Quando se pensa no Kiss, as maquiagens são uma das primeiras coisas que vêm à mente. Cada pintura representa uma espécie de personagem:
- o vocalista e baixista Gene Simmons é o Demon;
- o guitarrista base e também cantor Paul Stanley é o Starchild;
- o guitarrista solo Ace Frehley é o Spaceman (figura hoje adotada por Tommy Thayer);
- o baterista Peter Criss é o Catman (tendo atualmente uso por Eric Singer).
Mas será que eles teriam sido tão populares sem as artes faciais? Em entrevista a Michael Franzese (via Blabbermouth), Simmons foi convidado a refletir sobre a questão.
A resposta se mostrou sincera. O Demon pontuou:
“Talvez não. Mas existe uma questão: a coisa certa no lugar certo na hora certa. Se você tirar qualquer uma dessas coisas, as chances diminuem. Se você colocasse o Kiss ou Jimi Hendrix ou alguém assim em outra era, não funcionaria porque os ouvidos das massas não estavam sintonizados com isso — acontecerá da mesma forma se você pegar as grandes bandas daquela época e colocá-las hoje.”
Gene aponta que toda a explicação em torno do sucesso do Kiss é “um grande quebra-cabeça”. Por isso, ele acredita que “ajuda se você tiver a maioria das peças”.
“O visual, inclusive, ajuda. Little Richard colocando as pernas para cima do piano e tocando piano como um homem selvagem não tem nada a ver tem a ver com as músicas, mas ajuda na encenação. Chuck Berry fazendo o duck walk. O que isso tem a ver com a música? Nada. Mas quando você o vê ao vivo, realmente ajuda.”
Ainda durante a entrevista, o músico destacou que a questão visual se mostrou um diferencial e era algo notado em outros artistas e bandas que ele apreciava, como Jimi Hendrix e Beatles. O Foreigner acabou mencionado por ele como um exemplo de grupo repleto de hits, mas sem esse componente estético.
Como surgiram as maquiagens do Kiss
Em outra entrevista, ao Gulf News, Gene Simmons explicou o motivo da banda ter optado por usar maquiagens, ainda nos primórdios de suas atividades, que viraria marca registrada nos anos seguintes. O músico enfatizou que a cena da época e a necessidade de se diferenciar dos outros artistas levaram o quarteto a entregar uma performance visual tão impactante.
“Eu não vou esquecer aqueles primeiros anos, quando eu era muito, muito mais jovem. Eu ia ver todas as minhas bandas favoritas que eu ouvia no rádio. E muitas vezes eu ficava desapontado. A imagem e os shows ao vivo não faziam jus à música. E a ideia por trás do Kiss era… vamos criar a banda que nós nunca vimos no palco.”
Simmons também apontou como as maquiagens acabaram se tornando simbólicas não só para os fãs, mas também para a filosofia do Kiss em relação ao trabalho. O ponto de vista fica claro nesta fala ao Yahoo News.
“Subir no palco era quase como um lugar sagrado para nós, como a igreja, então estar no palco parecendo um vagabundo não era minha ideia de respeito. Foi aí que a maquiagem e as roupas surgiram.”
Tempo para fazer maquiagem
Influenciadas pelas pinturas faciais usadas no Kabuki, forma de teatro do Japão, as artes nos rostos dos músicos do Kiss não são fáceis de se reproduzir. Leva um bom tempo para se concluir a pintura.
De acordo com o guitarrista Tommy Thayer, que entrou para a banda em 2002, é necessário dedicar entre uma e duas horas apenas à pintura facial. Em entrevista ao Hangin’ & Bangin’, transcrita pelo Ultimate Guitar, ele declarou:
“Quando eu tinha entre 12 e 13 anos de idade, no Halloween, eu fazia a maquiagem do Kiss, então, estou bem acostumado. Porém, geralmente, levo cerca de uma hora para fazer a maquiagem. Consideramos umas duas horas.”
Outro detalhe curioso relacionado ao processo de fazer as maquiagens dos músicos é que todos os quatro integrantes se juntam em uma mesma sala para produzir o visual.
“O legal é que quando nos preparamos todas as noites, em toda a transição de colocar maquiagem e se preparar, fazemos tudo juntos em uma sala. Ouvimos música juntos. É algo muito legal. Não consigo me imaginar não fazendo isso toda noite e fazendo transição para o Kiss.”
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