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Por que consumo de música está pior hoje, segundo Samuel Rosa

Para o músico, priorizar o lançamento de singles curtos em vez de álbuns afeta a maneira como o público enxerga os artistas

Samuel Rosa acredita que o mercado da música atual enfrenta inúmeros problemas devido às novas maneiras de consumo. Para o eterno vocalista do Skank, priorizar o lançamento de singles em vez de um álbum completo não é o melhor jeito de conduzir uma discografia por uma série de motivos. 

Durante entrevista ao programa “Na Palma da Mari”, apresentado por Mari Palma, o músico opinou a respeito. De início, ele logo pontuou que a forma de ouvir música mudou e regrediu, ao ponto de comparar a situação com os hábitos ultrapassados do ser humano. 

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Conforme transcrição do TMDQA, o artista disse: 

“Eu vou me permitir ser o tiozão chato. Eu acho que foi uma involução na forma de consumir música, foi como se a gente voltasse a comer com as mãos, abandonasse os talheres. Eu acho que a gente tem que caminhar pra frente, tem que melhorar tudo.”

Então, mencionou o primeiro dos obstáculos: o senso de urgência. Utilizando de exemplo uma situação vivida com a filha Ana Alvarenga, de 22 anos, o cantor explicou como os ouvintes são bombardeados com muitas informações o tempo inteiro e sequer prestam atenção no que estão ouvindo. Pro vezes, nem mesmo deixam uma faixa acabar antes de colocar a próxima, como destacou: 

“Eu me lembro do dia que eu estava mostrando alguma coisa para a Ninoca [seu apelido] no carro e ela dava o skip. A música começava, skip. Eu falei: ‘minha filha, mas você não ouve a música?’. E ela disse: ‘pai, ninguém escuta música até o final’. Ela falou que aquilo é uma regra. Porque é isso, é a urgência, esse mundo supersônico que a gente vive hoje. Muito estressado. Tudo muito. Muita informação.”

Música não apenas como entretenimento

Assim, não é incomum que muitas canções lançadas atualmente não passem do 1 minuto de duração. Segundo Samuel, isso leva para outra questão: a falta de “visão de mundo” nas músicas. 

Para o cantor, é impossível que canções de tal tamanho, geralmente voltadas para o TikTok, contextualizem uma época ou sirvam de modelo educacional para o público. Por isso, ao seu ver, a música perde uma importante função adquirida em décadas passadas. Rosa afirmou: 

“Eu acho que a música serve para o entretenimento, mas está ali para constituir uma educação, uma visão de mundo. Ela é educativa, ela é pedagógica. E você não vai aprender nada ouvindo uma música de um artista de 1 minuto, junto com uma dancinha e tal. A gente quando ouvia Beatles, ou o rock brasileiro dos anos 80, [ouvia] um contexto. Você ficava sabendo o que se passava naquela juventude. E o artista não se explica através de uma música só.

A transcrição da fala na íntegra está disponível no TMDQA.

A importância de lançar álbuns, segundo Samuel Rosa 

Não é a primeira vez que Samuel Rosa mostra tal ponto de vista. À Rolling Stone Brasil, em agosto, o cantor defendeu o lançamento de álbuns completos, justamente como uma ferramenta para conhecer um artista em sua totalidade.

Não à toa, disponibilizou seu primeiro trabalho solo como disco: “Rosa”, em junho último. A respeito, declarou:

“Eu ainda não estou convencido de que lançar singles periodicamente é o melhor formato, a melhor maneira de conduzir a sua discografia. Para você pontuar o padrão estético, valores musicais, o que você estava acreditando… Para ser um ‘álbum de fotografia’ completo daquele artista naquele momento atualizado, precisa de um álbum. Fica difícil assimilar uma música; na hora que você começa a entender a música o cara já lança outra e outra.”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 22 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

1 COMENTÁRIO

  1. Concordo com tudo o que o Samuel disse e vou mais além: estamos vivendo uma espécie de “idiocracia”. Elementos culturais importantes em nossa vida como música e história estão cada vez mais sucateados, relegados a um “Skip” a cada trecho pequeno. Estamos numa época em que todos estão correndo atrás do próprio rabo enquanto nem percebem a cova circular que estão cavando no processo.

