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Nada de Sabbath: o álbum que inventou o rock satânico segundo Mikael Åkerfeldt

Disco em questão saiu em 1969 e, segundo vocalista e guitarrista do Opeth, foi pioneiro no campo do ocultismo

O Black Sabbath era frequentemente associado ao satanismo. Apesar do baixista Geezer Butlerter destacado que a banda na verdade promovia um “alerta contra magia negra e satanismo”, a ligação permaneceu no imaginário do público desde o álbum homônimo de 1970. Para Mikael Åkerfeldt, porém, é claro que quem inventou o rock satânico foi outro grupo. 

Ao refletir a respeito à Metal Hammer em 2019, o vocalista e guitarrista do Opeth creditou o Coven como responsável pelo surgimento do “estilo”. Ao seu ver, a banda conseguiu o feito com o disco de estreia “Witchcraft Destroys Minds & Reaps Souls” (1969), disponibilizado um ano antes do primeiro projeto do Sabbath. 

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Segundo o cantor, enquanto Ozzy Osbourne e companhia só tinham uma única faixa em referência ao ocultismo — no caso, a música que dá nome à banda —, o Coven construiu um material completamente firmado no tópico. Ele explicou:  

“Este foi o primeiro álbum desse tipo. Não consigo pensar em nenhuma outra banda que fosse igual naquela época. Eles foram pioneiros com toda essa coisa satânica. O Black Sabbath realmente só tinha uma música sobre o ocultismo. Já o Coven tinha uma missa negra de 13 minutos em forma de narração no lado B do álbum [a faixa ‘Satanic Mass’].”

Em seguida, o artista citou uma das melhores canções do trabalho e aproveitou para elogiar a vocalista Esther “Jinx” Dawson. Ainda, destacou as diferenças sonoras entre o Coven e o Sabbath: 

“Tem algumas músicas incríveis ali, como ‘White Witch of Rose Hall’. E as letras são intrigantes, parecem pequenos contos de terror. Musicalmente, era mais parecido com bandas como Jefferson Airplane, do que com o Sabbath. Tinha uma forte energia hippie, mas com algumas letras bem incômodas, que fugiam desse clima. A performance vocal de Jinx Dawson é insuperável, há algumas harmonias vocais incríveis. No geral, é um álbum peculiar.” 

Por fim, Åkerfeldt, que elegeu o “Witchcraft Destroys Minds & Reaps Souls” como um dos melhores álbuns da história do metal, deu um palpite sobre por que o disco continua impactante até hoje:

“Na maioria das vezes, é preciso de tempo para que discos estranhos amadureçam e as pessoas percebam seu potencial […]. E, ainda hoje, continua soando como uma novidade. Por que é um marco? A resposta curta provavelmente seria: a união de Satanás e Jinx Dawson.”

Coven e “Witchcraft Destroys Minds & Reaps Souls”

O álbum de estreia do Coven, “Witchcraft Destroys Minds & Reaps Souls”, saiu em 1969. Porém, o conceito do grupo americano, calcado fortemente no ocultismo, já estava pronto desde meados de 1967.

O problema é que nenhuma gravadora se arriscou a contratar a banda, que, curiosamente, tinha um baixista chamado Oz Osborne — em mais uma coincidência com o Black Sabbath. Demorou um tempinho até que a Mercury resolvesse apostar em Esther “Jinx” Dawson e seus músicos.

O pioneirismo de Jinx Dawson e seu Coven foi além da música, um heavy rock de tom ligeiramente psicodélico, e das letras baseadas no ocultismo: também envolveu uma postura toda relacionada a essa crença, desde fotos e encartes de álbuns simulando rituais (em “Witchcraft Destroys Minds & Reaps Souls”, os músicos se preparam para um culto satânico com Jinx Dawson nua em um altar) até o uso inaugural do famigerado “sinal do chifre” com a mão, que, sim, começou com essa banda.

Todavia, o Coven não foi bem compreendido. Uma reportagem feita pela revista Esquire em 1970 deu publicidade negativa à banda ao fazer uma associação entre o ocultismo e Charles Manson, com sua seita assassina. Como resultado disso, a Mercury rompeu o contrato com o grupo e tirou “Witchcraft Destroys Minds & Reaps Souls” de circulação.

Eles até conseguiram gravar outros materiais, embora o único sucesso médio tenha vindo do single “One Tin Soldier”, que contém vocais de Jinx Dawson, mas não é uma música do Coven. O potencial se reduziu com o tempo e a banda acabou em 1975, retornando só nos anos 2000.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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