Não é incomum que bandas repliquem a sonoridade de álbuns bem-sucedidos ou sigam a mesma direção artística que as consolidou em grande parte da discografia. Para Tobias Forge, a característica é bem típica do metal, mas, apesar de vista com bons olhos por uma parcela do público, não faz o estilo do líder do Ghost.
Ao mencionar o processo de criação do mais recente disco “Skeletá”, que sai no dia 25 de abril, o cantor explicou que não gosta de repetir a fórmula de projetos anteriores em novos materiais. Porém, ele acredita que, quando se trata da música pesada, a “autenticidade é medida pela repetição”.
Durante entrevista para o NME, ao abordar o assunto, o artista comentou:
“O primeiro disco [‘Opus Eponymous’] foi composto sem perspectiva, quando eu não fazia ideia do que o [Ghost] se tornaria. Era um projeto movido totalmente pela alma, que por acaso realizou meu sonho de ser um músico profissional. Mas não acho que alguém aplaudiria se eu começasse a repetir aquilo… mesmo que, no metal, sua autenticidade seja medida pela repetição. Muitas pessoas dizem: ‘só gosto daquele disco’ ou ‘eu preferia quando essa banda era daquele jeito’.”
Diante de um contexto que valoriza “mais do mesmo”, Forge dá valor para os artistas que saem da zona de conforto e optam por “preservar” o que já foi feito anteriormente. Foi com essa mentalidade que entrou em estúdio para criar o “Skeletá”, como destacou:
“Acho reconfortante quando os artistas seguem em frente, porque isso significa que você pode preservar aquilo que gosta. Mesmo no hard rock, você não chega a lugar nenhum apenas se repetindo. Então, para este álbum, eu pensei: ‘não vou me preocupar com isso. Eu sei que sou autêntico, então vou simplesmente seguir meu coração’. Agora que há pessoas interessadas no que tenho a dizer, quero dizer algo mais interessante – não posso simplesmente repetir as mesmas histórias fictícias.”
Outras reflexões de Tobias Forge
Em outras ocasiões, Forge também ressaltou o desejo de sempre trazer novos elementos à discografia do Ghost. Conversando com a rádio Lazer 103.3 em 2018 (via Blabbermouth), o cantor trouxe as dificuldades de manter sua essência sem, ao mesmo tempo, se repetir:
“Como compositor, sempre fui muito, muito atento a não me repetir. Obviamente, existe um certo grau de DNA ou familiaridade, que pode ser útil mantê-lo. E, às vezes, é necessário permitir-se compor de maneira intuitiva, mas também é preciso ter esse diálogo interno — se o que você está criando de forma intuitiva imprime sua identidade de uma maneira positiva ou se está apenas se repetindo.”
Apesar de não citar a questão em tal bate-papo, Forge, seguindo a mesma linha de raciocínio, afirmou posteriormente que o heavy metal virou de maneira prejudicial um gênero “muito definido” com “muitas regras” estabelecidas – aspecto do qual tenta fugir. À Global News (Ultimate Guitar), ele disse:
“Eu simplesmente sinto que o metal hoje, ao contrário de 1975, é um gênero tão definido, que pessoas da nossa idade e mais jovens viveram suas vidas inteiras sabendo exatamente o que é o heavy metal. Mas as pessoas quando presenciaram o lançamento de ‘Back in Black’ não sabiam realmente o que era. Existem muitas regras agora. É muito refinado. Toda a cultura respira um pouco de conservadorismo puritano. Para fazer novos discos, acho que às vezes você precisa tentar não pensar muito sobre todas essas regras.”
Ghost atualmente
Após rumores, o Ghost anunciou o lançamento de seu sexto álbum de estúdio. Com 10 faixas, “Skeletá” chega a público dia 25 de abril por meio da Loma Vista Recordings.
O trabalho marca a estreia do Papa V Perpetua, novo personagem interpretado por Tobias Forge como frontman da banda. Sempre que o grupo disponibiliza um disco e completa um ciclo de turnê, a figura é substituída.
“Satanized”, primeiro single do trabalho, já está disponível. A canção ganhou um videoclipe quase totalmente em preto e branco que introduz o Papa ao público nos segundos finais.
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