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O músico do Pink Floyd que sofria bullying de Roger Waters, segundo Bob Ezrin

Baixista teria reconhecido a "fraqueza" do colega e, naturalmente, "começou a ficar irritado" durante o processo de criação do álbum “The Wall” (1979)

Lançado em novembro de 1979, “The Wall” é um dos álbuns mais emblemáticos do Pink Floyd. Décimo primeiro disco de estúdio do grupo, o material conceitual ficou conhecido não só por músicas de sucesso como “Comfortably Numb” e “Another Brick in the Wall”, mas também pelos conflitos nos bastidores.

Segundo o produtor Bob Ezrin, o processo não foi só feito de “lágrimas e angústia”. Nas palavras do profissional de estúdio, “houve muita risada e brincadeiras”. Ainda assim, as tensões internas pesaram mais — especialmente por causa de Roger Waters.

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Durante entrevista à CBC News, o produtor explicou que o baixista cultivava “um sentimento muito profundo e autoritário sobre todo o projeto”, já que contava a própria história de vida nas letras. Isso fez com que assumisse uma certa postura de “superioridade”.

Quem mais sofria com a atitude era o saudoso tecladista Richard Wright que, de acordo com Ezrin, praticamente sofria bullying do colega de banda. Conforme transcrição da Ultimate Guitar, ele relembrou: 

“Havia bastante bullying de vez em quando. O Roger era muito duro com o Rick. Ele estava decepcionado com a contribuição do Rick para o disco, o que não era justo, porque o Rick é fantástico. E no momento em que Rick toca ou canta em uma música, ela automaticamente vira uma música do Pink Floyd. Ele é uma parte essencial do som, mas é um cara muito sensível e estava se sentindo um pouco afastado do processo depois da produção de ‘Animals’. Acho que ele estava inseguro e o Roger, como muitos valentões, reconhece a fraqueza na hora. Então acho que, não de forma consciente, mas naturalmente, o Roger começou a ficar irritado.”

À época, diante de tal contexto, Wright acabou demitido do seu posto de membro efetivo da banda. Em entrevista de 1999 à revista Classic Rock, Waters deu sua versão da história e alegou que o tecladista, com o passar do tempo, mudou de postura em estúdio enquanto gravavam o “The Wall”: 

“Depois de trabalharmos por algumas semanas, Rick ficava no estúdio o tempo todo, desde o momento em que começávamos pela manhã até quando terminávamos a noite. Isso não era incomum. Um dia, Bob Ezrin me perguntou por quê. E eu disse: ‘Você não entendeu? Ele acha que está produzindo o disco’. [Depois que Bob disse que ele não era o produtor], Rick nunca mais apareceu, a menos que precisássemos de uma parte do teclado. Ele ficou chateado. Ele tocava cada vez menos e geralmente não estava interessado de verdade. Se ele pensasse que havia criado uma boa parte de teclado, ele a guardaria e a colocaria em um de seus terríveis álbuns solo. Ele não queria compartilhar nada com ninguém, ele ficou muito seco.”

Logo em seguida, o baixista narrou o episódio que o levou a demitir o tecladista. Como declarou, Wright se ausentou das sessões de gravação, o que fez necessário o desligamento do membro sob ameaça de processo.

“De qualquer forma, estávamos no sul da França fazendo o disco e eu renegociei um acordo com a Sony para conseguir mais alguns pontos, mas no fim, o acordo era que eles queriam o disco no final de outubro. Todos tiramos férias em agosto, fiz um cronograma para quando nos reencontrássemos em 5 de setembro. Percebi que era impossível. Perguntei a Ezrin se ele faria o restante das partes do teclado na semana que começava em 28 de agosto. Ele disse: ‘Oh meu Deus, tudo bem’. Pedi ao Steve O’Rourke [empresário da banda] para ligar para Rick. Alguns dias depois, O’Rourke encontrou Rick na Grécia. A mensagem era: ‘Diga a Roger para se f#der!’ Então eu dei a ele um ultimato para fazer o que ele disse e terminar o registro, ficar com sua parte inteira e sair em silêncio depois, ou eu o veria no tribunal.”

Pink Floyd e “The Wall”

Um dos trabalhos conceituais mais conhecidos de todos os tempos, “The Wall” conta a história de Pink, personagem criado por Roger Waters, baseado em seus traumas, medos e lembranças, além também contar com traços da personalidade do seu antigo colega de banda, Syd Barrett.

Foi o último disco da banda como um quarteto. O tecladista Richard Wright acabou sendo demitido e recontratado como músico assalariado posteriormente. A turnê contou com a execução do tracklist na íntegra, além de uma representação dramatizada da história. Posteriormente, também viraria filme.

“The Wall” chegou ao primeiro lugar na Billboard 200 e vendeu mais de 30 milhões de cópias em todo o mundo até hoje.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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