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Toto encanta no Rio com show de virtuosismo e clássicos eternos

Primeira visita da banda à capital fluminense ficou marcada por setlist recheado de hits, performance de alto nível e público aquém do esperado

Quem esteve no show do Toto no Rio de Janeiro presenciou algo raro. São poucos os artistas de carreira longeva que ainda conseguem oferecer um espetáculo do nível altíssimo como o que a banda, ícone do AOR nas décadas de 1970 e 1980, apresentou na Arena Jockey na última terça-feira (26).

Com sua turnê “The Dogz of Oz”, o Toto se apresentou no Brasil 17 anos após sua primeira e última passagem pelo país, no ano de 2007, para data única em São Paulo. Antes do Rio, eles passaram pela capital paulistana no último domingo (24) — clique aqui para saber como foi.

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Foto: Paty Sigiliano @paty_sigilianophotos

De lá para cá, muita coisa mudou. Quase tudo, na verdade. Apenas o guitarrista/vocalista Steve Lukather (único remanescente da formação original) e o tecladista/cantor Greg Phillinganes estavam naquela visita que rendeu a performance no Via Funchal.

No vocal, o grupo voltou a contar em 2010 com Joseph Williams. O filho de John Williams, compositor responsável por algumas das trilhas sonoras mais marcantes do cinema, passou brevemente pela formação entre 1986 e 1988. É hoje o único membro oficial além de Lukather além de David Paich, tecladista que ainda é listado como tal, mas está aposentado das turnês por questões de saúde.

Foto: Paty Sigiliano @paty_sigilianophotos

Desde que as atividades do Toto foram retomadas em 2020 — após um breve rompimento causado por um litígio com a viúva do baterista Jeff Porcaro, Susan Porcaro-Goings, eles contam com um grupo de apoio ainda mais rotativo do que antes. Além de Phillinganes, há Dennis Atlas nos teclados e vocais. Já o baixista é John Pierce, antigo membro da Huey Lewis and the News. Shannon Forrest (bateria) e Warren Ham (saxofone, gaita, flauta, percussão e vocais) completam a formação.

Foto: Paty Sigiliano @paty_sigilianophotos

O show

Não eram nem 20h — horário marcado — quando Steve Lukather e sua trupe subiram ao palco para dar início ao repertório, que mistura rock, soul, jazz e R&B. Uma sonoridade que muitos classificam como “yacht rock”, ao lado de grupos como Steely Dan e Hall & Oates.

O começo é pelo começo. Duas canções do disco de estreia homônimo de 1978 foram as escolhidas para abrir o show. A dançante “Goodbye Girl” é emendada pela introdução de teclado e os riffs de guitarra inconfundíveis de “Hold the Line”, um dos maiores sucessos do grupo.

De início, a pista premium estava ainda muito vazia. A impressão era de que o show não empolgaria. O público presente na Arena Jockey parecia disperso. Casais e grupos de amigos tiravam selfies com tranquilidade, garçons transitavam oferecendo cardápios e muitos apoiavam baldes de cerveja e garrafas no chão da arena, de tão tranquila que estava o local.

Foto: Paty Sigiliano @paty_sigilianophotos

Isso, porém, não impediu o Toto de seguir com seu espetáculo no palco. Logo após as duas músicas de abertura, na suave “99”, Steve Lukather agradeceu a David Paich. Ao introduzir “Pamela”, Joseph Williams falou sobre a história de um término com uma ex-namorada. “Tragédia” à parte, serviu de plataforma para os músicos desfilarem virtuosismo. Solos e mais solos de Lukather e Phillinganes impressionaram pela técnica.

Foto: Paty Sigiliano @paty_sigilianophotos

A essa altura, felizmente, as reações do público ficavam cada vez mais entusiasmadas. Por volta das 20h30, a casa parecia mais cheia. Mais espaços foram ocupados na pista premium, embora ainda fosse possível se movimentar com tranquilidade. Relatos indicavam que a pista comum estava mais cheia, com boa parte do público chegando atrasado devido ao trânsito carioca.

A belíssima “I’ll Be Over You” foi dedicada às “mulheres lindas do Rio”. Depois de “Hold the Line”, a balada icônica foi a campeã de interação. O solo de Lukather roubou a cena mais uma vez, enquanto muitos casais dançavam abraçados, em um dos momentos de romantismo e emoção.

