Paulo Ricardo e Fernando Deluqui chegaram a um acordo sobre a utilização do nome RPM. Após o vocalista e baixista ter conseguido impedir o prosseguimento da banda sem a presença de outro integrante original que não o guitarrista, lhe foi concedida a oportunidade de usar uma variação para promover o trabalho atual.
Com isso, a formação que também conta com conta com Dioy Pallone (baixo e voz), Gus Martins (teclado) e Kiko Zara (bateria) passa a se valer da alcunha RPM – O Legado.
Em entrevista ao Splash, o ex-frontman do grupo comemorou o acerto e a preservação da marca que ajudou a construir. Ele disse:
“O RPM é o RPM. Nós éramos a única banda, além dos Paralamas, que nunca tinha tido mudanças na sua formação original. Isso eu acho motivo de orgulho e acho que isso tem que ser valorizado e preservado.”
Ao se aprofundar na explicação, sobrou espaço até para menção a um quarteto que não pode ser modificado nas lembranças das pessoas.
“Essa nova produção, da qual eu já não participo, vai se chamar ‘RPM – O Legado’. É uma espécie de tributo, é uma espécie de continuidade, mas não é o RPM. Porque não é, simplesmente. Não é uma questão estética, é uma questão de que uma banda é uma banda. John, Paul, George e Ringo depois têm suas carreiras solo e cada um faz uma coisa, mas os Beatles são os Beatles.”
Paulo Ricardo e a relação com Fernando Deluqui
Em outro momento da conversa, o músico fala sobre a relação com o antigo colega, que acabou abalada por conta das disputas na justiça. Ele deixa claro que foi um alívio.
“Fernando vai seguir o caminho dele, e fico feliz que ele esteja com uma banda nova, com gás, com músicas novas, letras novas. Acho que tem que acontecer, é nosso trabalho, a gente ama música. […] Eu quero mais que eles façam muitos shows, que sejam felizes, que contribuam com boas músicas para o pop rock nacional.
Foi uma coisa truculenta, difícil, judicializada. Foi péssimo, mas que chegou a um final feliz, e é isso que interessa. Tudo fica bem quando termina bem. […] Isso é uma coisa que entristece a gente, porque fomos tão amigos, fizemos tanto sucesso juntos, e estar em uma situação de litígio não é bom para ninguém. Isso está resolvido, essa energia se dissipou.”
Assim, Paulo espera que tudo fique para trás, incluindo as más lembranças do público em relação ao período.
“Quero, sobretudo, que a história do RPM não fique marcada por brigas, e sim pela música maravilhosa que a gente fez, pelas canções que marcaram a vida das pessoas e que eu pretendo continuar levando sempre para o show. […] Estou comemorando a paz, a harmonia, a consciência de que tudo que a gente fez é maior do que as pequenas desavenças de momento.”
RPM, a banda e o nome
Em nota repercutida pelo Terra, Deluqui celebrou a paz e tratou a situação como uma falha de comunicação conjunta.
“Em 2017 houve um grande mal-entendido. Paulo Ricardo quis dar uma pausa e Luiz Schiavon, P.A. e eu quisemos continuar. Infelizmente, nos desentendemos, mas isto ficou no passado.”
Vale destacar que o próprio Paulo Ricardo também não pode usar a marca em projetos pessoais. Os envolvidos na formação original firmaram acordo judicial em 2007 para dividir as cotas da marca, proibindo a exploração individual por qualquer um sem autorização dos demais.
Além de Fernando e Paulo, a formação clássica do RPM contava com Luiz Schiavon (teclado) e Paulo “P.A.” Pagni (bateria), ambos já falecidos. A banda se tornou um fenômeno de popularidade nos anos 1980 ao vender milhões de cópias com os álbuns “Revoluções por Minuto” (1985) e “Rádio Pirata Ao Vivo” (1986).
O quarteto se separou por duas vezes ainda na década de 80: rompeu em 1987, desfrutando do auge do sucesso, para voltar novamente no mesmo ano, lançar o álbum “Quatro Coiotes” em 1988 e acabar em 1989. Um retorno entre 1993 e 1994 para o disco “Paulo Ricardo & RPM” não contou com Schiavon, à época envolvido com projetos de dance music.
Já no século atual, o quarteto se reuniu em duas ocasiões: entre 2001 e 2003, gerando o álbum ao vivo “MTV RPM 2002”; e em 2011, rendendo o disco “Elektra” (2012). Um trabalho intitulado “Deus ex Machina”, com produção de Lucas Silveira (Fresno), chegou a ser gravado entre 2014 e 2015. No entanto, o projeto foi descartado e Paulo Ricardo voltou a se dedicar à carreira solo, saindo em 2017.
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