Neil Peart era e continua sendo uma autoridade na bateria. Como já mencionado por diversas vezes no passado, o saudoso baterista do Rush iniciou sua jornada na música inspirado pelo The Who. Ao ouvir Keith Moon empunhando as baquetas, o músico ficou com vontade de aprender o instrumento e de compor músicas.
Ao longo dos anos, claro, incorporou outras influências em sua sonoridade, incluindo o jazz. Conversando com a Modern Drummer em 1989, o músico até mesmo revelou três colegas de profissão que estavam entre os seus favoritos à época e surpreendeu pelas escolhas inesperadas.
Como resgatado pela Far Out Magazine, primeiramente, o artista citou Manu Katché. Além dos trabalhos solo, o baterista francês ficou conhecido por colaborar em estúdio com Sting e Peter Gabriel, além de nomes como Dire Straits, Tracy Chapman, Jeff Beck e Joe Satriani. Ao mencioná-lo, Peart explicou:
“Fico realmente irritado com músicos que se orgulham do fato de não praticarem e nunca terem feito uma aula. É mentira quando dizem: ‘eu toco de forma simples, não preciso disso’. Isso não é verdade. Dá para ouvir alguns bateristas simples e perceber que eles sabem de tudo. Está implícito. Eles têm uma certa confiança e agilidade na bateria. Tem um certo baterista que apareceu na Modern Drummer há um tempo, Manu Katché, e a maior parte do que ele toca é muito simples, mas é tão elegante. O trabalho dele no álbum do Robbie Robertson ou com Joni Mitchell e Peter Gabriel é incrível de ouvir. O álbum do Robbie Robertson [homônimo, de 1987] é o meu favorito em termos de execução do Manu. Seus ritmos são uma mistura única entre a música da África Ocidental e música ocidental.”
Em seguida, enfileirou elogios para Kevin Wilkinson. Falecido em 1999, o baterista britânico integrou a formação das bandas The League of Gentlemen, The Waterboys e China Crisis — com a última especialmente chamando a atenção do integrante do Rush:
“Há uma banda pop inglesa chamada China Crisis e o baterista deles toca padrões muito simples, com pouquíssimos fills, mas, mais uma vez, o que ele toca é tão elegante e adequado à música, e você percebe que ele tem confiança. Muitos bateristas tentam tocar um padrão ou fill mais complexo e o resultado não sai tão natural. Os bateristas realmente bons fazem com que pareça que estão tocando sem esforço.”
Então, Peart destacou o talento de Phil Gould. Na década de 1980, o baterista inglês obteve sucesso ao lado da banda Level 42, como pontuado pelo músico:
“Um bom baterista que gosto e que toca de forma simples é o Phil Gould, que costumava tocar com o Level 42. Ele toca de uma maneira muito simples, influenciada pelo R&B, mas quando ele toca um fill, é um fill lindo […]. Ele tem precisão na palma da mão. É muito gratificante para mim ouvir, tanto do ponto de vista de um baterista quanto de um fã de música. Traz uma sensação ótima, uma autoridade tremenda, e um fill sutil e perfeito que salta da música.”
Por fim, Peart explicou que tais bateristas conseguiam agradá-lo musicalmente mesmo sem tocar “o tipo de bateria” com o qual estava habituado. Para ele, era claro que o que gostava de ouvir não necessariamente era o que queria executar:
“Os três bateristas que mencionei estão entre os meus favoritos, embora não toquem o tipo de bateria que gosto de tocar. Eles tocam o tipo de música que gosto de ouvir. A música que gosto de ouvir nem sempre é o que gostaria de tocar. Por exemplo, eu nunca conseguiria ser um baterista de reggae. Eu ficaria louco. Mas adoro ouvir, porque é muito contagiante e adoro o ritmo.”
Sobre Neil Peart
Nascido em Hamilton, Ontario, Canadá, Neil Ellwood Peart se destacou como baterista e principal letrista do Rush a partir de 1975 até o encerramento da banda. Também organizou tributos a Buddy Rich, além de tocar em discos de Jeff Berlin e Vertical Horizons. Ainda gravou vídeos detalhando sua técnica.
Lançou sete livros baseados em suas aventuras pelo mundo e filosofias, além de outros 4 de ficção. Três deles eram baseados na saga do álbum “Clockwork Angels”, último de inéditas do Rush. O músico morreu no dia 7 de janeiro de 2020, em decorrência de um glioblastoma, forma agressiva de câncer no cérebro.
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