Marek “Ashok” Smerda sequer irá completar a turnê latino-americana do Cradle of Filth, conforme previsto. O guitarrista, que havia anunciado sua saída do grupo após a conclusão da agenda no fim de setembro, foi demitido na noite desta terça-feira (26) após ter feito acusações ao empresariamento e ao vocalista Dani Filth.
Em nota, Dani afirmou que a tour continuará com apenas um guitarrista, Donny Burbage. A esposa de Ashok, a tecladista e cantora Zoë Marie Federoff, já havia deixado o grupo no último domingo (24), após a realização de um show em São Paulo.
Após Brasil e Argentina, o Cradle of Filth ainda passará por Uruguai, Chile, Peru, Colômbia, Panamá, Costa Rica, El Salvador, Guatemala e México — país onde tem 13 shows marcados. São mais de 20 datas no total pelo continente. Em novembro, a banda embarca para a Europa, onde fica até o início do mês seguinte.
Leia o comunicado de Dani:
“É com pesar que o Cradle of Filth anuncia oficialmente a demissão do guitarrista Marek ‘Ashok’ Smerda da banda, com efeito imediato.
Apesar de todas as tentativas de difamar e inviabilizar ilegalmente a banda, o Cradle of Filth NÃO cancelará nenhum de nossos shows na América do Sul, embora os fãs tenham que suportar o fato de sermos uma banda com apenas um guitarrista [Donny Burbage] ao vivo – isso, é claro, até que o substituto temporário de Ashok chegue para se juntar à turnê em alguns dias.
Agradecemos a compreensão de todos neste terrível caso. Estamos todos em estado de choque com os procedimentos e compartilharemos nossa versão desses infelizes eventos no devido tempo. Por favor, respeitem nossa decisão de nos separar de Ashok agora, e não no final da turnê, e evitem especulações, pois mais esclarecimentos sobre a situação serão fornecidos.
O restante da banda está tranquilo, ainda que surpreso, e as acusações contra o empresariamento, que trabalha muito próximo a mim e à banda, são completamente injustas e infundadas. Paciência é uma virtude e a verdade sempre virá à tona.
Obrigado mais uma vez, companheiros Filthlings, e estamos ansiosos pelo resto da turnê ‘The Screaming of the Américas’ aqui no Uruguai e além. Seu amigo, Dani”
As acusações de Ashok
Ashok, que integrava o Cradle of Filth desde 2014 (Zöe entrou em 2022), publicou em seu perfil no Instagram um comunicado onde anunciava sua saída após a conclusão da turnê, com acusações à banda. Ele disse:
“Queridos fãs e amigos, peço a vocês que, por favor, respeitem minha esposa e eu nesse período de transição. Estou, de fato, deixando o Cradle of Filth no final da turnê atual, e as razões por trás disso são conclusões às quais minha esposa e eu chegamos juntos muito antes desta semana. Nós simplesmente não sentimos que o Cradle pode garantir nosso futuro e, na verdade, o atrapalha. Entre outras razões, é muito trabalho por um pagamento relativamente baixo, o stress é muito alto e não temos sentido há algum tempo que essa banda realmente prioriza/se importa com os membros. Têm sido anos de comportamento não profissional de pessoas acima de nós que levaram à nossa decisão.”
O guitarrista declara ainda que retirou suas composições do próximo álbum do Cradle of Filth, o que inclui a aguardada colaboração com Ed Sheeran – canção que desagrada o guitarrista. O músico continua:
“Eu também pedi para que todas as minhas composições sejam removidas dos futuros lançamentos, incluindo a colaboração com Ed Sheeran. Essa música parece uma palhaçada idiota para mim a esta altura, de qualquer forma – primeiro era um single para caridade para crianças, depois um single para lucrar, então sairia no próximo álbum, e agora quem sabe, e eu apenas não quero mais estar envolvido, sem desrespeito a Ed Sheeran.”
O comunicado de Ashok termina pedindo novamente para que a privacidade dele e da esposa seja respeitada, e que Federoff, principalmente, não sofra ofensas. O guitarrista, ao mesmo tempo, celebra seus últimos shows com o Cradle of Filth e comemora a oportunidade dada a Kelsey Peters, substituta de Zoë Marie para o resto da turnê:
“E vou terminar essa turnê forte! Para os fãs, para os meus amigos nessa banda e a equipe! É minha última viagem com o Cradle e tenho orgulho em dar o meu melhor. Estou triste por não dividir o palco com minha esposa nessas últimas vezes, mas respeito o porquê de sua saída e estou feliz que nossa amiga Kelsey Peters tenha recebido a oportunidade de brilhar.”
As acusações de Zoë
Em nova postagem em seu perfil do Instagram, Zoë Marie Federoff publicou um longo texto, que começa acusando o management do Cradle of Filth de tentar roubar dinheiro dos músicos contratados. Tudo isso, segundo ela, sem que o frontman Dani Filth tome providências a respeito. Zoë diz:
“Uma declaração adicional sobre a minha saída e de Ashok do Cradle of Filth e um aviso aos nossos sucessores – LEIAM O CONTRATO.
