Cultivar uma plateia dá frutos. Até subir ao palco Mundo do Rock in Rio 2024 como headliner no último domingo (15), o Avenged Sevenfold não vinha ao Brasil havia uma década. Antes disso, porém, tocou no país em quatro ocasiões diferentes, para públicos cada vez maiores.
Nesse espaço de tempo longe daqui, o grupo lançou dois álbuns polarizantes, “The Stage” (2016) e “Life is But a Dream…” (2023), nos quais introduziram elementos experimentais à sonoridade metalcore típica. Ambos os trabalhos venderam consideravelmente menos comparados aos seus antecessores.
Entretanto, foi escalado como atração principal do único dia dedicado ao rock no festival. E o público brasileiro compareceu para vê-los.
Só o início foi estranho
O Avenged Sevenfold antecipou sua entrada no palco Mundo com “Nightcall”, faixa do produtor francês Kavinsky presente na trilha do filme “Drive”, de 2011. A escolha pareceu estranha, seja por não combinar com o estilo musical do grupo ou simplesmente porque tocar uma música inteira antes de subir ao palco parece desnecessário.
Logo, a banda californiana deu início aos trabalhos com “Game Over”, do álbum mais recente. A performance pareceu um pouco caótica, mas o espetáculo de luzes compensou justamente por isso: um clima infernal foi criado no palco. Logo, eles emendaram um de seus maiores sucessos, “Afterlife”, do álbum homônimo de 2007. O público cantou junto a plenos pulmões.
O público canta até por M. Shadows
Essa, aliás, foi uma marca interessante da apresentação do Avenged Sevenfold. Independente de qual fosse a música, a plateia cantava.
Não houve distinção: fossem as pessoas na frente do palco ou aqueles mais afastados, sempre tinha alguém com as letras na ponta da língua. Até mesmo das canções dos álbuns que dividiram opiniões.
Algo evidente já na terceira música — “Mattel”, também de “Life is But a Dream…” — é que a garganta de M. Shadows teria uma noite longa. O cantor de 43 anos já teve problemas vocais sérios ao longo de sua trajetória. Logo, a carga do set se mostrou pesada cedo. Houve vários momentos nos quais dava para escutá-lo forçar um pouco demais a voz.
Entretanto, o público estava nem aí. Já no miolo do set, o grupo estava distribuindo hits dos discos que os fizeram famosos nos anos 2000. A trinca “Buried Alive”, “Gunslinger” e “Bat Country” botou a plateia em polvorosa, mas o coro mais empolgado da noite foi em “Nightmare”.
Características de headliner
Em meio a tudo isso, M. Shadows se dirigia à plateia carioca a todo momento. Seja com pedidos para fazer barulho ou com discursos sobre aproveitar o tempo que temos na Terra.
O último assunto mencionado pode parecer papo de coach. Todavia, no show ganha uma nota trágica, pois vem quando o vocalista dedica “So Far Away” à memória de Jimmy “The Rev” Sullivan, falecido baterista e parte importante da história do grupo. Sua vaga é ocupada desde 2015 por Brooks Wackermann, que completa a formação junto aos guitarristas Synyster Gates e Zacky Vengeance e ao baixista Johnny Christ.
Não foi a maior plateia do dia — tal distinção pertence ao Evanescence, que tocou mais cedo —, mas era possível ver desde cedo várias pessoas com camisetas de várias eras diferentes do Avenged Sevenfold. Fora tatuagem com o logo do grupo.
Se uma banda é capaz de fazer dezenas de milhares de pessoas esperar até meia-noite de um domingo para assistir a um show com a empolgação demonstrada por esse público, trata-se, sim, de um headliner.
Avenged Sevenfold — ao vivo no Rock in Rio 2024
- Local: Cidade do Rock, Rio de Janeiro
- Data: 15 de setembro de 2024
- Turnê: Life is But a Dream…
Repertório:
- Game Over
- Afterlife
- Mattel
- Hail to the King
- The Stage
- Buried Alive
- Gunslinger
- Bat Country
- So Far Away (dedicada a The Rev)
- Nobody
- Nightmare
- Unholy Confessions (com solo de bateria no outro)
- Cosmic
- A Little Piece of Heaven
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