No início de 2019, Robert Plant formou o grupo Saving Grace junto à cantora Suzi Dian. Com a banda, mais voltada ao folk e ao blues, o vocalista tem apresentado shows intimistas, nos quais revisita obras de nomes como Neil Young, Sarah Siskind, Low e até do Led Zeppelin — sem, no entanto, incluir os grandes sucessos no repertório.
A experiência é bem diferente da vivida pelo cantor no passado com o mencionado grupo. Durante uma recente entrevista à Mojo, o artista destacou que deseja, justamente, se afastar de realidades como a de Axl Rose, vocalista do Guns N’ Roses.
Por ter tocado para grandes públicos e experienciado de perto o sucesso mundial, Plant teve o impulso de seguir uma direção contrária e formar um projeto que “fugisse” do rock das massas. Levando em consideração a carreira do saudoso ídolo Bert Jansch, nome importante do folk, ele explicou:
“Como já toquei em momentos que vão desde um Live Aid bastante questionável até a O2 Arena, passando por estar com o presidente (Barack) Obama na Casa Branca e todas essas experiências, eu me senti quase santificado. Senti o impulso de fazer isso [formar o Saving Grace]. O Saving Grace precisava apenas avançar rumo à glória, como diria Mavis [Staples]. Agora, temos que ter muito cuidado para garantir que o projeto siga uma direção mais Bert Jansch do que Axl Rose.”
Segundo Plant, as apresentações do Saving Grace são muito menores quando comparadas às que costumava fazer, mas ele não vê problema. Pelo contrário: acredita que, assim, ele e os colegas possuem muito mais liberdade artística:
“As apresentações são pequenas o suficiente para que, se ninguém quiser ir, não será o fim do mundo. Assim, tocamos com aquela atitude descontraída, relaxada — ou como se queira chamar, até suicida. Em vez de tocar em um estádio de futebol com alguns velhos amigos, estávamos lá: livres para fazer o que bem entendêssemos.”
Convite recusado para o Back to the Beginning
Até mesmo por isso, ele recusou o convite para performar na despedida do Black Sabbath e de Ozzy Osbourne. Chamado diretamente pelo guitarrista Tony Iommi, o cantor disse ter dispensado a proposta por sentir-se deslocado em relação às atrações do lineup — que incluíam o Guns N’ Roses.
“Eu disse: ‘Tony, eu adoraria ir, mas não consigo’. Apenas não consigo. Não estou dizendo que prefiro sair com Peter Gabriel ou Youssou N’Dour, mas eu não sei nada sobre o que está acontecendo nesse mundo agora, nada mesmo. Eu não o critico, não tenho nada contra ele. É só que eu achei esses outros lugares que são tão ricos.”
Numa outra entrevista à Mojo concedida em 2021, Plant também mostrou-se contra a ideia de permanecer numa mesma banda por muitas décadas — o que é o caso de Rose. Sem citar nomes à época, descreveu a situação da seguinte maneira:
“A maioria dos músicos forma uma banda e continua nela até o fim — por 20, 30, 50 anos, tanto faz — e, com o tempo, tudo começa a parecer desgastado e triste. É como se as pessoas se agarrassem a um bote salva-vidas ou ficassem em um lugar seguro por comodidade.”
Robert Plant e Saving Grace
Desde que iniciou as atividades, o Saving Grace ainda não havia lançado nenhum material de estúdio, mas, recentemente, anunciou seu disco de estreia. Homônimo, o álbum chega a público no dia 26 de setembro pela Nonesuch Records.
Segundo comunicado, as gravações aconteceram entre abril de 2019 e janeiro de 2025. Com 10 músicas, o tracklist incluirá releituras de nomes como Memphis Minnie, Bob Mosley (Moby Grape), Blind Willie Johnson, The Low Anthem, Martha Scanlan e Sarah Siskind.
Além de Plant e Dian, o Saving Grace é formado por Oli Jefferson (bateria), Tony Kelsey (guitarra), Matt Worley (banjo) e Barney Morse-Brown (violoncelo). Divulgando o vindouro disco, a banda realizará uma nova série de shows até novembro, que incluirá as primeiras apresentações nos Estados Unidos.
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Robert Plant tá parecendo aqueles tiozões que aprontam coisas que até deus duvida na juventude, e quando ficam velhos e acabados se convertem “ao evangelho” e arrotam virtude até o fim da vida. Acho ridículo que grandes artistas sobrevivam fazendo covers deles mesmo, tipo um Roger Waters, mas o Plant cospe justamente naquilo que fez ele não ser um funcionário dos correios ou dono de loja de capinha de celular: O Led Zeppelin e seu legado. Chato e ingrato pra cacete.