Quem assistiu à participação de Steven Tyler no festival Back to the Beginning, que marcou a despedida de Ozzy Osbourne e do Black Sabbath, provavelmente não consegue entender por que o Aerosmith não volta a fazer shows. O guitarrista Joe Perry comentou sobre o assunto e o estado de saúde do vocalista de 77 anos atualmente.
Antes, vale relembrar: em agosto de 2024, o Aerosmith confirmou sua aposentadoria oficial e cancelamento de sua turnê de despedida após três concertos e um hiato de aproximadamente um ano. O principal impeditivo foi a ruptura das cordas vocais e fratura na laringe sofrida por Tyler durante uma apresentação.
Em conversa com a rádio americana WBUR, Perry, que atualmente se dedica à sua carreira solo, admitiu que há conversas sobre o futuro do Aerosmith. O músico não descarta um show de despedida, mas turnês definitivamente não estão nos planos.
“Aposto que ainda temos um show restante do Aerosmith. Há conversas sobre fazer um documentário, que deve ser parte disso (despedida). Tenho passado muito tempo com Steven e ele não quer fazer turnês e não consegue fazer turnês. É difícil. Não tenho certeza se eu quero sair e agendar outra turnê de 40 cidades. É muito trabalho e ficar lá tira muito de você, especialmente em uma turnê do Aerosmith.”
Se excursões estão descartadas, será que o grupo realizaria uma temporada como residente em Las Vegas, como em 2019 e 2022? Joe responde:
Quanto ao Aerosmith, eles descartaram qualquer ideia de retomar uma grande turnê após a lesão de Tyler, mas se uma turnê por várias cidades for muito longa e cansativa, será que outra residência, como a que fizeram em Las Vegas em 2019 e 2022, não estaria nos planos?
“Nunca direi nunca, mas eu não apostaria nisso — sem trocadilhos [com Las Vegas]. Você realmente precisa querer estar lá, e todos nós estamos naquele ponto de: ‘Como você quer viver? Como você quer passar o próximo mês, ano, seja lá o que você tiver restando?’.”
Steven Tyler no palco
A aposentadoria do Aerosmith parece definitiva, mas enquanto isso, Steven Tyler parece estar se recuperando bem dos problemas de saúde. No início do ano, o cantor apareceu na festa beneficente Jam for Janie, organizada pelo próprio no período do Grammy. Lá ele se apresentou ao lado do guitarrista Nuno Bettencourt (Extreme) e do baterista Matt Sorum (The Cult, Guns N’ Roses, Velvet Revolver, Hollywood Vampires), entre outros amigos e convidados.
Steven participou desta e de mais uma ação beneficente, mas nada se comparou ao que ocorreu no palco do Back to the Beginning, no início de julho. Junto com uma verdadeira seleção de músicos que se revezaram, o frontman cantou três músicas com perfeição assustadora: a clássica “The Train Kept-a-Rollin’”, de Tiny Bradshaw (que também teve versão do Aerosmith), “Walk This Way”, hit de sua banda, e “Whole Lotta Love”, do Led Zeppelin.
Não dá mesmo
Apesar da performance irretocável, Steven Tyler realmente está prejudicado pelo acidente que encerrou as atividades do Aerosmith antes da hora. Matt Sorum, amigo próximo do vocalista, comentou a situação em entrevista para a rádio WBAB (via Blabbermouth) logo após o Jam for Janie, em fevereiro deste ano:
“Alguns fãs disseram: ‘ah, então ele está conseguindo cantar’. Bom, deixa eu explicar o que está acontecendo com Steven Tyler, porque ele é um grande amigo. E nós falamos ao telefone 10 vezes por dia e ele confia em mim. Ele cantou naquele dia e foi um grande momento para ele, porque ele se machucou gravemente. Agora, ele vai voltar a fazer turnê? Não, não vai. Steven não pode se submeter ao desgaste físico de fazer uma turnê mundial completa porque há muita pressão. E se você não é cantor, não entenderia o que ele passa, mas ele tem 77 anos e é um perfeccionista.”
A personalidade perfeccionista do cantor também não o deixaria entregar uma apresentação aquém do esperado. De acordo com Sorum, Tyler é contra o uso de playback e de mudanças de tom e, por isso, se não conseguir mostrar um resultado perfeito, prefere não arriscar.
O baterista explicou:
“Se ele não cantar do jeito certo, fica incomodado. E ele não vai usar playback, como 80% dos artistas por aí que estão pegando seu dinheiro, nem mudar o tom das músicas. Ele diz: ‘sou um artista, sou um cantor, essa é minha banda e faço isso há 50 anos – e se não posso fazer perfeito, então não faço’. E eu respeito isso. Falei com ele sobre isso várias vezes. Eu disse: ‘então, cante só quatro ou cinco músicas no máximo’ e ele cantou só uma vez [desde então]. Talvez, no futuro, ele faça de novo e cante a mesma quantidade de músicas.”
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