A música do The Who que mudou a história da guitarra, segundo Ritchie Blackmore

Uso de técnica “proibida” em sessões de estúdio colocou Pete Townshend na vanguarda do rock segundo ex-integrante do Deep Purple

Alguns atributos musicais hoje considerados naturais e corriqueiros já foram revolucionários. O feedback é um exemplo. O ato de aproximar a guitarra do amplificador, gerando um efeito de loop, já foi exemplo de falta de profissionalismo. Porém, a partir de uma música dos Beatles – conheça a história clicando aqui –, tudo mudou.

Outro que se beneficiou do recurso foi Pete Townshend, na música que se tornou símbolo do The Who. Quem reconheceu a coragem de desbravar caminhos foi Ritchie Blackmore. Para o artista, seu colega mudou o curso da guitarra com a audácia.

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Disse o ex-Deep Purple e Rainbow, em depoimento resgatado pelo Far Out Magazine:

“Quando ouvi ‘My Generation’, com aquele feedback, achei maravilhoso. Quando trabalhava como músico de sessões para outros artistas, Deus me livre de dar algum feedback. Eu seria expulso do estúdio.”

Ritchie Blackmore e Pete Townshend

Em entrevista de 1973 a Martin K. Webb, transcrita pelo fansite The Highway Star e repercutida pelo mesmo Far Out Magazine, Blackmore já havia falado sobre Townshend e seu pioneirismo.

Curiosamente, naquele momento, o temperamental guitarrista se valeu da modalidade popularmente conhecida como “morde e assopra”.

“Pete Townshend foi definitivamente o primeiro a usar o efeito de feedback. Mas não sendo um guitarrista tão bom, costumava apenas tocar acordes e deixar ecoando no instrumento. Só começou a mexer nos botões do amplificador muito mais tarde. Ele é superestimado na Inglaterra. Mas, ao mesmo tempo, você encontra muitas pessoas como Jeff Beck e Hendrix recebendo crédito pelas coisas que ele começou. Townshend foi o primeiro a quebrar sua guitarra. Ele foi o primeiro a fazer muitas coisas. É muito bom nos acordes também.”

A falta de naturalidade na postura também foi alvo de críticas.

“Gosto de pular no palco, desde que seja feito com classe. Pegue o Free como exemplo. Eles são a melhor banda da Inglaterra. Paul Rodgers é um bom cantor e um performer brilhante sem ficar pulando no ar, fazendo espacates e tudo mais. Ele apenas se move no ritmo da música. Nada como Pete Townshend, que chega ao ponto de esperar até que os fotógrafos estejam com ele no foco antes de saltar. Não é muito espontâneo.”

The Who e “My Generation”

Lançada em 1965, “My Generation” fez sucesso como single e acabou integrando o título do primeiro álbum do The Who, chamado “The Who Sings My Generation”. O trabalho chegou ao quinto lugar na parada do Reino Unido, onde faturou premiação de ouro. Nos Estados Unidos, o disco só seria disponibilizado já em 1966, com tracklist diferente do original.

As gravações contaram com participações de Jimmy Page (guitarra), Nicky Hopkins (piano) e o grupo vocal The Ivy League. Além das composições próprias, contava com versões para músicas de Bo Diddley (“I’m A Man”) e James Brown (“I Don’t Mind” e “Please, Please, Please”).

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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