Roger Waters discursou novamente durante uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) na última segunda-feira (17). Utilizando um broche da Palestina, o eterno baixista do Pink Floyd participou do encontro por meio de videoconferência a convite da Rússia.
Ao apresentar-se, o músico declarou que falaria “sobre guerra, paz e amor”. Pouco depois, criticou os Estados Unidos e o Reino Unido pela guerra na Ucrânia.
Ao seu ver, os aliados ocidentais do país influenciaram o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a continuar com o conflito, que já acontece há anos. Conforme publicado pelo jornal português Expresso, o artista afirmou:
“Meu sangue gelou [no dia em que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022]. Tudo podia ter sido evitado através da diplomacia, do senso comum, ao falarmos uns com os outros.”
Simulando uma conversa entre o ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson e Zelensky, o músico destacou conforme o Observador:
“Essa guerra convém aos americanos. Eles acham que enfraquecerá a Rússia. Então foi decidido continuar pelo tempo que for preciso. Quanto mais tempo demorar, melhor. Eles continuarão a enviar munições e gostariam que você [Zelensky] apenas continuasse a lutar.”
Waters também mencionou o recente telefonema entre o presidente americano Donald Trump e o líder russo Vladimir Putin. De acordo com a revista Veja, ambos conversaram por 90 minutos, na tentativa de iniciar “as negociações para encerrar a guerra na Ucrânia”. Segundo o cantor, tal conversa é um “movimento na direção certa”:
“Talvez haja um vislumbre de luz no fim deste túnel escuro de guerra. Chegou três anos e centenas de milhares de vidas inestimáveis tarde demais. Mas talvez, apenas talvez, seja um começo.”
Roger Waters e ONU
Essa não foi a primeira vez que Roger Waters discursou na ONU. Também a pedido da Rússia, o músico participou de uma reunião do Conselho de Segurança da entidade em fevereiro de 2023.
Como o assunto da reunião era a guerra em andamento na Ucrânia, Waters condenou a invasão e a classificou como ilegal. Porém, também ressaltou:
“Foi um conflito provocado. Portanto, também condeno os provocadores nos termos mais fortes possíveis. Pronto, isso está fora do caminho.”
A Rolling Stone observou que em outra parte de seu relato, o ex-líder do Pink Floyd mencionou o “armamento do regime de Kiev por terceiros” e citou o país em inglês como “the Ukraine” em vez de apenas “Ukraine”. O uso de “the” é reprovado pelo governo local, pois era assim que o país era chamado durante a era soviética. Desse modo, algumas escolhas linguísticas pareciam refletir uma inclinação pró-Rússia.
Todavia, o mote principal da fala foi pedir o fim da guerra na Ucrânia e de todas as guerras. Posicionando-se como uma voz para os “milhões sem voz”, Waters disse:
“Obrigado por nos ouvir hoje, somos muitos que não compartilham dos lucros da indústria de guerra. Não criamos nossos filhos e filhas de bom grado para fornecer forragem para seus cônegos. Em nossa opinião, o único curso de ação sensato hoje é pedir um cessar-fogo imediato na Ucrânia. Sem ‘se’, sem ‘mas’, sem ‘e’. Não há mais uma vida ucraniana ou russa para ser gasta – todas elas são preciosas aos nossos olhos.”
À época, o discurso teve repercussão imediata. Por exemplo, o embaixador ucraniano Sergiy Kyslytsya fez referência à música “Another Brick in the Wall” ao comentá-lo. Também recordou que o próprio Pink Floyd condenou a invasão soviética ao Afeganistão, em 1979.
“É irônico, se não hipócrita, que Waters tente agora encobrir outra invasão. Que triste para seus ex-fãs vê-lo aceitando o papel de apenas ‘mais um tijolo na parede’ – a parede da desinformação e propaganda russa.”
Já o diplomata russo, Vasily Nebenzya, ignorou a referência do músico à ilegalidade da invasão e elogiou sua “análise muito precisa dos acontecimentos”, reiterando sua crença de que o Ocidente está em guerra contra seu país.
Outros membros ficaram menos entusiasmados com o discurso. Disse o representante americano Richard Mills, de acordo com a BBC:
“Eu certamente reconheço que ele tem credenciais impressionantes como artista musical. No entanto, suas qualificações para falar conosco como um especialista em controle de armas ou questões de segurança europeias parecem menos evidentes para mim.”
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