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Kerry King usa palco do Bangers para provar que há vida além do Slayer

Guitarrista focou set em disco solo, mas botou a casa abaixo quando tocou clássicos de sua outra banda e até cover do Iron Maiden

Parecia, pela reação às primeiras músicas do show de estreia da banda solo de Kerry King no Brasil, que o público não estava curtindo tanto. Uma sequência de quatro faixas extraídas de seu único álbum pós-Slayer, “From Hell I Rise” (2024), na qual a velocidade se reduzia gradativamente e o pessoal apenas assistia respeitosamente.

Ao final de uma hora de apresentação, pode-se dizer ter sido só um reconhecimento de terreno. O vocalista Mark Osegueda, que de novato não tem nada, agradeceu aos poucos na pista comum já empolgados e abrindo rodas. Foi a deixa para as pessoas começarem a se soltar mais. Ajudou a pegada mal encarada de “Two Fists”, mais uma — seriam oito músicas, no total — do disco de estreia da nova banda do guitarrista.

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Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

Claramente, Kerry King não quer se ancorar no Slayer, encerrado em 2019 e agora reativado, e parece subir ao palco para provar a todos que sua carreira solo é, sim, uma nova banda. Ele não esconde ser a sonoridade praticamente uma continuação da antiga — manteve até o baterista Paul Bostaph —, mas com vida própria.

Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

Por isso, em vez de apenas tocar material do seu grupo mais famoso, fez sentido incluir sua homenagem aos membros falecidos do Iron Maiden, Paul Di’Anno e Clive Burr. Inspiração comum para todos no palco — e, provavelmente, no Memorial da América Latina —, sua versão nota por nota de “Killers” deu espaço para o baixista Kyle Sanders e o guitarrista Phil Demmel brilharem enquanto King se divertia.

Parte dessa vida própria veio de Osegueda. Veterano da cena metálica com o cultuado Death Angel, com quem se apresentou no Memorial da América Latina no ano passado, o vocalista comandou o palco como se a banda fosse dele. Aos poucos, foi vencendo a resistência dos que só estavam na frente do Ice Stage para ouvir a ex-banda de Kerry King.

Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

Obviamente, o guitarrista não deixaria de tocar algumas músicas do Slayer. Malandro, ele montou o repertório de forma a introduzir os obrigatórios clássicos de sua outra banda com duas das faixas de seu disco mais próximas da sonoridade de clássicos antigos. “Idle Hands” mostrou ao vivo o peso e a velocidade características para que “Disciple”, do álbum “God Hates Us All” (2001), não parecesse caída do céu, ou melhor, erguida do inferno.

Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

“Shrapnel” tem aquela maldade inerente com a qual o Slayer se tornou uma das maiores influências do metal extremo. As batidas icônicas de “Raining Blood” surgirem dos ruídos ao fim da música do disco novo pareceu algo que acontece desde sempre. Assim como “Black Magic” vir emendada ao hino do álbum “Reign in Blood” (1986).

Até a pista premium saiu do controle. Não tinha como ser diferente. Osegueda foi hábil ao manter uma identidade em sua voz sem descaracterizar as músicas do Slayer, inclusive ao reproduzir com potência os gritos agudos dos quais Tom Araya já desistira havia décadas.

Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

Para fechar a apresentação, no entanto, foi escolhida a faixa-título do disco solo, “From Hell I Rise”. Talvez o público preferisse outro clássico do Slayer, mas Kerry King quis deixar uma mensagem bem clara: sua carreira solo é uma banda com vida própria e vai andar com suas próprias pernas. O primeiro passo no Brasil foi devastador.

**Este conteúdo faz parte da cobertura Bangers Open Air 2025 — clique para conferir outras resenhas com fotos e vídeos.

Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

Repertório — Kerry King no Bangers Open Air 2025

  1. Where I Reign
  2. Rage
  3. Trophies of the Tyrant
  4. Residue
  5. Two Fists
  6. Idle Hands
  7. Disciple (música do Slayer)
  8. Killers (cover do Iron Maiden)
  9. Shrapnel
  10. Raining Blood (música do Slayer)
  11. Black Magic (música do Slayer)
  12. From Hell I Rise
Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

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Thiago Zuma
Thiago Zuma
Formado em Direito na PUC-SP e Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, Thiago Zuma, 43, abandonou a vida de profissional liberal e a faculdade de História na USP para entrar no serviço público, mas nunca largou o heavy metal desde 1991, viajando o mundo para ver suas bandas favoritas, novas ou velhas, e ocasionalmente colaborando com sites de música.

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