Quando os convidados de “Hackney Diamonds”, álbum mais recente dos Rolling Stones, foram anunciados, a euforia tomou conta. Afinal de contas, o “rival” Paul McCartney estaria lá tocando baixo, assim como Elton John, que já trocou farpas públicas com Keith Richards. Some a isso Lady Gaga e Stevie Wonder, abrilhantando ainda mais a constelação.
A figura por trás destas e de outras colaborações recentes no mundo da música é o produtor Andrew Watt. De Ozzy Osbourne a Pearl Jam, de Bruno Mars a Red Hot Chili Peppers, de Iggy Pop a Demi Lovato, muita gente participou dos experimentos colaborativos propostos pelo artista.
Em recente entrevista à revista Variety, o próprio reconheceu que a tarefa não é das mais fáceis. Porém, ele acha interessante tirar nomes consagrados de suas zonas de conforto.
“Você perde a cabeça. Paul McCartney, Mick Jagger, Keith Richards, Elton John, Eddie Vedder – eles são totalmente capazes de produzir um álbum sozinhos. Entendem a estrutura da música, mixagem, um bom som de caixa, fazem isso há muito tempo. Então, nenhum deles precisa de um produtor – mas estão escolhendo contratar um.”
“Deveríamos fazer uma música com Ozzy”
Após ter passado pelo California Breed, com Glenn Hughes e Jason Bonham, Watt começou a produzir artistas pop contemporâneos como Post Malone, Lana Del Rey e Miley Cyrus. Sua ascensão aos escalões superiores do estrelato de produtor aconteceu no verdadeiro estilo Hollywood.
Enquanto gravava com Malone, a dupla foi à lendária casa de rock da Sunset Boulevard, The Rainbow, onde o hitmaker decidiu espontaneamente comprar uma foto de Ozzy Osbourne direto da parede.
“Eu então disse a ele: ‘Deveríamos fazer uma música com Ozzy!’.”
O dueto “Take What You Want”, de 2019, se tornou um grande sucesso. O resultado levou o Príncipe das Trevas a contratar Watt para produzir seu álbum do ano seguinte, “Ordinary Man” – que teve Malone entre os convidados, além de vários outros.
Andrew Watt, Rolling Stones e convidados
Para explicar sua metodologia de trabalho, Andrew contou como fez com os Rolling Stones. A cara-de-pau (no bom sentido) foi o segredo.
“Eu apenas tentei produzir como se estivesse na primeira fila de um show e pensando ‘O que eu quero ouvir?’ Sem nada pré-concebido. Então, pedia para Mick ou Keith fazerem algo que normalmente não fariam. Qualquer um que os conhece diria: ‘Eles nunca farão isso.’ Mas eu apenas pedi. Foi assim que músicas como ‘Rolling Stone Blues’ aconteceram [o clássico de Muddy Waters inspirou o nome da banda, que nunca o tinha gravado até Watt se envolver].”
Quanto ao recrutamento de um Beatle para performar com os amigos, tudo se resumiu a uma pergunta simples.
“Foi a mesma coisa quando pedi a Paul McCartney para tocar baixo em uma música dos Rolling Stones: silêncio por 10 segundos, então ‘Sim, eu adoraria’. Basta fazer a pergunta! O pior que pode acontecer é ouvir um ‘não’.”
No próximo dia 19 de outubro, Andrew se junta à megabanda que homenageará Ozzy Osbourne no Rock and Roll Hall of Fame. Os outros envolvidos na performance são Maynard James Keenan (Tool, A Perfect Circle, Puscifer), Billy Idol e Jelly Roll cantando; Zakk Wylde, Steve Stevens e Wolfgang Van Halen nas guitarras, Robert Trujillo (Metallica) no baixo e Chad Smith (Red Hot Chili Peppers) na bateria.
Um novo álbum com o Madman não está descartado. Ano passado, Watt também realizou sessões com Paul McCartney que ainda não foram disponibilizadas. Até o momento, os dois sequer revelaram detalhes do material trabalhado ou qual seria o objetivo por trás da colaboração.
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