A música mais importante da carreira de Charlie Watts, segundo Keith Richards

Composição é a mais política de toda a história dos Rolling Stones, criticando a violência do estado contra o cidadão comum

Charlie Watts foi o estranho no ninho que melhor se instalou na história do rock. Versado no jazz, sua grande paixão, o baterista fez história nos Rolling Stones, permanecendo como membro até sua partida deste mundo, ocorrida em agosto de 2021.

Entre as várias performances memoráveis, Keith Richards possui uma que entende ser a mais marcante. Ela foi registrada nas gravações do álbum “Beggars Banquet”, em 1968 e se tornaria um hino de rebelião da banda que mais subverteu as convenções sociais em sua geração.

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Destacou o guitarrista em 2013, com declaração resgatada pelo Far Out Magazine através do fansite Time is On Our Side:

“Na verdade, acho que ‘Street Fighting Man’ é o registro mais importante de Charlie Watts. Ouça-o lá — tem essa sonoridade Wall of Sound (técnica desenvolvida pelo produtor Phil Spector criando uma estética orquestral mesmo sem instrumentos clássicos) enquanto ele bate no kit de encaixe e no tambor maior.”

O baterista Charlie Watts, durante show dos Rolling Stones em 2017
Charlie Watts, durante show dos Rolling Stones em 2017 (foto: Ben Houdijk / Depositphotos)

O parceiro criativo de Mick Jagger também exaltou a coragem do grupo para fugir dos padrões.

“Quando você experimenta, do jeito que fizemos como uma banda, as menores coisas podem acontecer e se tornarem um grande negócio. Você só precisa de determinação para chegar lá. É incrível o que pode acontecer quando você tem os instrumentos certos — e a quantidade certa de eco (risos).”

Rolling Stones e “Street Fighting Man”

Considerada a música mais política da carreira dos Rolling Stones, “Street Fighting Man” aborda as manifestações sociais que ocorriam à época na América do Norte e Europa – ênfase na França -, violência do estado contra a população e a falta de perspectivas para a então nova geração.

Por conta de seu conteúdo controverso, foi boicotada por estações de rádio, especialmente em regiões conservadoras dos Estados Unidos, já que era uma declaração aberta contra a Guerra do Vietnã. A justificativa foi de que ela poderia “incitar uma revolução entre os jovens”.

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Cunhou a icônica frase: “Mas o que pode um garoto pobre fazer se não for cantar em uma banda de rock and roll?”

Sobre “Beggars Banquet”

Sétimo álbum da discografia britânica dos Rolling Stones, “Beggars Banquet” marcou o retorno a um som mais cru e direto após a psicodelia de “Their Satanic Majesties Request” (1967). Foi o último disponibilizado enquanto Brian Jones ainda estava vivo – “Let It Bleed” (1969) contou com sua participação, mas ele já havia falecido quando foi lançado. Vendeu mais de 4 milhões de cópias em todo o mundo.

A faixa de abertura, “Sympathy For the Devil”, contava com inspiração rítmica em samba. Também causou polêmica por conta da letra que era narrada em primeira pessoa por um entidade que supostamente seria o diabo.

Sobre Charlie Watts

Nascido em Bloomsbury, distrito ao oeste de Londres, Charles Robert Watts começou a tocar bateria na adolescência, influenciado pelos discos que colecionava. Paralelamente, era um estudante de artes gráficas, o que o fez ser voz atuante nas criações de capas de discos e designs de palco na sua futura banda.

Em 1962 foi convidado por Alexis Korner a se juntar ao Blues Incorporated, que contou com outros músicos que ajudaram a escrever a história do rock britânico nas décadas posteriores. Paralelamente ao trabalho que o consagrou, teve projetos ligados ao jazz, com o Charlie Watts Quintet e o The ABC&D Of Boogie Woogie.

Morreu em 24 de agosto de 2021, após ter passado por uma série de problemas cardíacos. Chegou a participar de parte das gravações de “Hackney Diamonds” (2023) álbum mais recente dos Rolling Stones. Seu substituto nos shows, Steve Jordan, concluiu as partes restantes.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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