O show dos Rolling Stones em Havana, Cuba, se tornou uma referência de apresentações estrangeiras no país, após anos de embargo. Porém, o evento foi realizado apenas em 2016. O Audioslave passou pela capital local em 2005. Três anos mais tarde, foi a vez do Sepultura.
Em recente participação no podcast Thunder Music Vision, conduzido pelo VJ e apresentador Luiz Thunderbird, o guitarrista Andreas Kisser compartilhou algumas memórias sobre o concerto.
Ele disse, conforme transcrevemos:
“Foi maravilhoso. Tocamos para 80 mil pessoas no Malecón. Na frente da tribuna anti-imperialista. Sensacional! Foi surreal, cara. Foi o primeiro show de heavy metal de uma banda estrangeira. O Audioslave tinha tocado lá, fez até um DVD. Mas o Sepultura foi uma banda de metal.”
De acordo com Andreas – e de forma até esperada –, o grupo precisou driblar algumas adversidades pelo caminho. Porém, ele entende que foi necessário, tendo em vista o significado além da música.
“A gente não pôde ter bandas de abertura porque não tinha condições técnicas. Não tinha mesa de som. Nós levamos inclusive amplificadores, caixa, que a gente deixou lá. Devolveu algumas coisas de backline. Fomos sem cachê também. Foi uma grande ação simbólica que ajudou a pagar alguns custos. Mas a gente queria muito ir para lá. Conhecer e tudo. E, cara, deu 80 mil pessoas.”
Sepultura em Cuba
Apesar de ter consciência do fator histórico, Kisser reconhece que não imaginava a repercussão que o show alcançaria. A ponto de o principal conglomerado noticioso americano ter registrado o evento.
“A cidade inteira foi assistir o negócio. A CNN Internacional estava lá fazendo uma reportagem e tudo. Nós fomos para Santa Clara, onde tem o monumento ao Che, onde tem umas partes do corpo dele. Onde começou, passou aquela coisa da revolução, aquela coisa histórica.”
E apesar da impossibilidade de dividir o palco, o grupo fez questão de interagir com a cena local.
“As bandas, como eu estava dizendo, não puderam tocar. Mas dois dias antes do show, eles fizeram uma apresentação só para a gente. Colocaram quatro cadeiras na frente do palco e subiram cinco ou seis bandas de metal de Cuba. Cada uma tocou duas músicas. Foi muito emocionante. O respeito e a vontade de mostrar. E sabe como é Cuba? São músicos excepcionais. Todo mundo tocando para caralho. Os estudantes de músicas todos aprendem piano. É louco isso. É muito louco isso. E foi uma experiência maravilhosa.”
À época, além de Andreas, o Sepultura contava com o vocalista Derrick Green e o baixista Paulo Xisto Jr, presentes até hoje. A bateria era tocada por Jean Dolabella. Ele sairia em 2011, cedendo lugar a Eloy Casagrande – atual Slipknot e recentemente substituído por Greyson Nekrutman.
Uma matéria do CLP TV, canal de notícias de língua portuguesa sediado na França, pode ser conferida abaixo.
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