descrevendo “Master of Reality” como “um pouco decepcionante” e “bem bagunçado”, o cantor disse sentir que o trabalho foi feito às pressas e que não trouxe um padrão semelhante aos outros materiais da discografia.
Como relembrado pela Far Out Magazine, o Príncipe das Trevas explicou:
“‘Master of Reality’ foi um pouco decepcionante para mim. Foi um trabalho feito às pressas. Tínhamos que compor o mais rápido possível e gravar ainda mais rápido. Felizmente, não ficou tão ruim quanto poderia ter ficado. Mas, comparado ao padrão do novo álbum [‘Vol. 4’], não é tão bom. Ficou bem bagunçado. Gravamos em uma semana e o lançamos em cerca de três semanas. É engraçado também que esse tenha sido nosso disco mais vendido. Eu realmente não sei por quê. Não tinha nem metade da força de ‘Paranoid’.”
Ozzy voltou a repetir a mesma colocação em conversa com a revista Go-Set em 1973. Conforme resgatado pelo The Tapes Archive, o vocalista relatou na ocasião:
“Não gostei nem um pouco de ‘Master of Reality’. Foi feito às pressas e a capa era uma porcaria. Foi tudo tão rápido que realmente não tivemos a chance de fazer o que queríamos. O primeiro álbum foi ainda pior. Fizemos em apenas dois dias. […] Depois de ‘Master of Reality’, dissemos: ‘que se dane tudo isso, faremos nós mesmos’. Não queríamos sentir que estávamos lançando um monte de porcaria. Gosto dos primeiros álbuns, mas poderiam ter sido feitos de maneira muito melhor.”
Pelo menos um colega do Sabbath discorda. À Metal Hammer em 2021, o baterista Bill Ward disse acreditar que, na verdade, os músicos tiveram muito menos tempo para criar o álbum de estreia homônimo de 1970 e o posterior “Paranoid” (1970). Sendo assim, opinou que, em “Master of Reality”, conseguiram evoluir:
“No primeiro álbum, tivemos dois dias para fazer tudo, e com ‘Paranoid’ não foi muito diferente. Mas desta vez pudemos trabalhar com calma e testar coisas diferentes. Todos nós aproveitamos a oportunidade: Tony [Iommi, guitarrista] incluiu partes de guitarra clássica, o baixo de Geezer [Butler, baixista] praticamente dobrou de potência, eu optei por um bumbo maior e também experimentei overdubs. E Ozzy estava muito melhor.”
Black Sabbath e “Master of Reality”
“Master of Reality” foi o último álbum do Black Sabbath com o produtor Rodger Bain, que também assinou a produção dos dois anteriores. A partir daqui, o guitarrista Tony Iommi e o resto do grupo adquiriram mais experiência em estúdio e passaram a comandar, por conta própria, a maior parte do processo de gravação.
Lançado em 21 de julho de 1971, o disco marca os primeiros passos da banda em direção a uma sonoridade mais complexa e arrojada. A diferença mais óbvia em relação aos antecessores é a afinação mais grave em instrumentos de corda. Músicas como “Children of the Grave”, “Lord of This World” e “Into the Void” mostram tal sonoridade, com um tom e meio mais baixo que o convencional.
Assim, o tipo de som criado viraria uma marca registrada do Black Sabbath. Além disso, o trabalho foi considerado o nascimento de subgêneros como o doom metal e o stoner rock, que frequentemente adotam recursos semelhantes.
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