Dentre tantos discos admirados por Lars Ulrich, um álbum ao vivo em específico é um grande destaque em sua lista de favoritos. Para o baterista do Metallica, tal trabalho não só é “sensacional” e “enérgico”, como também mostra um lado interessante a respeito da banda que o criou.
O projeto em questão é “Made in Japan” (1972), do Deep Purple. Celebrando o relançamento do material em comemoração às cinco décadas de existência, o músico gravou um vídeo especial para o grupo, no qual explicou por que o considera o melhor disco ao vivo de hard rock da história. A transcrição é da Ultimate Classic Rock.
Primeiramente, Lars revelou que já ouviu “Made in Japan” incontáveis vezes e que, a cada novo play, parece ficar ainda melhor. Empolgando, o artista disse:
“Há 53 anos, o Deep Purple estava no Japão pela primeira vez e gravou três shows: dois em Osaka e um em Tóquio. Essas apresentações viraram o álbum ‘Made In Japan’ que, na minha humilde opinião, é de longe o melhor álbum de hard rock ao vivo de todos os tempos. Eu já o ouvi umas 18 mil vezes, e cada vez que escuto, ele fica melhor e melhor, é inacreditavelmente sensacional. É tão vivo, tão enérgico.”
Então, destacou a característica mais marcante das faixas: a diferença entre as gravações de cada um dos três shows contidos no “Made in Japan”.
“O mais louco de ouvir esse álbum é que, quando você escuta as gravações dos três shows, percebe que as versões de cada música são todas absolutamente insanas e diferentes entre si. Numa noite ‘Child in Time’ tem uma certa duração, que mudou para as outras performances, porque o tamanho do solo muda. […] Só confiram esse disco. Talvez você já tenha ouvido 9 mil vezes. Talvez nunca tenha ouvido. Onde quer que você se encaixe, apenas ouça, porque, em termos de hard rock ao vivo, isso é o máximo.”
Os elogios não ficaram restritos somente a esta homenagem. À Classic Rock em 2022, Lars escolheu “Made in Japan” como um dos cinco melhores discos de todos os tempos. Já à Rolling Stone em 2017, o baterista elegeu o projeto como um de seus 15 álbuns de hard rock e metal preferidos e justificou:
“O Deep Purple, obviamente, tinha uma série de músicas insanas. Mas provavelmente não existe outra banda no rock em que a diferença entre as versões de estúdio e as versões ao vivo seja tão radical. ‘Made in Japan’ foi o primeiro disco do Deep Purple que eu tive e foi assim que conheci todas as músicas […]. Tudo se encaixava no Deep Purple quando os cinco estavam no palco. Quando você assiste às filmagens, dá para ver que todos estavam interagindo uns com os outros. Havia coesão e funcionava, mas cada versão ao vivo era diferente. Cada show era diferente […]. Tem um álbum ao vivo que saiu há uns 10, 15 anos chamado ‘Deep Purple Live in Japan’, que traz os três shows completos. Se você ouvir as três apresentações de ‘Highway Star’, ‘Child in Time’, ‘Space Truckin’’, ‘Lazy’ e ‘Strange Kind of Woman’, vai perceber a diferença nos solos de guitarra, na bateria e nos vocais, é inacreditável.”
Inclusive, a capacidade de improvisar do Deep Purple é frequentemente exaltada pelo integrante do Metallica. Ulrich exemplificou a questão justamente com as gravações de “Made in Japan” tanto para um vídeo no canal da banda em 2014, quanto à BBC em 2023, onde destacou:
“A maioria das bandas em 2023, incluindo a gente, não varia muito o jeito de tocar as músicas de uma noite para a outra. Mas se você pegar uma música como ‘Child in Time’ e ouvir a gravação de ‘Made in Japan’ e depois ouvir as versões alternativas da noite anterior e da noite seguinte, é inacreditável o quanto elas são diferentes. Numa noite a música dura oito minutos, na outra dura 11, e tudo é improvisado. Eles simplesmente vão para o palco e veem aonde isso os leva.”
A opinião semelhante de Bruce Dickinson
Bruce Dickinson compartilha uma opinião semelhante. Para a mesma iniciativa, o vocalista do Iron Maiden descreveu o “Made in Japan” como não só responsável por mudar a sua vida, mas também o “melhor álbum ao vivo já feito”.
Conforme transcrição do Rock and Roll Garage, explicou:
“Esse disco mudou minha vida, me deixou completamente impressionado. Eu queria ser igual a todo mundo daquela banda, todo mundo. Eu estourava as caixas de som do aparelho de som dos meus pais ouvindo esse disco e conhecia cada nota. Eu literalmente pulava nos sofás com uma guitarra vagabunda, tentando ser o Ritchie Blackmore e fazendo o que eu imaginava que ele fazia no palco. Acho que é o melhor álbum ao vivo já feito, o maior álbum de rock ao vivo de todos os tempos e continua sendo.”
Deep Purple e “Made in Japan”
Lançado em dezembro de 1972, “Made in Japan” foi o segundo disco ao vivo do Deep Purple. Gravado durante três apresentações no Japão, em agosto do mesmo ano, o álbum seria lançado apenas no país. No entanto, acabou ganhando distribuição internacional e se consagrou como um dos maiores álbuns ao vivo da história.
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