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Journey: Neal Schon critica mídia e rebate acusações de Jonathan Cain em texto

Contrariando processo movido pelo colega tecladista, guitarrista diz que paga suas despesas pessoais com o próprio

Os integrantes do Journey entraram novamente em uma disputa judicial. Após uma trégua publicamente declarada, Jonathan Cain acionou Neal Schon nos tribunais o acusando de estourar o limite de uma conta conjunta American Express de US$ 1 milhão, além de outros gastos exorbitantes.

A notícia chegou a público no início de agosto. Até então, brigas do tipo não impediam a banda de continuar normalmente com suas atividades. Porém, a turnê que os músicos realizariam no Reino Unido e na Irlanda entre outubro e novembro acabou cancelada sem muitas explicações pouco depois. Ao que tudo indica, a participação no Rock in Rio segue confirmada.

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Diante da situação, os fãs cobraram respostas. Então, Schon decidiu esclarecer as coisas por meio de um texto publicado no X/Twitter no último domingo (11). O guitarrista aproveitou a oportunidade para defender a si mesmo e criticar a mídia pelas matérias publicadas em relação ao tema — ainda que sejam apoiadas em informações checáveis nos processos.

De início, ele destacou a motivação por trás de seu pronunciamento: 

“Isso apareceu no meu Facebook, então decidi responder de maneira honesta. Uma mulher que se chama Maggie Greene escreveu: ‘Ei, Neal Schon, há muitos rumores sobre a banda estar nos seus últimos dias porque você e sua esposa não conseguem parar de gastar o dinheiro da banda. Isso é verdade?’. Uma outra pessoa, obviamente um fã, respondeu e eu agradeço: ‘Maggie Greene, não acredite em rumores, a vida é curta, viva plenamente todos os dias. Acredite em mim, Neal fez por merecer, uma banda como essa é como um casamento. Todos os membros não são legais o tempo todo, estar na estrada também te destrói às vezes’.” 

Em seguida, o músico passou a dar explicações. Logo de início, mencionou os problemas com a marca registrada do Journey, obtida pela banda somente em anos recentes após décadas de atividade, e ressaltou que os integrantes ganham igualmente com os lucros advindos da ação:

“Agora, sou eu falando: Maggie Greene, isso é totalmente uma idiotice. Não sei por que as pessoas acreditam na mídia se o que ela fez foi ganhar dinheiro às nossas custas por causa da nossa marca registrada quando custou muito dinheiro para obtê-la – tanto Jon Cain quanto Arnel Pineda estão se beneficiando disso igualmente. O ganho é dividido em três partes.”

Depois, ele rebateu diretamente as queixas feitas pelo tecladista da banda – que alega que Schon teria excedido o teto de uma taxa diária de hotel de US$ 1,5 mil e que “gastava até US$ 10 mil por noite”. Segundo o próprio guitarrista, todas as despesas com hotéis que englobam ele e a esposa Michaele Schon saem de seu bolso há anos. 

“Estamos excursionando da mesma forma que fizemos por muitos e muitos anos, incluindo Jon Cain. Ele e sua esposa decidiram pegar um ônibus de última hora, decisão deles. O resto da banda, Arnel e seus filhos, minha esposa, eu, Deen Castronovo, Todd Jensen, Jason, junto com a equipe e a segurança, viajam em um jato que foi ‘aprovado em nosso orçamento’, como fazemos há anos. Minha esposa e eu temos ótimos relacionamentos com diferentes gerentes de hotéis. Eles nos deram ótimas ofertas no caso de upgrades nos pacotes. Todos entenderam a situação por muitos anos, já que ela viaja comigo em todos os shows e as despesas saem do meu bolso no final, o que também foi ‘aprovado’ em nossas reuniões privadas virtuais com Jon e Paula. Eu pago por isso e sempre paguei.”

Neal Schon busca “aliviar a situação”

Neal Schon, em seguida, citou o processo movido pelo colega de banda pelo mesmo motivo em 2022. Ele afirmaque ambos haviam concordado em seguir em frente e arquivar o caso.

“Essa é a segunda vez que Jonathan Cain me processa pela mesma coisa que já resolvemos no tribunal. O caso foi arquivado por nós dois. Nós dois concordamos em desistir e seguir em frente de maneira absoluta. Isso significa que o caso nunca mais seria aberto.”

