Steve Vai começou a tocar guitarra ainda na pré-adolescência. Aos 12 anos de idade, passou a ter aulas com Joe Satriani e, alguns anos mais tarde, ingressou na faculdade de música Berklee College of Music. Foi então que deu início à carreira de sucesso, ao integrar a banda de Frank Zappa.
Porém, antes de virar um instrumentista virtuoso, o artista precisou de longos e exaustivos períodos de práticas. O assunto surgiu durante participação no podcast The Magnificent Others, apresentado por Billy Corgan, líder do Smashing Pumpkins.
Segundo Vai, “praticar sem parar” pode não funcionar para todos os músicos iniciantes, mas dava certo no seu caso, que, na tentativa de melhorar no instrumento, chegava a tocar nove horas por dia. Conforme transcrição da Guitar, o músico explicou:
“Praticar sem parar não é para todo mundo. É só para quem sente vontade de fazer isso. Você pode até tentar forçar, mas se não parecer natural para você, não vai dar certo. Naquela época, eu ficava feliz se conseguia fazer nove horas por dia. Eu era muito neurótico, muito obcecado.”
À época, Vai não encarava o esforço como disciplina, mas sim como paixão, que, ao seu ver, “é um motor muito mais poderoso para a criação”. Estabelecendo uma comparação entre ambos os sentimentos, o guitarrista disse:
“O curioso é que não parecia que eu tinha disciplina para mim. As pessoas dizem: ‘você deve ter sido muito disciplinado’. Às vezes eu até ia dormir cedo numa sexta-feira só para acordar e praticar direto até segunda. Mas eu não sou uma pessoa muito disciplinada nesse sentido. Era paixão. Paixão é um motor muito mais poderoso para a criação do que a disciplina. Disciplina implica que você precisa se forçar a fazer algo que na verdade não quer. Já a paixão diz: ‘você vai fazer isso porque quer fazer.’ Haverá desafios no caminho, mas nunca existe o pensamento de desistir. Porque está no seu coração.”
A rotina de 30 horas em três dias
Steve manteve uma rotina intensa de prática por muitos anos. Durante o período, seguia diferentes treinos, entre eles um de 30 horas, pensado para ser concluído em três dias e que, mais tarde, acabou compartilhando com o público. Ao canal Sweetwater em 2021, como publicado pela Ultimate Guitar, o músico mencionou o tema:
“Provavelmente dos meus 13 anos até a época em que entrei na faculdade, eu praticava incessantemente. Eu era muito disciplinado. Fazia a minha aula e a praticava religiosamente, o que envolvia exercícios, esses tipos de exercícios simples […]. Eu criava listas e acabei escrevendo um livro chamado ‘The Steve Vai 30-Hour Workout’, que basicamente descreve o que eu costumava fazer quando era garoto. Havia um treino de nove horas que era a minha base e que eu tentava cumprir todos os dias e também o de 30 horas, claro, que não devia ser feito de uma vez só.”
Cuidado
Isso não quer dizer que o guitarrista acredite ser necessário seguir o método à risca. Pelo contrário: à Guitar World, Vai, ao detalhar as nove horas que passava estudando, deixou claro que é preciso tomar cuidado e entender as próprias necessidades:
“Suas rotinas de prática precisam estar baseadas nos seus objetivos. Quando eu era jovem, minha rotina normal de estudos era de nove horas por dia. Eu começava às 15h, quando chegava da escola, e ia até a meia-noite. O motivo de ser nove horas é que eu dividia em três blocos de três horas, com coisas específicas que queria alcançar em cada um. Não é necessário praticar tanto, a menos que você queira ser como um atleta olímpico. E, mesmo assim, é preciso ter cuidado. Algumas pessoas são ‘naturais’ e realmente não precisam praticar tanto. […] As pessoas precisam decidir quanto tempo querem investir, de acordo com o que for confortável para elas.”
Sobre Steve Vai
Além da carreira solo, Steve Vai se destacou ao ser revelado por Frank Zappa, no início dos anos 1980. A seguir, substituiu Yngwie Malmsteen no Alcatrazz. A consagração definitiva veio ao assumir a guitarra na banda solo de David Lee Roth logo após o vocalista deixar o Van Halen. Posteriormente, ainda integraria de forma breve o Whitesnake.
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