“The Wall” (1979), do Pink Floyd, não seria o que é sem a presença do lendário Bob Ezrin, personagem crucial na direção que a banda tomou no álbum. No entanto, o produtor acabou tendo uma briga enorme com Roger Waters ao ser enganado por um amigo jornalista e revelar detalhes à época confidenciais.
Em entrevista à CBC, Ezrin admitiu a culpa pela ira do baixista e vocalista. A discussão envolveu o show de “The Wall”, o mais grandioso produzido pela banda até então. O espetáculo complementava o conceito do álbum conceitual, com as projeções das alucinações do protagonista e a famosa parede erguida ao longo da apresentação, entre músicos e público.
Inicialmente, o produtor confessou:
“Nós tivemos um famoso desentendimento, Roger e eu, no fim do projeto, que foi inteiramente minha culpa. Havia um jornalista aqui no Canadá, ele não está mais conosco, e ele era meu amigo.”
O amigo jornalista, que trabalhava para a Billboard, conseguiu extrair informações cruciais sobre a turnê. Eram segredos que o Floyd vinha mantendo guardados a sete chaves. Bob explicou como o problema ocorreu:
“Ele estava andando comigo em Toronto e meio que escrevendo sobre alguns dos meus projetos e outras coisas. E então, quando chegou a hora de falar de ‘The Wall’, ele disse: ‘eu quero vir para o show, quando eles vão tocar?’. Você sabe: ‘vai ser em LA, na Sports Arena’ e assim por diante. E algumas semanas antes, ele me ligou na minha casa alugada em Kings Road, Los Angeles, e disse: ‘eles não estão me deixando ir, a revista não vai me mandar, estou morrendo (de decepção), o que eu vou perder?’
Eu tinha assinado um contrato e eu disse: ‘não posso te dizer’. E ele disse: ‘vamos lá, sou eu, é só entre nós, o que eu vou perder?’ Então, enquanto eu fazia o jantar, contei a ele um pouco sobre o show. A próxima edição da Billboard saiu e dizia: ‘durante o jantar com Bob Ezrin, nós descobrimos…’ e falava algumas coisas sobre o show.”
A ira de Roger Waters
O acontecimento despertou a ira de Roger Waters, a principal mente por trás do conceito de “The Wall”. Ezrin admite que foi inocente ao lidar com o jornalista:
“Roger ficou absolutamente furioso, indignado. Ele tinha todo o direito de estar assim. Eu era inocente na época. Não percebi que as pessoas iriam até esse ponto para conseguir um furo sobre um disco do Pink Floyd. Para mim, era só a gente trabalhando. Me ensinou uma lição incrível.”
A turnê de “The Wall”
Entre 1980 e 1981, o Pink Floyd realizou uma turnê de 31 shows divulgando “The Wall”. Apenas Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha receberam os shows, que tinham uma quantidade de equipamentos e cenário que tornavam a logística complicada, obrigando a banda a realizar muitas apresentações seguidas no mesmo local.
Foi a última turnê do Pink Floyd com Roger Waters, que era parte importante do espetáculo, com mudanças de roupa e efeitos. Além das projeções e da parede, que ia sendo construída ao longo da apresentação, o show trazia também marionetes gigantes representando as pessoas ao redor do protagonista, entre outros momentos marcantes.
Entre 2010 e 2013, Waters recriou a apresentação nos moldes da original, com algumas adições e inovações tecnológicas. Dessa vez, a turnê percorreu vários países na América do Norte, América do Sul, Europa e Oceania. No Brasil, foram quatro shows entre o final de março e o início de abril de 2012, com datas em Porto Alegre (25/03, Beira-Rio), (29/03) Rio de Janeiro (Engenhão) e duas noites em São Paulo (01/04 e 03/04, Morumbi).
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