Kristina Sarhadi, terapeuta e coach, acusou formalmente Justin Sane, ex-vocalista e guitarrista do Anti-Flag — cujo nome de batismo é Justin Cathal Geever —, de estupro em novembro de 2023. Segundo relato da profissional, o cantor, também denunciado por outras mulheres, a agrediu sexualmente durante um episódio em 2010, em Nova York, nos Estados Unidos.
Após meses de processo, na terça-feira passada (22), a Justiça decidiu que o artista deverá pagar um valor milionário para a alegada vítima. As informações são da Rolling Stone.
Conforme a revista, Justin precisará desembolsar US$ 1,92 milhões de indenização, aproximadamente R$ 10,7 milhões na cotação atual. Do valor, US$ 750 mil referem-se exclusivamente aos chamados “danos punitivos”, que têm como objetivo punir o envolvido por uma conduta grave e desencorajar outras pessoas de cometerem atos semelhantes.
O vocalista e guitarrista nunca respondeu ao processo, apesar das inúmeras tentativas de intimação. Uma matéria do jornal Pittsburgh City Paper, publicada em março do ano passado, afirma que o músico transferiu os seus bens e fugiu dos Estados Unidos em meio ao escândalo.
John McAllister, advogado de Sarhadi, tentou entrar em contato com a defesa de Justin na tentativa de chegar a um acordo. Porém, disse que “a comunicação foi interrompida”.
Depois da decisão, Sarhadi escreveu uma nota para a Rolling Stone, na qual descreveu o momento como um “farol de esperança”. Diz um trecho:
“A decisão cuidadosa da juíza Sannes no meu caso parece um farol de esperança em um momento em que existe um poder sem controles e a misoginia está tão forte. Embora toda sobrevivente de abuso saiba que não existe compensação adequada pelos danos que sofremos, sou extremamente grata pela oportunidade de ser ouvida e pela validação de ser acreditada. O silêncio, a ausência e a covardia de Geever apenas comprovam o que eu já sabia em segredo há 15 anos: não existem heróis. Nem todos que têm um palco merecem estar sob os holofotes. E há apoiadores e aliados ao nosso redor, se tivermos coragem de usar nossa voz […]. Mas tenho orgulho quem usou esse momento para deixar claro que a vergonha não pertence à vítima, e sim ao agressor, orgulho de mim mesma por não ter recuado, e me sinto honrada pela solidariedade das vítimas em todos os continentes.”
A acusação contra Justin Sane, do Anti-Flag
Kristina Sarhadi revelou sua experiência com Justin Sane no podcast “Enough” em julho de 2023, detalhando um encontro angustiante em outubro de 2010 com um cantor punk ativista não identificado que teria a agredido sexualmente quando ela tinha 22 anos. Mais tarde, ela confirmou de quem se tratava.
“Foi a coisa mais aterrorizante que já experimentei. Não posso enfatizar o quão violento ele era e o quanto eu acreditava plenamente que iria morrer, que ele iria me matar.”
No mesmo período, o Anti-Flag anunciou o término das atividades, num movimento que pegou os fãs de surpresa, já que o grupo estava em turnê. Uma publicação no Patreon da banda apenas pontuou:
“O Anti-Flag se separou. O Patreon foi alterado para um modo em que não irá mais cobrar uma taxa mensal. Começarei a processar reembolsos para todos os patronos nas próximas semanas. Uma vez que todos os reembolsos forem processados, a página de Patreon também será removida.”
A seguir, a revista Rolling Stone publicou uma investigação onde mais 12 mulheres acusaram Geever de comportamento predatório, agressão sexual e estupro nos Estados Unidos e na Europa, desde a década de 1990 e até 2020. Muitas se descreveram como fãs do Anti-Flag, que moldaram suas crenças sociais e políticas em torno do músico e das mensagens da banda.
O vocalista negou as acusações. Em resposta, declarou ao veículo à época:
“Eu nunca me envolvi em uma relação sexual que não fosse consensual, nem jamais fui abordado por uma mulher após um encontro sexual sendo acusado de ter agido sem o consentimento dela ou de tê-la violado de alguma forma.”
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