Por fim, Schon garantiu que a banda procura soluções para “aliviar a situação”. Uma delas é descartar o cartão de crédito conjunto e deixar o promotor das turnês responsável por qualquer gasto. 

“Bem, aqui estamos nós novamente. No meio de uma turnê maravilhosa com nossos bons amigos, Def Leppard e Steve Miller, temos soluções muito boas para aliviar a situação com um cartão de crédito criado no nome de Jon Cain em vez da banda, embora ele receba todas as recompensas. A solução é se livrar do cartão de crédito, deixar o promotor assumir todas as responsabilidades e pagar a todos nós individualmente ou em dinheiro igualmente e excursionamos como quisermos. Parece uma boa solução, certo? Vamos ver como isso se desenrola.”

Ele também ressaltou a continuidade dos shows na América do Norte, marcados até o fim de agosto, e, mais uma vez, alfinetou a mídia: 

“Então, vejo vocês no nosso próximo show. Vou detonar. Não acredite em tudo que você lê na mídia, é tudo manipulado e inventado como eles querem que seja. Estou indo pelo caminho certo.”

Processos no Journey

Como mencionado, no início de agosto, foi noticiado que os dois integrantes do Journey voltarão a se enfrentar na Justiça — algo que já havia ocorrido em anos recentes, mas não representou qualquer impedimento para a sequência das atividades da banda. Jonathan Cain acionou Neal Schon nos tribunais o acusando de estourar o limite de uma conta conjunta American Express de US$ 1 milhão.

Ao mesmo tempo, Schon teria excedido o teto de uma taxa diária de hotel de US$ 1,5 mil. O processo alega que o guitarrista “gastava até US$ 10 mil por noite”.

A ação remete a uma da mesma natureza perpetrada em 2022 – detalhada aqui. Na ocasião, o tecladista alegou que Neal usou o cartão corporativo do grupo visando abater despesas pessoais.

De sua parte, o acusado contra-atacou com uma ação alegando ter sido impedido de acessar as prestações de contas.

O novo processo também diz que os pagamentos de débito foram temporariamente bloqueados. Em um ponto, as finanças do Journey estavam supostamente em tal desordem que a equipe e a produtora não puderam ser pagas durante sua atual turnê por estádios, tendo o Def Leppard como coheadliner.

De acordo com repercussão do Ultimate Classic Rock, os advogados de Cain na Fox Rothschild LLP argumentam:

“Essas tensões imprevistas no fluxo de caixa representam uma grave ameaça de dano à empresa e à história de grandeza musical do Journey. A banda está sofrendo com lealdades divididas, deserções de equipe e tensão geral.”

Em outra parte, os representantes lamentam o que se tornou “uma batalha muito pública entre o requerente e o réu”. Porém, deixam claro:

“A situação agora está impactando a reputação da banda em toda a indústria musical. A performance no palco é, no momento, um dos únicos aspectos do negócio que não sofreu abalo.”

A conclusão indica que o impasse só poderia ser solucionado com a reestruturação da Freedom 2020 Inc. A companhia foi cofundada por Cain e Schon para supervisionar as operações do grupo.

O negócio supostamente tem apenas um conselho de dois assentos, ocupado por ambos. A nova petição demanda um custodiante ordenado pelo tribunal como terceiro membro para desempatar votos.

Neal Schon e Jonathan Cain

Apesar de não ter sido membro fundador nem ter participado dos primeiros discos do Journey, Jonathan Cain ganhou poder de decisão na banda após o sucesso alcançado nos anos 1980 – assim como outro integrante que entrou com o grupo já em andamento, o ex-vocalista Steve Perry.

Além do financeiro, ainda houve um foco de conflito no cerne político. Já há alguns anos, o tecladista é uma figura próxima a Donald Trump. Sua esposa, a pastora Paula White, atua como guru espiritual do ex-presidente americano e atual candidato. Não foram poucas as vezes que o músico usou a música do grupo em eventos promocionais políticos, o que desagradou não apenas Neal, como também Perry.

No início do ano, o baterista Deen Castronovo chegou a dizer que a situação havia sido consertada. Ele declarou, também ao Ultimate Classic Rock:

“Estão todos se dando bem e trabalhando juntos. É um jato novamente em vez de dois. Eles estão administrando isso como um negócio, que é o que sempre deveria ter sido. Houve muita turbulência em ambos os campos e ninguém falava. Esse era o problema. Agora, estão todos conversando, se comunicando e está funcionando muito bem.”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 22 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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