A curiosa resposta de Greyson Nekrutman a convite para entrar no Sepultura

Baterista brincou ao comparar guitarrista Andreas Kisser a "namorada agressiva" e disse que precisou pedir autorização dos pais para sair em turnê

A diferença de idade entre baterista e demais integrantes do Sepultura aumentou com a saída de Eloy Casagrande, 33 anos, e a chegada de Greyson Nekrutman, que completou 22 no último mês de junho. Seus colegas — o vocalista Derrick Green, o guitarrista Andreas Kisser e o baixista Paulo Xisto — estão na casa dos 50.

Isso rendeu uma interação curiosa quando Kisser convidou Nekrutman para se juntar à banda, no início deste ano. O músico americano a revelou em entrevista ao podcast One Life One Chance with Toby Morse (transcrição via Blabbermouth).

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Inicialmente, Greyson disse que Chloe Trujillo, esposa de Robert Trujillo (baixista do Metallica e ex-Suicidal Tendencies) lhe mandou uma mensagem perguntando se poderia compartilhar o número dele com o baixista do grupo brasileiro, Paulo Xisto. Ele continua:

“Umas cinco horas depois, recebo uma DM (mensagem direta em rede social) de Andreas, muito legal e direto: ‘Ei, cara, eu amo seu trabalho, blá blá blá, posso te ligar? Tenho algo que gostaria de falar com você’. Mandei meu WhatsApp. Daí contei para meus pais, que ficam tipo: ‘Bem, o que diabos está acontecendo?’ Meus pais acham que estou brincando. Não me precipitei, porque não sabia o que era.”

A partir daqui, o baterista diz que a história fica “engraçada” e admite que nunca havia contado nada para Derrick Green, que também participava do podcast.

“Marquei a ligação com Andreas para tipo às 14h. Acordei, fui para a academia, aí Andreas me manda mensagem: ‘Ei, minha reunião ao meio-dia foi cancelada, posso te ligar ao meio-dia?’. Fiquei pensando: ‘Caramba, é quase como uma namorada agressiva’. Mas concordei. Estou no meu quarto, atendo e ele diz: ‘Ei cara, amo seu trabalho. Estou meio que em uma situação complicada. Eloy saiu da banda ontem. Temos essa turnê planejada há muito tempo, que começa muito em breve. Tenho as datas marcadas’. Lembro de estar no meu quarto e ter uma sensação estranha, não positiva ou negativa, mas tipo… sabe quando você acabou de aprender a dirigir, tem que dirigir na estrada e vê que é algo que precisa fazer? Você tem que fazer. Não tem escolha.”

De início, porém, Greyson pensou que seria apenas um show. Demorou até cair a ficha de que seria uma turnê inteira — e que precisaria pedir autorização aos pais, devido à sua idade.

“Andreas disse: ‘Acho que Eloy vai para o Slipknot, pois não sei por que ele sairia de forma tão abrupta’. Abri a agenda do Slipknot e vi que realmente começava em abril ou maio. Então, Andreas perguntou se eu estava interessado (em fazer os shows com o Sepultura) e eu disse que sim, mas que precisava falar com meus pais [risos]. E Andreas falou: ‘ok’ [risos].”

Para se ter ideia: quando Nekrutman nasceu, em 13 de junho de 2002, o Sepultura promovia o álbum “Nation”, lançado no ano anterior. Ou seja, sua existência sequer contempla o período mais bem-sucedido comercialmente da banda da qual faz parte atualmente.

Greyson Nekrutman, baterista do Sepultura (Foto: Yndi Nunes @yndinunesfoto)

Reunião com os pais de Greyson Nekrutman

Em outra entrevista, ao Music Thunder Vision, Andreas Kisser já havia revelado que precisou conversar com os pais de Greyson Nekrutman a respeito de sua entrada para o Sepultura. Ele relata:

“Liguei para ele no dia seguinte que o Eloy disse que ia sair e falei o que aconteceu, que estávamos precisando e pensando nele. Ele disse: ‘Pô, curti para caramba, mas preciso falar com meu pai e com minha mãe’. O cara tinha 21 anos, né? Eu falei: ‘Beleza’. No dia seguinte, armamos uma ligação com o pai, a mãe, ele, nossos empresários, e tudo mais. Eles fizeram várias perguntas.”

