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Quando Tom Morello precisou explicar significado de “Killing in the Name” a fã antivacina

Admiradora havia dito para guitarrista que faixa inspirou sua "revolta" contra a vacina; canção na verdade fala sobre racismo e violência policial

O Rage Against the Machine virou referência no campo das músicas politizadas. Ao longo de sua curta discografia, a banda surgida no início da década de 1990 abordou temas como injustiça social, opressão política e desigualdade econômica, além de criticar ferrenhamente o capitalismo e propagar ideais de esquerda.

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Ainda assim, há quem escute as faixas do grupo e distorça ou desconsidere completamente a mensagem passada. O próprio Tom Morello testemunhou e rebateu um caso do tipo. 

Por meio do X/Twitter, o guitarrista revelou que recentemente precisou explicar o significado de Killing in the Name, hit lançado em 1992, para uma fã antivacina. Enquanto que a canção aborda a violência policial e o racismo do sistema, a senhora em questão utilizou da faixa para se “rebelar contra a vacina”. E, aparentemente, ficou sem reação ao entender o intuito por trás do hit. 

Utilizando como exemplo o político americano conservador Paul Ryan, que disse gostar do RATM, o músico contou: 

“Nunca deixa de me surpreender quantas pessoas que ouviram RATM estão no modo Paul Ryan, com literalmente zero compreensão sobre o que a banda representava e ainda menos sobre nossos posicionamentos nas questões contemporâneas. Recentemente, eu estava conversando em um restaurante com um casal que era fã de ‘Killing in the Name’. A senhora simpática disse: ‘Eu amo essa música. Me ajudou a me rebelar contra meus pais e, mais tarde, contra a vacina!’.”

Veio, então, a réplica de Morello. Ele relembrou:

“Eu respondi: ‘Senhora, essa música é sobre policiais racistas que muitas vezes agem como a Ku Klux Klan a serviço da supremacia branca histórica e são capachos do sistema capitalista e racista’. Ela ficou ali quieta, mastigando e piscando, mastigando e piscando.”

Tom Morello e os fãs de direita 

Apesar do posicionamento claro, o Rage Against the Machine ainda sofre com interpretações errôneas. Chegou ao ponto de fãs de extrema direita terem usado músicas do grupo em eventos nos Estados Unidos.

Em entrevista de 2021 ao The Guardian, o guitarrista Tom Morello refletiu sobre esse tipo de apropriação, não apenas do repertório do RATM, como também de outros artistas. Ele disse:

“Primeiro de tudo, não há como explicar a estupidez. Existe uma longa lista de hinos da esquerda radical que são mal compreendidos por idiotas que os cantam em eventos como esse, desde ‘This Land is Your Land’ de Woody Guthrie até ‘Born in the USA’ de Bruce Springsteen e ‘Imagine’ de John Lennon. Essas pessoas realmente não fazem ideia do que estão cantando.”

Mesmo com a falta de interpretação de pessoas a quem define como “idiotas de extrema direita”, o artista destacou o alcance que só a música proporciona por meio de sua capacidade de fazer o público refletir sobre temas relevantes. Ele declarou:

“A única coisa que eu aponto em todos esses casos é que há um poder na música que lança uma rede ampla. Isso é uma coisa boa, não uma coisa ruim. Nessa rede, haverá os idiotas de extrema direita, mas também haverá pessoas que nunca consideraram as ideias apresentadas nessas músicas e são forçadas a considerar essas ideias porque o rock’n’roll é ótimo. Você pode colocar uma batida em uma palestra de Noam Chomsky [filósofo e ativista] – ninguém quer isso, mas não haverá como confundir o conteúdo – ou você pode fazer uma música que seja atraente.”

Em 2020, o músico até mesmo respondeu a um fã que, pelo X/Twitter, reclamava de seu posicionamento nas músicas. Na rede social, o indivíduo primeiramente escreveu:

“Eu costumava ser um fã até suas opiniões políticas serem divulgadas. A música é meu santuário e a última coisa que eu quero ouvir é bobagem política enquanto ouço música. No que depender de mim, você está acabado. Continue falando muito e arruinando sua base de fãs.”

Então, Morello compartilhou a mensagem do antigo admirador e afirmou: 

“Scott! De qual música minha você era fã que NÃO tinha ‘bobagens políticas’? Preciso saber, para que eu possa remover do catálogo.”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 22 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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