Como era tocar na Rússia pós-União Soviética, segundo Andreas Kisser

Guitarrista do Sepultura destaca ambiente extremamente pobre e grande evolução uma década mais tarde

Na atualização mais recente, o Sepultura contabilizou passagens por 77 países diferentes para shows. Pelo caminho, uma série de histórias e curiosidades. Entre elas, relações com os países do bloco soviético, incluindo uma visita realizada logo após a separação original da união federativa – que geraria outras divisões posteriores.

Durante entrevista ao podcast Music Thunder Vision, do VJ e apresentador Luiz Thunderbird, o guitarrista Andreas Kisser relembrou a experiência da primeira viagem à Rússia, feita pouco tempo depois do restabelecimento da nação como um território avulso.

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Ele disse, conforme transcrição do site IgorMiranda.com.br:

“Tocamos lá em 1992. Tinha três anos que o muro (de Berlim, na Alemanha) tinha caído. Lituânia e Letônia estavam completamente destruídas — não de guerra, mas de sociedade. Na Lituânia, nós fomos em Vilnius, a capital.”

O choque de realidade aconteceu em dois momentos: a impressão inicial e a que ocorreria uma década mais tarde. Ele afirma:

“No mercado, os caras estavam vendendo flor morta, umas cabeças de porco, tinha fila pra pegar um pedaço de pão. Dez anos depois nós voltamos e já era outro país. Um dos mais lindos, organizados e modernos do mundo. É maravilhoso. Estônia, Letônia, Lituânia… Nós fomos ali em 1992, quando estavam saindo daquela coisa do comunismo, União Soviética, etc. Ainda assim, nós tocamos lá só com bandas locais, fazendo viagens só de trem. Moscou, São Petersburgo, Vilnius e Riga foram as quatro cidades que a gente fez.”

O instrumentista aproveitou para recordar a experiência de ingressar em uma empresa que simboliza o capitalismo e o mundo consumista em pleno leste europeu.

“Fomos no McDonald’s de Moscou. Não porque fosse legal, mas porque o McDonald’s em Moscou é muito exótico. Teve uma noite que os caras conseguiram carne pra gente comer, foi um jantar meio escondido. Era muito dinheiro, um montão de dinheiro que não valia nada. Era mais como um souvenir do que realmente uma grana. E a galera passando fome, passando um período de transição muito brutal.”

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O significado dos shows do Sepultura para Andreas Kisser

Andreas Kisser ainda destacou entender que as apresentações realizadas tinham um significado maior que o da música em si. Ele comenta:

“Acho que fazia parte de um processo de reconstrução cultural, estímulo, motivação… Enfim, seja lá o que for. Foram shows incríveis.”

Em uma troca de ideias com Thunder, Kisser mencionou outros países “fora do eixo” que marcaram. Enquanto o condutor do papo citou Indonésia e Índia, o músico elencou Geórgia, Armênia e Cuba.

“Celebrating Life Through Death”, a turnê de despedida

No momento, o Sepultura realiza aquela que é divulgada como sua última turnê. A “Celebrating Life Through Death” está em sua segunda etapa brasileira, após uma passagem por outros países da América Latina. Nos últimos meses de 2024, o giro se estende por América do Norte e Europa.

A banda mais bem-sucedida da história do metal nacional sai de cena com 20 milhões de cópias vendidas em todo o planeta dos seus 15 álbuns de estúdio. Desde a fundação em Belo Horizonte, no ano de 1984, o grupo sofreu uma série de mudanças de formação, mas jamais interrompeu atividades.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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