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Quando Ritchie Blackmore fez roadies impedirem que Graham Bonnet cortasse cabelo

Vocalista não incorporava o visual “headbanger” que se esperaria de um substituto de Ronnie James Dio no Rainbow

O visual de Graham Bonnet é o total oposto do que os fãs do Rainbow esperariam de um vocalista que substituiria Ronnie James Dio. Ainda assim, o cantor fez sua parte, gravou o álbum “Down to Earth” (1979) e fez a turnê, pedindo as contas logo após o show como atração principal do primeiro Monsters of Rock, em 1980.

O cabelo bem armado, com um topete a la anos 1950 destoava da cabeleira headbanger que identificava não apenas os músicos, mas também os fãs. Porém, o que muitos não sabem era que a ideia era ter um corte ainda mais curto. Ritchie Blackmore fez de tudo para impedir, o que gerou uma celeuma entre os dois.

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Lembrou o guitarrista ao The Guardian em 2017, conforme resgate do Rock and Roll Garage:

“Éramos uma banda de cabeludos. Em 1979, todo mundo usava jeans e tinha cabelo desgrenhado. Mas ele parecia um homem de cassino de Las Vegas. Tinha uma voz tão boa que pensamos: ‘Ah, não importa. Vamos apenas fazer com que ele cresça o cabelo nas pontas.’ Mas ele nunca gostou disso.”

Três meses antes do primeiro show da então nova formação do Rainbow no Reino Unido, Blackmore disse a Bonnet para deixar o cabelo crescer. Quando o dia chegou, o frontman queria cortar. A solução foi “apelar”.

“Tínhamos um roadie vigiando o camarim, para impedi-lo de sair. Porque ele estava ameaçando cortar o cabelo. Era muito mesquinho. Mas tinha se tornado uma obsessão para mim. Mas ele saiu pela janela de trás e foi fazer o que queria. Eu não o vi até subirmos no palco e, com certeza, ele tinha cortado bem curto. Estava fazendo isso só para me irritar. Levei como um insulto e não nos falamos mais.”

A versão do cantor

Ao Vintage Rock Pod em 2023, conforme transcrição do BraveWords, Graham apresentou sua versão do imbróglio. Ele recordou:

“Ritchie exagera um pouco quando conta essa história. Sempre acrescenta algo diferente, fico surpreso que ainda seja assunto depois de todos esses anos. O que realmente aconteceu foi que estávamos, não me lembro, talvez na Escócia. Minha ex-esposa estava junto e meu cabelo estava ficando grande. Andávamos pela cidade, acho que era Edimburgo. Eu disse a ela: ‘Vou cortar o cabelo enquanto você vai às compras.’ Foi tudo o que fiz. Não havia nenhum guarda na porta ou algo assim. Na verdade, eu vi nosso road manager, digamos, há uns três meses, e nós estávamos conversando e rindo daquela história. Ele disse: ‘Eu não fui colocado na porta para te guardar.’”

A parte de o patrão ter descoberto apenas no palco, no entanto, realmente foi verdadeira.

“Ritchie não me viu o dia todo, mas era normal, nunca nos encontrávamos. Era sempre só na hora do show. E eu meio que cheguei por último. Eles estavam fazendo a introdução da música ‘Eyes Of The World’, que abria o show. Passei correndo, ele olhou para mim, ficou pasmo e desapareceu. Foi para trás dos amplificadores e não saiu. Tocou lá a noite toda.”

A briga de verdade só viria a acontecer no dia seguinte. Sem partir para o físico, garante o vocalista.

“No dia seguinte, Ritchie convocou uma reunião. Ele disse: ‘Quero ver todo mundo no meu quarto.’ Fomos todos para o quarto dele no Holiday Inn em algum lugar, e entramos. Nós pensamos que era algo realmente sério. Ele olhou para mim e disse: ‘É o cabelo do Graham.’ E todo mundo caiu na gargalhada – ‘O quê? Você convocou uma reunião sobre isso?’ e Cozy (Powell, baterista) apenas falou: ‘oh, pelo amor de Deus.’ Você pode imaginar o que ele disse, me dá um tempo. E todo mundo disse, ‘e o cabelo dele?’ ‘Bem, ele cortou. Eu pensei que ele estava implicando comigo. Eu pensei que ele estava me insultando ao cortar o cabelo porque eu estou sempre dizendo que o cabelo dele é muito curto.’”

Apesar do desfecho com sua saída, Bonnet garante não guardar mágoas do genial e genioso músico.

“Na hora eu só consegui pensar que ele era um completo idiota. Mas Deus abençoe Ritchie. Como eu disse, toda vez que ele dá entrevista traz isso à tona. E é mágico, porque eu não achei que estava fazendo nada demais aquele dia. Mas não tinha guarda na porta e eu não saí pela janela. O que ele vai acrescentar na próxima vez que contar a história? Que eu fui atropelado por um carro?”

Sobre Graham Bonnet

Nascido em Lincolnshire, Inglaterra, Graham Bonnet teve carreira como cantor pop e de jingles nos anos 1970, além de alguns trabalhos como ator. No final da década, substituiu Ronnie James Dio no Rainbow. Gravou o álbum “Down To Earth”, fez a turnê e saiu.

Após breve passagem pelo Michael Schenker Group, formou o Alcatrazz. A banda contou com Yngwie Malmsteen e Steve Vai entre seus guitarristas. Ainda gravou com Impellitteri, Blackthorne, Anthem e Forcefield, entre outros.

