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A época em que Paul Stanley sentiu-se traído por Gene Simmons

"Senti muita mágoa e ressentimento. Foi realmente difícil", confessou o Starchild a respeito do período

Na década de 1980, Gene Simmons quis aventurar-se no campo da atuação. À época, o vocalista e baixista do Kiss colocou todo seu foco nas telonas, participando de filmes como “Runaway – Fora de Controle” (1984) e “Exterminador Implacável” (1987).

Apaixonado por cinema, o músico estava realizado por estrear no cinema. Por outro lado, Paul Stanley, seu colega de banda, sentia-se traído com o comportamento profissional do Demon.

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Em entrevista ao podcast The Magnificent Others, apresentado por Billy Corgan (Smashing Pumpkins), o Starchild contou que o problema começou na criação do disco “Animalize” (1984). Com a constante ausência de Simmons no estúdio, era o vocalista e guitarrista quem tinha que tomar as rédeas e decidir qual caminho seguir. 

Sendo assim, carregava o peso da liderança do Kiss sozinho. Como transcrito pela Ultimate Classic Rock, o integrante afirmou:

“Me senti traído. Isso não é uma surpresa. Senti que ele estava me deixando sozinho para que eu continuasse o trabalho duro, mas continuava recebendo por isso, tentando ter o melhor dos dois mundos. […] Senti muita mágoa e ressentimento. Naquela época, eu não diria que estava magoado. Diria que estava com raiva. Mas na verdade eu estava sim magoado. Gene é meu irmão. Está comigo desde que eu tinha 17 anos. Então, isso foi realmente difícil.”

A situação persistiu até o disco “Crazy Nights” (1987). Na autobiografia “Uma Vida Sem Máscaras” (2015), Stanley afirmou que o linguarudo praticamente não colaborou com o material, distante ao longo de todo o processo — atitude que equiparou à “traição” do guitarrista Ace Frehley e baterista Peter Criss, com quem vivenciou uma série de conflitos:  

“Gene cambaleava pelo estúdio após passar a noite em claro. Mais uma vez, estava ocupado demais fazendo filmes ou trabalhando com outras bandas. […] As poucas canções que Gene trouxe pareciam ter sido compostas por outras pessoas, com Gene assinando junto depois de tudo pronto. Nem preciso dizer que, mais uma vez, o material não era nada impressionante. Sua falta de envolvimento havia se tomado piada no estúdio, mas já tinha perdido a graça. À sua própria maneira, ele havia me traído tanto quanto Ace e Peter. Estava ganhando fama às minhas custas. Se queria uma parcela igual da grana, deveria fazer parte do trabalho de manter a banda funcionando.”

Paul Stanley confrontou Gene Simmons

Cansado do cenário, o Starchild resolveu tirar a história a limpo com o parceiro de grupo. Apesar da conversa complicada, no fim das contas, Simmons entendeu o lado do amigo:

“Certa tarde na frente do estúdio, pedi que Gene entrasse em meu carro. Respirei fundo. Fossem quais fossem as consequências do que estava prestes a dizer, eu sabia que aquilo precisava ser feito. Eu não podia continuar daquele jeito, sentindo-me em uma panela de pressão e lidando com tudo relacionado ao Kiss sozinho, tendo ainda a obrigação de tratar um desertor como parceiro. […] Aquele foi o início de uma conversa de peito aberto que começou no carro e continuou ao telefone por muitos dias. […] Eu não sabia bem o que esperar, mas aparentemente a conversa teve efeito sobre Gene, pois alguns dias mais tarde ele me deu um catálogo da Jaguar e disse para eu escolher um. Ele queria me comprar um carro como reconhecimento por tudo o que eu havia feito para manter a banda funcionando.”

A versão de Gene Simmons

Gene Simmons também abordou o período em seu livro “Por Trás da Maquiagem” (2001). Na obra, o artista confessou que deixou Paul Stanley terminar “Animalize” sozinho para que procurasse oportunidades de atuar e entrar no mercado cinematográfico.

Com sua participação em longas-metragens cada vez mais comum, o Starchild e a gravadora começaram a ficar “irritados”. E ele diz compreender o motivo, afirmando que “não era justo” com o companheiro de banda: 

“Paul e eu decidimos produzir ‘Animalize’ por conta própria. Após gravar meus vocais, disse a Paul que eu confiava nele para terminar o disco sozinho. Ele não gostou muito, mas eu precisava aproveitar uma oportunidade de aparecer em um filme, então Paul acabou fazendo o restante do trabalho. Eu queria ser ator há muito tempo. Foi um dos meus primeiros interesses, quando os filmes de fantasia e ficção científica me interessavam mais que a música […]. Na época, ‘Runaway’ foi lançado e as críticas foram majoritariamente positivas. Imediatamente, recebi outra proposta para aparecer no filme ‘Exterminador Implacável’ […]. Gostei de trabalhar na produção, mas minha carreira cinematográfica estava começando a irritar Paul e a gravadora. Eles ficavam pensando se eu preferia continuar na banda ou tentar uma carreira atuando. A resposta era que eu queria tudo. Mas isso não era justo com Paul, que dedicava todo o seu tempo ao Kiss.”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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