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Entrevista: Herman Li fala sobre Dragonforce no Knotfest, metal brasileiro e mais

Guitarrista da única banda de power metal no festival refletiu sobre novo álbum, celebrou legado do Slipknot e elogiou nomes como Hibria e Dr. Sin

“Se você quer Dragonforce, você vai ter Dragonforce”. Diz muito a resposta de Herman Li ao ser perguntado pelo site IgorMiranda.com.br se o vindouro show no Knotfest Brasil terá uma abordagem diferente devido ao grupo ser a única atração de power metal no lineup. “É quase como pedir para o Meshuggah ou o Babymetal tocarem algo diferente”, completa, mencionando outras atrações do evento, marcado para acontecer no Allianz Parque, em São Paulo, nos dias 19 e 20 de outubro.

O guitarrista e seus colegas, diga-se, estão acostumados com ambientes onde representam solitariamente o subgênero. A banda foi formada na Inglaterra, país nada prolífico quando se fala de power metal, e lançou seus primeiros trabalhos nos anos 2000, quando o segmento já entrava em baixa após uma frutífera década de 1990.

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Mas se o mundo quer Dragonforce, é isso que eles vão oferecer, sem qualquer concessão. Sob tal pensamento, de modo improvável, conseguiram repercussão mundial com uma canção repleta dos mais deliciosos clichês do power metal: “Through the Fire and Flames”, impulsionada por sua inclusão no game “Guitar Hero III: Legends of Rock”. Bombaram até mesmo nos Estados Unidos, país pouco afeito ao subgênero mencionado: o single da faixa ganhou certificação de platina por lá, enquanto o álbum “Inhuman Rampage” (2005) obteve disco de ouro.

O fã que estiver no Knotfest Brasil no sábado (19) terá isso e muito mais. Na data em que o grupo inglês se apresenta — com um setlist que deve incluir suas canções mais populares e covers de Taylor Swift (“Wildest Dreams”) e Céline Dion (“My Heart Will Go On”), haverá ainda Mudvayne, Amon Amarth, Meshuggah, entre outras bandas. No dia seguinte, domingo (20), estão escalados Bad Omens, Till Lindemann, Babymetal, P.O.D. e por aí vai. Além, é claro, do Slipknot, que se apresenta nos dois dias com repertórios diferentes.

Dragonforce e Brasil

Se o Dragonforce teve boa repercussão até nos Estados Unidos, tão fechado para os exageros do power metal, não seria no Brasil que teriam vida difícil. A banda hoje formada por Herman Li, Sam Totman (guitarrista), Marc Hudson (vocalista, desde 2011), Gee Anzalone (baterista, desde 2014) e Alicia Vigil (baixista, desde 2020) visitou o país outras três vezes, nos anos de 2009, 2012 (em turnê com o Trivium) e 2015 (ao lado do Epica).

Li reconhece que os tradicionais pedidos de “come to Brazil” nas redes sociais foram insistentes, especialmente devido ao hiato de quase uma década sem uma nova viagem para esses lados do planeta. Todavia, o guitarrista garante que existiram outras tentativas de retornar — e agora que deu certo, deseja receber convites para se apresentar em outras cidades no futuro.

A relação com o país não se limita aos fãs e turnês. Herman é conhecedor da música pesada brasileira. Não apenas pelo Dragonforce ter trazido o baterista Aquiles Priester para substituir Anzalone temporariamente em 2020, enquanto este lidava com um problema de saúde. Ao ser perguntado sobre seus artistas e bandas nacionais prediletos, foi além dos populares Sepultura e Angra, do qual Priester fez parte nos anos 2000.

“Aquiles é um dos meus heróis, cara. Cresci ouvindo Angra, o álbum ‘Rebirth’ (2001), o ouvindo tocar todos aqueles detalhes. Acho que todo mundo conhece o Aquiles, não preciso dizer mais nada. Há ainda muitos guitarristas incríveis do Brasil. O Hibria é outra grande banda que faz um som pesado. Tocamos com eles em um festival no Japão e eles não pegam leve. Muitas bandas de metal pesado hoje tocam em ritmo menos acelerado, quase hard rock, mas eles não. É outra banda legal que gosto. Tem também o Dr. Sin, mais antigo, e algumas bandas de uma gravadora italiana (provável menção à Frontiers Music Srl) que eram muito legais, só os nomes me fugiram.”

O músico, aliás, promete ficar atento aos outros grupos brasileiros no lineup do Knotfest. No dia 19, se apresentam Ratos de Porão, Krisiun, Project46, Eminence, Kryour e Eskröta. Na data seguinte, tocam Black Pantera, Ego Kill Talent, Korzus, Papangu e The Mönic. Li afirma:

“Estou sempre procurando músicas novas. Para aprender sobre música e evoluir, sempre ouço bandas novas e tento descobrir nomes diferentes o tempo todo. Vai ser legal conferir esse pessoal, especialmente as bandas novas, pois elas têm ‘fome’, dão tudo o que têm, toda a energia nisso.”

