A reunião e eventual fim das atividades do Black Sabbath teve uma ausência importante: a de Bill Ward. O baterista original foi substituído por Brad Wilk (Rage Against the Machine, Audioslave etc) nas gravações do álbum “13” (2013) e por Tommy Clufetos, membro da banda solo de Ozzy Osbourne, nos shows subsequentes.
Todavia, depois de trocas de farpas na imprensa, o fato é que Ward assumirá as baquetas do Black Sabbath no show de despedida em julho — a primeira vez desde 2005. Em entrevista à edição 399 (maio de 2025) da revista Metal Hammer, Sharon Osbourne, esposa e empresária do Madman, revelou como está a relação atual de todos os envolvidos com o baterista.
Ela disse:
“Bill sempre foi fantástico com Ozzy. Eu sempre digo que eles têm essa conexão invisível entre os quatro. E ele estará lá, o que é incrível. Não vou te dizer besteiras e falar que somos os melhores amigos. Não somos. Somos pessoas bem diferentes. Mas eu respeito muito o Bill e estou muito feliz por ele ter aceitado vir, pela banda e pelos fãs.”
Em 2024, durante episódio do podcast “The Madhouse Chronicles” (com transcrição do Blabbermouth), Ozzy disse a Billy Morrison que se arrependia de toda a situação envolvendo Bill Ward e os anos finais do Sabbath. O Madman chegou a afirmar que estava aberto a um show de despedida — à época não anunciado — e que não considerava a história da banda oficialmente encerrada sem o amigo de longa data.
“Não consigo me lembrar por que Bill não participou. Tenho que ser sincero. Não era realmente o Black Sabbath porque Bill não estava lá. Quero dizer, se você tivesse Ginger Baker tocando com os Beatles, não seria os Beatles. Tommy Clufetos fez um grande trabalho, mas ele não é Bill Ward. Não foi o Black Sabbath que terminou a história, ficou como algo inacabado. Se eles quisessem fazer mais um show com Bill, eu aproveitaria a chance.”
As idas e vindas de Bill Ward no Black Sabbath
No fim dos anos 1960, Bill Ward era membro de uma banda chamada Mythology, onde tocava com o guitarrista Tony Iommi. Foi de uma “fusão” desse grupo com o Rare Breed – que contava com Ozzy Osbourne nos vocais e Geezer Butler no baixo – que surgiu o Earth, posteriormente rebatizado para Black Sabbath.
O baterista permaneceu até as gravações de “Heaven and Hell” (1980), a estreia de Ronnie James Dio no grupo, quando o abuso de álcool e drogas começaram a comprometer seu trabalho. Ward ainda voltou para fazer “Born Again” (1983), com Ian Gillan (Deep Purple) nos vocais, e participou das demos que o Sabbath gravou em 1984 com o vocalista Dave Donato.
Um novo retorno à banda, pós-carreira solo, aconteceu em 1994, ainda com Tony Martin como cantor. Bill voltou de novo, ainda nos anos 90, para a reunião da formação original, mas devido a problemas de saúde, precisou ser substituído algumas vezes por Mike Bordin (Faith No More, Ozzy Osbourne) e Vinny Appice (Dio), curiosamente o mesmo a ocupar sua vaga em 1980.
Na metade dos anos 2000 o Black Sabbath hibernou para que o Heaven & Hell, novo nome da formação com Dio e Appice, pudesse acontecer. Em 2011, mais uma reunião foi anunciada, com Ward presente, mas questões contratuais, justificadas pelos problemas de saúde do baterista, o deixaram de fora. O clima foi tenso, com Bill exigindo um pedido de desculpas público de Ozzy, e recebendo a seguinte resposta do Madman (via Uol):
“Que diabos você está falando? Eu não posso me desculpar por comentários ou opiniões que eu possa ter feito sobre você na imprensa durante a turnê do álbum ‘13’ – fisicamente, você sabia que você estava fodido. Tony, Geezer e eu não achamos que você poderia ter feito um show de duas horas com um solo de bateria a cada noite, por isso, tomamos a decisão de seguir em frente.
[…]
Bill, pare de levantar essa cortina de fumaça sobre um “contrato não assinado” e vamos ser honestos. Lá no fundo você sabia que não era capaz de fazer o álbum e uma turnê 16 meses. Infelizmente para você, nossos instintos estavam corretos, afinal você foi para o hospital várias vezes durante 2013. Sua última internação foi por uma cirurgia no ombro que só agora você diz que se recuperou. Isso significaria que a nossa turnê mundial teria sido cancelada. Então, como tudo isso é por minha culpa? Pare de se fazer de vítima e ser honesto consigo mesmo e com os nossos fãs.”
Oito anos depois do último show, ainda com Clufetos na bateria, a formação do Black Sabbath vai se reunir uma última vez no Villa Park, estádio do Aston Villa, em Birmingham, cidade natal da banda. O evento será uma espécie de festival organizado por Tom Morello (Rage Against the Machine) e contará com diversos nomes do rock e do heavy metal além de Osbourne, Iommi, Butler e Ward.
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