Foto: Paty Sigiliano @paty_sigilianophotos

Em “Stop Loving You”, brilharam os vocais de Joseph Williams, que, aos 64 anos, impressionou com seu alcance vocal mantido. Em um tributo a Jimi Hendrix, Steve Lukather comandou uma versão para “Little Wing” e comprovou mais uma vez seu alto nível nas guitarras. Evidenciou-se ainda a precisão de Shannon Forrest, que emendou um extenso solo de bateria.

Foto: Paty Sigiliano @paty_sigilianophotos

“I’ll Supply the Love”, de refrão contagiante, e “Georgy Porgy”, com execução perfeita a ponto de reproduzir os timbres da gravação de estúdio, também representaram o álbum de estreia. Ao apresentar os músicos que o acompanham, Lukather relembrou as origens das amizades e trabalhos passados de seus colegas de palco, como as colaborações de Greg Phillinganes com Michael Jackson e Stevie Wonder e a performance de Joseph Williams como vocalista em “Hakuna Matata”, da trilha sonora de “O Rei Leão”. Nesse momento descontraído, a banda chegou a arriscar breves trechos de “Beat It” e da própria “Hakuna Matata”.

Foto: Paty Sigiliano @paty_sigilianophotos

Em uma coincidência divertidíssima, “With a Little Help From My Friends”, clássico dos Beatles na versão mais intensa de Joe Cocker, foi dedicada por Lukather ao público logo após um intenso “Olê, Olê, Olê, Olê, Toto, Toto!”. De arrepiar.

Foto: Paty Sigiliano @paty_sigilianophotos

Para o encerramento — sem falsas despedidas para um bis, devido ao horário, que não podia ultrapassar as 22h —, a banda celebrou seu álbum e fase mais aclamada com os dois maiores sucessos de “Toto IV” (1982), disco vencedor de seis Grammys (incluindo Álbum do Ano). A icônica introdução de bateria iniciou “Rosanna”, também vencedora de Gravação do Ano na cerimônia de 1983. O contagiante refrão de “Africa”, hit com mais de 1 bilhão de streams no Spotify, conclui a apresentação em grande estilo. Ambas, responsáveis pela maior empolgação da plateia, contaram com solos estendidos de teclados e guitarras.

O Toto esteve nas trilhas sonoras de “Stranger Things” (2016) e “Aquaman” (2018) e no universo dos games com “Grand Theft Auto”. Tais conexões mantêm a música da banda viva até os dias de hoje, ajudando a renovar o público. E o alto nível técnico apresentado nas performances ao vivo, com méritos para a nova formação, está pronto para continuar carregando esse legado adiante.

Foto: Paty Sigiliano @paty_sigilianophotos

Se muitos fãs questionam mudanças de lineup em suas bandas favoritas, é improvável que essa nova etapa do Toto desagrade até os fãs mais exigentes. A primeira passagem da banda em terras cariocas deixou excelente impressão.

Foto: Paty Sigiliano @paty_sigilianophotos

Toto ao vivo no Rio de Janeiro

  • Local: Arena Jockey
  • Data: 26 de novembro de 2024
  • Turnê: The Dogz of Oz
  • Produção: 30e

Repertório:

  1. Girl Goodbye
  2. Hold the Line
  3. 99
  4. Pamela
  5. Jake to the Bone
  6. Solo de teclado de Greg Phillinganes
  7. Burn
  8. I’ll Be Over You
  9. Stop Loving You
  10. Little Wing (cover de The Jimi Hendrix Experience)
  11. Solo de bateria de Shannon Forrest
  12. I’ll Supply the Love
  13. A Thousand Years
  14. Georgy Porgy
  15. Dying on My Feet
  16. Home of the Brave
  17. With a Little Help From My Friends (cover dos Beatles na versão de Joe Cocker)
  18. Rosanna
  19. Africa
Foto: Paty Sigiliano @paty_sigilianophotos

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Guilherme Salomão
Guilherme Salomãohttps://igormiranda.com.br
Guilherme Salomão é Criador de conteúdo, Crítico de Cinema e Produtor Audiovisual carioca apaixonado por Cinema e Música desde que se conhece como gente. Administrador por formação, foi autor do TCC “O Poder da Marca no Cinema: O Caso Star Wars de George Lucas” na PUC-Rio, obtendo nota máxima em forma de reconhecimento pelo seu trabalho e dedicação. Cinéfilo de carteirinha, na produção já se dedicou a projetos que vão desde curtas e longas-metragens até videoclipes de artistas iniciantes.

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