A atriz Zendaya e o cineasta vencedor do Oscar Barry Jenkins uniram forças para levar às telas a história de Ronnie Spector, cantora famosa por liderar o grupo The Ronettes. O filme, anunciado em 2020 mas mantido em pausa desde então, será baseado no livro “Be My Baby”, escrito pela cantora junto com Vince Waldron e publicado em 1990.
A escolha de Zendaya para o papel veio da própria artista homenageada, que selecionou a atriz pessoalmente antes de morrer em 2022. Segundo reportagem do Deadline, o longa deve focar no relacionamento entre a cantora e o produtor Phil Spector.
The Ronettes – formado por Ronnie, sua irmã Estelle e a prima das duas Nedra Talley – se tornou um sucesso nos Estados Unidos em 1963 com o single “Be My Baby”, produzido por Spector. Na mesma época, ele e a cantora tiveram um caso extraconjugal enquanto o produtor ainda era casado com sua primeira esposa.
O trio também emplacuo hits como “Baby, I Love You”, “(The Best Part of) Breakin’ Up” e “Walking in the Rain”, tendo excursionado com Beatles e Rolling Stones nos anos 1960.
Phil se divorciou em 1966 e casou com Ronnie dois anos depois. O grupo The Ronettes havia se separado um ano antes do casamento. O produtor separou a cantora de sua família aos poucos durante o relacionamento. O grupo retornou na década seguinte tendo apenas Ronnie das originais. Uma carreira solo também foi desenvolvida logo após o fim do trio.
No livro “Be My Baby”, Ronnie alegou que Phil era extremamente abusivo, a proibindo de se apresentar ao vivo ou gravar música. Chegava ao ponto de confiscar seus sapatos para impedi-la de sair de casa.
Em 1972, ela fugiu descalça com a ajuda de sua mãe. O divórcio foi finalizado dois anos depois com um acordo que prejudicava a cantora – ela teve que ceder todos os seus ganhos futuros com direito autoral para Phil, pois ele dizia que iria contratar um assassino de aluguel para matá-la se ela não concordasse com tais termos. Em troca, ela recebeu US$ 250 mil e um carro usado.
Entre suas colaborações está o single solo “Try Some, Buy Some”, escrito por George Harrison em 1971. O Beatle regravou a canção em seu álbum “Living in the Material World” dois anos depois.
Em 1999, ela lançou o EP “She Talks To Rainbows”, produzido por Joey Ramone. Já em 2003 gravou backing vocals para faixas do álbum “Project 1950”, dos Misfits, que reunia covers das primeiras décadas do rock. Ronnie e as Ronettes foram induzidas ao Rock and Roll Hall of Fame no ano de 2007.
Nas décadas seguintes, Ronnie e as outras Ronettes travaram longas batalhas judiciais contra Phil pelos direitos sobre a obra e royalties que nunca haviam sido pagos. O caso se estendeu até 1998, com as artistas ganhando US$ 1 milhão – apenas um décimo do que pediam.
Phil Spector morreu em janeiro de 2021, aos 81 anos, enquanto cumpria pena por ter assassinado a atriz Lana Clarkson em 2003. Na época, Ronnie declarou:
“Quando trabalhava com Phil Spector, vendo-o criar no estúdio de gravação, eu sabia que estava trabalhando com um dos melhores. Ele estava no controle completo, dirigindo a todos. Amava aqueles tempos. Conhecê-lo e me apaixonar por ele foi como um conto de fadas.
A música mágica que conseguimos fazer juntos foi inspirada pelo nosso amor. Eu o amei e entreguei meu coração e minha alma a ele. Como eu disse muitas vezes enquanto ele estava vivo, ele foi um brilhante produtor, mas um péssimo marido.
Infelizmente, Phil não conseguia viver e trabalhar fora do estúdio de gravação. A escuridão se instalou, muitas vidas foram prejudicadas. Eu ainda sorrio sempre que ouço a música que fizemos juntos – e sempre irei sorrir. A música será para sempre. Phil Spector 1939-2021.”