Ozzy Osbourne sentiu profundamente a perda de Randy Rhoads. No dia 19 de março de 1982, o guitarrista morreu em um acidente aéreo em meio à turnê de divulgação do “Diary of a Madman” (1981). Apesar do impacto causado pela tragédia, o Príncipe das Trevas não parou os compromissos profissionais.
Menos de uma semana depois, o Madman viajou para Nova York, nos Estados Unidos, onde participou do programa Late Night with David Letterman e destacou que iria continuar a carreira “porque Randy gostaria que eu continuasse e você não pode matar o rock ‘n’ roll”. Então, no dia 1º de abril, retornou à estrada em Bethlehem, na Pensilvânia, com Bernie Tormé na guitarra.
Segundo Rudy Sarzo, era claro por que Ozzy optou por continuar com o giro mesmo diante do momento difícil. Durante entrevista ao programa The David Ellefson Show, o baixista supôs que o vocalista, com quem tocou entre 1981 e 1982, “entraria em um buraco” e “morreria” caso ficasse longe dos palcos.
Conforme transcrição da Ultimate Guitar, o músico explicou:
“Estávamos fazendo testes com guitarristas, porque a estratégia era a seguinte: manter o Ozzy ocupado e não cancelar a turnê. Se a turnê fosse cancelada, o Ozzy voltaria pra casa e aí ele morreria. Entraria em um buraco. Então, tínhamos que voltar pra estrada. E a ideia era retomar tudo ali, dez dias depois da morte do Randy.”
Isso não significa que a decisão não tenha gerado consequências. À Rolling Stone, em 2018, Tormé relembrou que Osbourne “chorava bastante” nos bastidores das performances, por mais que não deixasse a situação afetá-lo enquanto estava cantando:
“Para o Ozzy, [Randy] era a peça-chave e também um amigo. Então, quando Randy morreu, imagino que foi algo muito difícil para o Ozzy lidar. Seria para qualquer um. Ele não estava bem. Chorava bastante e enfrentava problemas de saúde, especialmente com a voz. Muitos shows precisaram ser cancelados. Às vezes, ao sair do palco, Ozzy estava chorando. Deve ter sido muito duro. Mas ele se manteve firme e entregava tudo no palco. Isso nunca transparecia.”
Ozzy Osbourne não superou morte do guitarrista
No mesmo bate-papo, o Madman confessou que não superou a morte do amigo. E pontuou que somente deu prosseguimento à agenda de apresentações porque foi convencido pela companheira Sharon Osbourne à época:
“Até hoje, é como se eu ainda estivesse naquele campo, olhando para os destroços daquela porr@ de avião e uma casa em chamas. Você nunca supera algo assim. Você fica em choque. Eu disse para a Sharon: ‘não consigo mais fazer isso’. E ela respondeu: ‘você não pode desistir agora, p#rr@’. Foi uma situação difícil.”
Na autobiografia “Eu sou Ozzy” (2010), o cantor relatou que, se não fosse pela insistência da empresária, “nunca mais teria subido num palco”. Porém, também reconheceu que “estar na estrada era melhor do que ficar em casa”, ainda que todos os membros enfrentassem um “estado de choque”, não só pela morte de Randy, mas também da assistente de figurino Rachel Youngblood:
“Eu não tinha tanta certeza assim de que o rock ‘n’ roll não podia morrer. ‘Não era pra ser’, eu vivia dizendo à Sharon, ‘vamos encerrar por aqui.’ Mas ela não aceitava aquilo de jeito nenhum e me dizia: ‘não, a gente não vai parar, você nasceu para fazer isso, Ozzy, nada vai nos parar’. Se a Sharon não tivesse feito esse discurso algumas vezes, eu nunca mais teria subido num palco. Sinceramente, nem sei como conseguimos fazer aqueles shows depois da morte do Randy. Estávamos todos em estado de choque. Mas acho que estar na estrada era melhor do que ficar em casa, pensando nas duas pessoas incríveis que havíamos perdido e em como nunca mais as teríamos de volta.”
Sobre Randy Rhoads
Randall William Rhoads começou a tocar guitarra clássica aos 7 anos, na escola de música da mãe, Delores. Sua primeira banda foi a Violet Fox, que tocava covers. Seu irmão, Kelle, era o baterista.
Junto do baixista Kelly Garni, formou o Little Women. O grupo mudaria o nome para Quiet Riot e lançaria dois discos com Randy na guitarra. Inicialmente, eles saíram apenas no Japão.
A seguir, foi convidado a se juntar à banda de Ozzy Osbourne. Gravou os dois primeiros discos solo do Madman e se destacou como guitarrista revelação. Seu trabalho influenciou todas as gerações seguintes. Morreu no dia 19 de março de 1982, em um desastre aéreo.
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