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Durante entrevista ao programa “Na Palma da Mari”, apresentado por Mari Palma, o músico opinou a respeito. De início, ele logo pontuou que a forma de ouvir música mudou e regrediu, ao ponto de comparar a situação com os hábitos ultrapassados do ser humano. 

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“Eu vou me permitir ser o tiozão chato. Eu acho que foi uma involução na forma de consumir música, foi como se a gente voltasse a comer com as mãos, abandonasse os talheres. Eu acho que a gente tem que caminhar pra frente, tem que melhorar tudo.”

Então, mencionou o primeiro dos obstáculos: o senso de urgência. Utilizando de exemplo uma situação vivida com a filha Ana Alvarenga, de 22 anos, o cantor explicou como os ouvintes são bombardeados com muitas informações o tempo inteiro e sequer prestam atenção no que estão ouvindo. Pro vezes, nem mesmo deixam uma faixa acabar antes de colocar a próxima, como destacou: 

“Eu me lembro do dia que eu estava mostrando alguma coisa para a Ninoca [seu apelido] no carro e ela dava o skip. A música começava, skip. Eu falei: ‘minha filha, mas você não ouve a música?’. E ela disse: ‘pai, ninguém escuta música até o final’. Ela falou que aquilo é uma regra. Porque é isso, é a urgência, esse mundo supersônico que a gente vive hoje. Muito estressado. Tudo muito. Muita informação.”

Música não apenas como entretenimento

Assim, não é incomum que muitas canções lançadas atualmente não passem do 1 minuto de duração. Segundo Samuel, isso leva para outra questão: a falta de “visão de mundo” nas músicas. 

Para o cantor, é impossível que canções de tal tamanho, geralmente voltadas para o TikTok, contextualizem uma época ou sirvam de modelo educacional para o público. Por isso, ao seu ver, a música perde uma importante função adquirida em décadas passadas. Rosa afirmou: 

“Eu acho que a música serve para o entretenimento, mas está ali para constituir uma educação, uma visão de mundo. Ela é educativa, ela é pedagógica. E você não vai aprender nada ouvindo uma música de um artista de 1 minuto, junto com uma dancinha e tal. A gente quando ouvia Beatles, ou o rock brasileiro dos anos 80, [ouvia] um contexto. Você ficava sabendo o que se passava naquela juventude. E o artista não se explica através de uma música só.

A transcrição da fala na íntegra está disponível no TMDQA.

A importância de lançar álbuns, segundo Samuel Rosa 

Não é a primeira vez que Samuel Rosa mostra tal ponto de vista. À Rolling Stone Brasil, em agosto, o cantor defendeu o lançamento de álbuns completos, justamente como uma ferramenta para conhecer um artista em sua totalidade.

Não à toa, disponibilizou seu primeiro trabalho solo como disco: “Rosa”, em junho último. A respeito, declarou:

“Eu ainda não estou convencido de que lançar singles periodicamente é o melhor formato, a melhor maneira de conduzir a sua discografia. Para você pontuar o padrão estético, valores musicais, o que você estava acreditando… Para ser um ‘álbum de fotografia’ completo daquele artista naquele momento atualizado, precisa de um álbum. Fica difícil assimilar uma música; na hora que você começa a entender a música o cara já lança outra e outra.”

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  1. Concordo com tudo o que o Samuel disse e vou mais além: estamos vivendo uma espécie de “idiocracia”. Elementos culturais importantes em nossa vida como música e história estão cada vez mais sucateados, relegados a um “Skip” a cada trecho pequeno. Estamos numa época em que todos estão correndo atrás do próprio rabo enquanto nem percebem a cova circular que estão cavando no processo.

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