Sobre os donos da festa

Convidado a falar sobre o Slipknot, banda que viabiliza a realização do Knotfest, Herman Li não poupou elogios. Ainda que faça um tipo de som diferente com o Dragonforce, o guitarrista reconhece os méritos dos mascarados, que atualmente celebram em turnê os 25 anos de seu álbum de estreia, homônimo.

“Já fizemos turnê com o Slipknot no passado, em 2008, no Mayhem Festival. Fizemos uma turnê inteira com eles nos Estados Unidos e eu os assistia praticamente toda noite. Eles entregam algo que ninguém mais faz. Eles têm um som próprio, assim como as outras bandas que citei. Se você quer Slipknot, só vai conseguir com eles.”

O músico ainda enfatizou como os colegas “crescem” no palco — algo que o público brasileiro poderá testemunhar novamente após visitas nos anos de 2005, 2011, 2013, 2015 e 2022. Também celebrou como eles se mantêm na ativa, mesmo com uma série de problemas internos e mudanças de formação.

“Quando você vai ao show, o som deles te atinge mais forte. É mais louco, mais extremo do que ouvir a música gravada. Um nível a mais. E eu acho muito legal o que eles estão fazendo e o fato de conseguirem continuar fazendo isso por tanto tempo. É difícil se manter criativo e fazer música, álbum após álbum, no mesmo nível. Então, acho que é ótimo. E, para ser honesto, o guitarrista deles é incrível (Li não especifica se fala sobre Jim Root ou Mick Thomson). Todos os integrantes, o baterista, eu quero dizer, ele é de outro planeta, o novo cara (o brasileiro Eloy Casagrande).”

Novo álbum e diversão

Atualmente, o Dragonforce promove em turnê seu nono álbum de estúdio, “Warp Speed Warriors”. O trabalho foi lançado em março último e trouxe algo inédito: de acordo com Herman Li, é a primeira vez que ele e seus colegas fazem colaborações em seu próprio disco.

Todas as parcerias surgem em uma edição limitada — exclusiva para o mercado japonês e alguns compradores de outros países — e são apenas releituras de faixas já disponíveis no tracklist original. O guitarrista comenta:

“Realmente gosto desse álbum. Levou muito tempo para fazer, mas é uma continuação, uma evolução da banda. As pessoas não viram, mas a edição especial traz Matt Heafy e Nita Strauss em uma música (‘Astro Warrior Anthem’), Elize Ryd do Amaranthe (em ‘Doomsday Party’) e Alissa White-Gluz (em ‘Burning Heart’). Nesse material você tem as músicas tipicamente rápidas do Dragonforce, mas também tem algumas mais lentas, como ‘Space Marines’. E tem músicas como ‘Doomsday Party’, uma visão um pouco diferente do nosso som.”

Ainda não há planos para gravar o sucessor de “Warp Speed Warriors”. O processo de composição só deve começar ao fim das atuais turnês, o que deve levar algum tempo para acontecer. Enquanto isso, Herman Li apresenta um argumento irrefutável para que as pessoas compareçam a um show do Dragonforce:

“Eu diria que se você tem um amigo que não ouve metal e quer trazê-lo para um show do Dragonforce, provavelmente é uma das melhores opções, porque ele vai se divertir. Temos muitos elementos empolgantes. (O show do Dragonforce) é uma forma perfeita de alguém experimentar algo novo em termos de metal. Criamos músicas que são empolgantes, né? Que te fazem querer sair por aí e fazer coisas, tipo conquistar o mundo. Somos, de verdade, pessoas felizes e otimistas. Então isso se reflete no que fazemos musicalmente.”

Foto: Travis Shinn

Sobre o Knotfest Brasil 2024

Realização da 30e e 5B Artists Management, o Knotfest Brasil 2024 acontece nos dias 19 e 20 de outubro, no Allianz Parque, em São Paulo. Para ingressos e mais informações, acesse o site Eventim. Confira o lineup dividido por dia.

19 de outubro
Slipknot – celebração de 25 anos de carreira
Mudvayne
Amon Amarth
Meshuggah
DragonForce
Orbit Culture
Ratos de Porão
Krisiun
Project46
Eminence
Kryour
Eskröta

20 de outubro
Slipknot – show especial do álbum SLIPKNOT (1999)
Bad Omens
Till Lindemann
BABYMETAL
P.O.D.
Poppy
Black Pantera
Ego Kill Talent
Seven Hours After Violet
Korzus
Papangu
The Mönic

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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