Com a consolidação dos formatos online e consumo cada vez menor, o mercado das publicações impressas vem sofrendo baixas diárias em todo o planeta. Agora, três tradicionais revistas voltadas à guitarra anunciaram que estão saindo de circulação ainda este ano. Todas pertencem à editora britânica Future PLC.
A primeira é a Guitar Player. Fundada em 1967, a magazine se tornou sinônimo em seu segmento, não apenas instruindo novatos, como participando diretamente das revoluções do instrumentos nas décadas seguintes. Sua atuação foi decisiva na divulgação de virtuosos que mudaram a história nos anos 1980, como Steve Vai, Yngwie Malmsteen e Paul Gilbert.
A derradeira edição chegou às bancas nesta terça-feira (15), trazendo Jimmy Page na capa. A matéria principal promove uma retrospectiva da carreira do líder do Led Zeppelin.
O editorial da última publicação, assinado por Chris Scapelliti, diz:
“Vocês testemunharam uma revolução. Quando a Guitar Player estreou em 1967, marcou uma nova era para a guitarra. Pela primeira vez, o instrumento foi celebrado em uma revista publicada regularmente, dedicada a promover guitarristas, equipamentos de guitarra e seus fabricantes, além do virtuosismo da guitarra.
O que o fundador Bud Eastman começou lançou a primeira pedra de um império que lançaria muitas outras revistas – incluindo Bass Player, Frets e Keyboard – publicando livros, lançando discos e vídeos, e muito mais.
O sucesso da Guitar Player também abriu as portas para vários outros títulos, incluindo nossa revista irmã Guitar World, enriquecendo ainda mais a vida de guitarristas em todos os lugares. E agora nossa tiragem chegou ao fim.
Com esta edição, a Guitar Player mudará totalmente para o online em guitarplayer.com, onde continuaremos a trazer a você o mesmo ótimo conteúdo que você espera, bem como entrevistas em vídeo, aulas e muito mais.”
Guitar Techniques também encerra
A Guitar Techniques lança nesta quarta-feira (16) sua última edição, com Nile Rodgers na capa. Ela foi fundada por Neville Marten e Phil Hilborne, com ênfase no ensino de novas técnicas e estilos.
Jason Sidwell, editor desde 2003 que migrará para a Guitar World, escreveu em carta aberta aos leitores:
“Obrigado pelo seu tempo e entusiasmo, nós apreciamos muito nosso relacionamento nos últimos 30 anos. Nós o veremos online no futuro, mas por enquanto, continue feliz, continue ouvindo música e continue tocando!”
Neville Marten arrematou:
“Lançamos a revista em março de 1994 e fomos um sucesso instantâneo. Tivemos os melhores tutores e as melhores aulas. Mas as coisas mudam. Elas precisam mudar. E estou feliz em dizer que estive aqui para a primeira e última edição de uma revista que é tão respeitada hoje quanto era há 30 anos. Obrigado por virem para uma jornada única e espetacular.”
Fim da Total Guitar
Mais uma saindo de circulação é a Total Guitar. A última edição estará nas bancas a partir da próxima sexta-feira (18). Também lançada em 1994, a revista rapidamente se destacou com seu estilo envolvente e abordagem contemporânea sobre tudo relacionado à guitarra.
A derradeira publicação realizará uma retrospectiva das três décadas em que esteve na ativa. O editor Chris Bird declarou, conforme repercussão do Guitar.com:
“A Total Guitar é uma instituição para a comunidade de guitarristas há 30 anos, empregando uma equipe de funcionários e freelancers extremamente talentosa e criativa desde o primeiro dia. Nesse período, a TG provavelmente foi a revista de guitarra mais ampla e acessível do mundo. Eu sempre digo que focamos em colocar o ‘Total’ na Total Guitar.”
Os assinantes poderão escolher entre receber restituição com os meses que ainda faltavam ou se tornarem automaticamente assinantes da Guitarist.
Declínio do impresso no Brasil
O Brasil não foge da regra que leva à migração de veículos para o digital. Publicado em 2022, o Censo Brasil de Editores de Jornais e Revistas indica que a maior parte dos jornais e revistas nacionais já fez a transição do impresso para o digital ou é originalmente online.
Das 1.262 editoras identificadas como atuantes pelo levantamento, 711 (56%) se autodeclaram digitais, enquanto 551 (44%) têm como principal negócio as edições impressas, ainda que a maioria delas também publique no online. O estudo completo pode ser lido clicando aqui.
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