Atualmente comanda a Graham Bonnet Band. O álbum mais recente, “Day Out In Nowhere”, saiu em 2022. Também prepara o retorno de sua formação do Alcatrazz, enquanto os instrumentistas seguiram com Doogie White nos vocais – curiosamente, outro ex-Rainbow.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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O cabelo bem armado, com um topete a la anos 1950 destoava da cabeleira headbanger que identificava não apenas os músicos, mas também os fãs. Porém, o que muitos não sabem era que a ideia era ter um corte ainda mais curto. Ritchie Blackmore fez de tudo para impedir, o que gerou uma celeuma entre os dois.

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Lembrou o guitarrista ao The Guardian em 2017, conforme resgate do Rock and Roll Garage:

“Éramos uma banda de cabeludos. Em 1979, todo mundo usava jeans e tinha cabelo desgrenhado. Mas ele parecia um homem de cassino de Las Vegas. Tinha uma voz tão boa que pensamos: ‘Ah, não importa. Vamos apenas fazer com que ele cresça o cabelo nas pontas.’ Mas ele nunca gostou disso.”

Três meses antes do primeiro show da então nova formação do Rainbow no Reino Unido, Blackmore disse a Bonnet para deixar o cabelo crescer. Quando o dia chegou, o frontman queria cortar. A solução foi “apelar”.

“Tínhamos um roadie vigiando o camarim, para impedi-lo de sair. Porque ele estava ameaçando cortar o cabelo. Era muito mesquinho. Mas tinha se tornado uma obsessão para mim. Mas ele saiu pela janela de trás e foi fazer o que queria. Eu não o vi até subirmos no palco e, com certeza, ele tinha cortado bem curto. Estava fazendo isso só para me irritar. Levei como um insulto e não nos falamos mais.”

A versão do cantor

Ao Vintage Rock Pod em 2023, conforme transcrição do BraveWords, Graham apresentou sua versão do imbróglio. Ele recordou:

“Ritchie exagera um pouco quando conta essa história. Sempre acrescenta algo diferente, fico surpreso que ainda seja assunto depois de todos esses anos. O que realmente aconteceu foi que estávamos, não me lembro, talvez na Escócia. Minha ex-esposa estava junto e meu cabelo estava ficando grande. Andávamos pela cidade, acho que era Edimburgo. Eu disse a ela: ‘Vou cortar o cabelo enquanto você vai às compras.’ Foi tudo o que fiz. Não havia nenhum guarda na porta ou algo assim. Na verdade, eu vi nosso road manager, digamos, há uns três meses, e nós estávamos conversando e rindo daquela história. Ele disse: ‘Eu não fui colocado na porta para te guardar.’”

A parte de o patrão ter descoberto apenas no palco, no entanto, realmente foi verdadeira.

“Ritchie não me viu o dia todo, mas era normal, nunca nos encontrávamos. Era sempre só na hora do show. E eu meio que cheguei por último. Eles estavam fazendo a introdução da música ‘Eyes Of The World’, que abria o show. Passei correndo, ele olhou para mim, ficou pasmo e desapareceu. Foi para trás dos amplificadores e não saiu. Tocou lá a noite toda.”

A briga de verdade só viria a acontecer no dia seguinte. Sem partir para o físico, garante o vocalista.

“No dia seguinte, Ritchie convocou uma reunião. Ele disse: ‘Quero ver todo mundo no meu quarto.’ Fomos todos para o quarto dele no Holiday Inn em algum lugar, e entramos. Nós pensamos que era algo realmente sério. Ele olhou para mim e disse: ‘É o cabelo do Graham.’ E todo mundo caiu na gargalhada – ‘O quê? Você convocou uma reunião sobre isso?’ e Cozy (Powell, baterista) apenas falou: ‘oh, pelo amor de Deus.’ Você pode imaginar o que ele disse, me dá um tempo. E todo mundo disse, ‘e o cabelo dele?’ ‘Bem, ele cortou. Eu pensei que ele estava implicando comigo. Eu pensei que ele estava me insultando ao cortar o cabelo porque eu estou sempre dizendo que o cabelo dele é muito curto.’”

Apesar do desfecho com sua saída, Bonnet garante não guardar mágoas do genial e genioso músico.

“Na hora eu só consegui pensar que ele era um completo idiota. Mas Deus abençoe Ritchie. Como eu disse, toda vez que ele dá entrevista traz isso à tona. E é mágico, porque eu não achei que estava fazendo nada demais aquele dia. Mas não tinha guarda na porta e eu não saí pela janela. O que ele vai acrescentar na próxima vez que contar a história? Que eu fui atropelado por um carro?”

Sobre Graham Bonnet

Nascido em Lincolnshire, Inglaterra, Graham Bonnet teve carreira como cantor pop e de jingles nos anos 1970, além de alguns trabalhos como ator. No final da década, substituiu Ronnie James Dio no Rainbow. Gravou o álbum “Down To Earth”, fez a turnê e saiu.

Após breve passagem pelo Michael Schenker Group, formou o Alcatrazz. A banda contou com Yngwie Malmsteen e Steve Vai entre seus guitarristas. Ainda gravou com Impellitteri, Blackthorne, Anthem e Forcefield, entre outros.

Atualmente comanda a Graham Bonnet Band. O álbum mais recente, “Day Out In Nowhere”, saiu em 2022. Também prepara o retorno de sua formação do Alcatrazz, enquanto os instrumentistas seguiram com Doogie White nos vocais – curiosamente, outro ex-Rainbow.

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João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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