Ao contrário do que alguns podem imaginar, a atitude deixou uma impressão positiva para o grupo. O guitarrista brasileiro afirma:

“Foi sensacional, cara. Que legal uma família assim, exemplar. Ele tem 21 anos, agora 22, muito jovem. O pai dele, que não é do business, mas toma conta do filho, perguntou sobre a segurança, como seriam as viagens, quantos shows no ano, seguro de saúde, enfim, perguntas pertinentes. Em poucas horas, resolvemos tudo. Em 48 horas, depois que o outro anunciou a saída, o Greyson estava fechado e daí ele mergulhou no repertório.”

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Foto: Edu Defferrari

O desespero de Derrick Green

De volta à entrevista para o podcast One Life One Chance with Toby Morse, Derrick Green revelou pela primeira vez seu sentimento após descobrir que Eloy Casagrande estava de saída do Sepultura. O baterista deixou o grupo no último mês de fevereiro, às vésperas do início da turnê de despedida “Celebrating Life Through Death”, para se juntar ao Slipknot.

Derrick, que é americano e reside nos Estados Unidos, contou que não participou da reunião onde Eloy compartilhou a notícia com seus colegas. Inicialmente, ele disse:

“Já havíamos anunciado, em dezembro de 2023, que faríamos uma turnê de despedida. Começaríamos a fazer shows e Andreas (Kisser, guitarrista) me ligou para dizer que já estava tudo pronto para fazermos ensaios e que eu poderia ir para o Brasil. Eu estava acordando e arrumando minhas coisas para viajar no dia seguinte quando Andreas me ligou (para dar a notícia).”

Green continua o relato:

“Andreas disse: ‘Ele saiu’. Perguntei: ‘O que você quer dizer? Do que você está falando? Quem está fora?’ E então ele falou: ‘É, Eloy está fora’. Meio que entrei em um buraco negro, tipo: ‘Do que você está falando?’. Foi surreal, em câmera lenta. Até perdi o fôlego. E ele explicou tudo.”

O cantor declarou ter ficado “em choque”, especialmente porque o baterista, membro da banda por mais de uma década, rompeu de forma imediata. Ele disse:

“Eloy chamou uma reunião com todos da banda e empresários, e eu não estava lá. Ele chegou e foi tipo: ‘Arrumei outro trabalho. Assinei um contrato. E estou fora’. Eu estava tentando entender, porque tocávamos há 13 anos com esse cara. Fiquei realmente em choque, tipo: ‘Cara, o que vamos fazer?’.”

O Sepultura durante show no Knotfest Brasil, com Derrick Green, Eloy Casagrande e Andreas Kisser
Foto: Jeff Marques @jeffmaarques_

Em seguida, Derrick relembrou o histórico de mudanças na formação do Sepultura. Ele próprio se juntou à banda após o frontman Max Cavalera ter saído, em 1996. Outro membro fundador, o baterista Iggor Cavalera, rompeu com o grupo uma década depois.

“Já estivemos nessa posição de mudanças tão loucas. Tenho certeza de que quando Max saiu, Andreas ficou nessa posição, tipo: ‘O que vamos fazer?’. E então quando Jean (Dolabella) saiu e Iggor saiu: ‘O que vamos fazer?’. Não seria a primeira vez de caos total.”

Curiosamente, porém, Andreas Kisser já tinha uma solução. O guitarrista já pensava no nome de Greyson Nekrutman para a vaga.

“Estou no telefone com Andreas e ele diz: ‘Meu filho me mostrou um vídeo do Greyson’. Pensei: ‘Greyson, ele está no Suicidal (Tendencies), sim, acabei de ver um show com ele’. Ele disse que pensava em ligar para ele e eu concordei, tipo: ‘você deveria ligar para ele imediatamente’. Então, ele foi atrás do número do Greyson. Pensei: ‘ele está tocando com o Suicidal, talvez tenha algumas datas livres’. Entramos em pânico, porque não tínhamos ideia do que fazer. Não esperávamos isso de jeito nenhum.”

Sepultura e “Celebrating Life Through Death”

O Sepultura segue na turnê “Celebrating Life Through Death”, que marca o encerramento de suas atividades. Além das datas de uma segunda etapa no Brasil sendo cumpridas no momento, América do Norte e Europa receberão o giro ainda em 2024. A expectativa é que o giro se estenda ao menos até o ano que vem.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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