Em um festival com múltiplos palcos e atrações se apresentando simultaneamente, um bom termômetro para medir a relevância de um artista nacional é a quantidade de público que ele consegue mobilizar mesmo quando há uma banda internacional — teoricamente mais rara — tocando no mesmo horário. Para quem ainda duvida do protagonismo do Black Pantera no atual cenário do metal brasileiro, bastava observar a massa de pessoas reunida diante do Sun Stage ao meio-dia do último dia do Bangers Open Air 2025, no Memorial da América Latina, em São Paulo.
Sob o sol inclemente e o calor digno de uma fornalha, uma multidão se aglomerava diante do trio mineiro, formada por fãs fervorosos e curiosos de olhar desconfiado prestes a serem convertidos pela força de um show que é tão musical quanto político. Porque, por mais cristalina que seja a mensagem — não basta não ser racista, misógino ou LGBTfóbico, é preciso combater ativamente todo e qualquer preconceito —, ela ainda encontra resistência em um meio dominado por homens, brancos, cis e heterossexuais, onde bandeiras progressistas muitas vezes são tratadas com desdém.
Formado pelos irmãos Charles Gama (guitarra e vocais) e Chaene da Gama (baixo e vocais) e pelo baterista Rodrigo “Pancho” Augusto, o Black Pantera carrega na música e na postura a consciência afiada de quem não faltou à aula de história. Mais do que músicos, são militantes em pleno exercício de sua arte. A mensagem antirracista, feminista e anti-homofobia que permeia suas letras não é panfletária — é visceral, vivida, urgente. E se engana quem pensa que isso diminui a força do show. Ao contrário: potencializa.
A apresentação foi um verdadeiro tsunami de riffs e atitude, com momentos de puro enfrentamento convertidos em catarse coletiva. A pancada sonora de faixas como “Seleção Natural” e “Sem Anistia” só encontra paralelo no impacto de sua mensagem. Lá pelas tantas, a já aguardada roda de pogo só com mulheres se formou — incentivada pela banda — em um gesto simbólico de inclusão e resistência num espaço historicamente hostil à presença feminina.
Em outro momento, o público se dividiu para um wall of death — uma espécie de coreografia de confronto corporal típica dos shows de metal, semelhante aos bailes de corredor do funk carioca, mas aqui com uma regra clara: “Se o coleguinha cair, a gente levanta”, ensinou Charles, em tom didático e afetuoso. O recado foi entendido — e cumprido — com entusiasmo e respeito.
A saideira ficou por conta de “Boto pra F#der”, hino de afirmação que sintetiza bem a potência de um show que é ao mesmo tempo mosh e militância, pedal duplo e posicionamento, suor e consciência. Mas a verdade é que eles já tinham botado pra f#der desde o primeiro acorde.
Quem ainda questiona se o Black Pantera é o maior nome do metal brasileiro na atualidade provavelmente ficou preso em 2001 — e esqueceu que o mundo gira, e o metal também.
**Este conteúdo faz parte da cobertura Bangers Open Air 2025 — clique para conferir outras resenhas com fotos e vídeos.
Repertório — Black Pantera no Bangers Open Air 2025
- Candeia
- Provérbios
- Padrão é o c#ralho
- Seleção Natural
- Ratatatá
- Mosha
- Perpétuo
- Tradução
- A Horda
- Sem anistia
- Revolução é o caos
- Boto pra f#der
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Tocaram para 30 gatos pingados em Blumenau -SC… grande protagonismo…..
Tocaram para 30 gatos pingados em Blumenau-Sc. Grande protagonismo…..
Mas aí é coisa de Blumenau, pô. Lá, só banda tipo Burzum lotaria, hehe
Pelo contrario, existem muitos punks em Blumenau e não ligam a mínima para essa banda brazuka superhypada….