Nós planejamos essa transição para fora do Cradle of Filth meses atrás. O management é desonesto, manipulador e tenta pegar dinheiro que pertence a nós sem nenhum contrato entre nós, músicos contratados, e eles. Quando eu os chamei para falar dessa tentativa de roubo do dinheiro adiantado do (álbum) ‘The Screaming of the Valkyries’ (2025), eles me chamaram de ‘câncer’ e ‘peso morto’, e ameaçaram me demitir. O frontman não faz nada para pará-los e se esconde atrás deles enquanto eles menosprezam e roubam. Nós consideramos o frontman responsável por contratar esses empresários e nunca advogar por sua equipe, apenas por si próprio. Outros ex-membros tentam ser cuidadosos sobre isso e só culpam os empresários – os empresários trabalham para o frontman.”
Federoff então passa a criticar Dani Filth, que pagaria, segundo ela, salários baixos para os músicos contratados, além de impedi-los de trabalhar com outros artistas além do Cradle of Filth. A tecladista continua:
“Ele (Filth) pode não sujar as mãos, mas no final, ele os dirige. A atmosfera que ele cria é ameaçadora e abusiva, e constantemente nos explora por salários muito baixos e ainda demanda exclusividade para a agenda do Cradle.
Nós não estamos conseguindo cobrir nem o custo de vida, e ainda assim falam para não fazermos turnês com outras bandas para completar renda. É loucura manter as pessoas trancadas na pobreza pelo ego de uma pessoa.
Nós anexamos (no post) o contrato no qual eles tentaram prender todos os membros contratados por um aumento de 25% (o primeiro aumento em 7 anos). Nosso advogado chamou de o contrato mais psicopata que poderia ser oferecido a um músico de sessão. Nós não assinamos e tomamos a decisão de sair neste ano ao invés disso.”
A declaração é concluída de forma ainda mais dura, com Federoff afirmando que o ambiente tóxico e os problemas financeiros fizeram com que ela perdesse uma gravidez no meio da turnê. A tecladista ainda alerta seus possíveis substitutos dos problemas da banda:
“Então, nós saímos porque estávamos sendo usados e recebendo menos do que o custo de vida, o ambiente é tóxico e ameaçador, e o preço que isso estava tendo em nossas vidas e em nosso casamento ficou grande demais. O impacto em nossa saúde me levou a ter um aborto de nossa primeira gravidez em turnê. Escolhemos sair para nos salvar e criar um futuro melhor para nossa família. Agora que estamos fora, o sol está brilhando, nossa família tem esperança, e esperamos que todos os músicos de sessão que pensarem em se juntar ao Cradle leiam esse contrato e falem com um advogado.
Boa sorte a quem quer que tente fazer isso funcionar depois. E lembre-se, todos nós conhecemos o cara que diz que ‘todas’ as suas ex são loucas – tem certeza que TODAS elas são? Ou o problema pode ser você, mais de 40 pessoas depois?
Adeus aos fãs e nossos colegas músicos contratados e à equipe. Eles são as únicas partes disso que permanecem como boas memórias.”
O contrato anexado na sequência por Zoë Marie Federoff traz valores na casa das 200 libras esterlinas por dia de trabalho com a banda – seja em estúdio, apresentações, ensaios e qualquer outra atividade com o Cradle of Filth. Os músicos receberiam também 150 libras por dia de viagem e uma “diária fixa” de 25 libras, além de um pagamento anual de mil libras por direitos de imagem.
Os problemas após o show no Brasil
Zoë Marie Federoff anunciou sua saída do Cradle of Filth no último domingo (24), logo após uma sequência de três shows no Brasil, e em dia de apresentação em Buenos Aires, Argentina. A tecladista não deu maiores explicações inicialmente, o que levou a rumores de que seu marido, Marek “Ashok” Smerda, fosse um dos motivos para a decisão. A artista voltou às redes então, para “inocentar” o guitarrista e desejar sorte a sua substituta, que assumiu no mesmo dia de seu anúncio:
“Esclarecendo alguns pontos, já que tantas pessoas decidiram especular [minha saída] da pior maneira possível. Ashok não está me traindo. Embora a turbulência de estar na banda tenha nos afetado, continuamos absolutamente certos de que nos amamos. Por favor, sejam gentis com meu marido. Ele é um bom homem. Já estávamos planejando deixar a banda ainda este ano. Certos acontecimentos apenas aceleraram isso para mim. [… ] Por favor, aproveitem os shows restantes desta turnê e deem muito amor a Kelsey, que é uma das maiores cantoras que já tive o privilégio de ouvir. Vocês vão amá-la.”
Zoë e Marek se casaram em janeiro deste ano, em Tucson, Arizona, nos Estados Unidos. Após o noivado tornar-se público no início de 2024, a tecladista rebateu os rumores e explicou que o relacionamento com o colega começou apenas depois que entrou para o Cradle of Filth. Ou seja, a sua contratação em 2022 não teve a ver com o marido, membro desde 2014.
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