O solo que Marty Friedman precisou gravar quase 200 vezes até acertar

Registro de 2010 era uma versão para música que se tornou sucesso mundial em dueto de cantores

Marty Friedman não parece ser o guitarrista que se sentiria limitado a tentar tocar algo fora do padrão habitual de sua carreira. No entanto, isso acontece com todos, especialmente aqueles que possuem um espírito aventureiro. Houve uma música que o artista teve dificuldade ao gravar, no caso, um cover.

Em 2010, o americano radicado no Japão lançou o álbum “Bad D.N.A.”. A faixa de encerramento era uma versão para “Time to Say Goodbye“, sucesso em um dueto protagonizado por Sarah Brightman e Andrea Bocelli. A original, criada pelo compositor Lucio Quarantotto, se chama “Con Te Partirò”.

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Durante entrevista ao American Songwriter, o instrumentista falou sobre os percalços que enfrentou durante o registro. Ele disse:

“Há um solo principal que era questão de vida ou morte para a versão ficar boa ou não. Porque o meu registro é instrumental, enquanto Sarah Brightman e Bocelli são vocalistas fantásticos, com alcances e expressões maravilhosas. Fazer um cover daquela música requer muita coragem e talvez um pouco de estupidez.”

Há uma passagem que precisou ser gravada um número abismal de vezes até sair do jeito que o protagonista desejava. O próprio confessa ter perdido a conta durante as sessões.

“Lembro-me de perguntar ao engenheiro em determinado momento: ‘quantas tomadas já foram?’ Ele disse: ‘tipo, 149’. E eu ainda não tinha terminado. Decidi: ‘bem, vamos continuar, não importa o quanto seja preciso’. O solo de guitarra principal estava no auge da música, ou a ‘parte boa’, por assim dizer. Tinha grandes expectativas sobre como me sentiria quando o tocasse.”

Friedman deixa claro que não interessa quanto trabalho seja necessário, o importante é alcançar o objetivo.

“Não me importo com nada além do resultado final, quero ficar animado e satisfeito quando estiver pronto. Então, não tenho problemas em tentar muitas, muitas ideias. Desta vez, levou cerca de 150 a 200 takes. Foi reconhecidamente muito frustrante, mas um bom clímax de uma música vale o esforço. Tenho certeza de que os engenheiros e técnicos não conseguiam dizer a diferença entre a tomada 25 e a 175, mas eu estava esperando que essa mágica acontecesse nas nuances. Finalmente consegui. Na época foi uma chatice, mas no segundo em que foi feito, esqueci completamente o quão difícil havia sido.”

Confira o registro no player abaixo ou clicando aqui. O momento específico a que Marty se refere acontece entre 2min40seg e 3min02seg.

Como quase tudo que Marty Friedman lançou naquele período, “Bad D.N.A.” ganhou distribuição exclusiva no mercado nipônico. Apenas dois anos após o lançamento original foi receber versão nos Estados Unidos.

Sobre Marty Friedman

Nascido em Washington D.C., Estados Unidos, Marty Friedman despontou como integrante do Cacophony, com o também guitarrista Jason Becker, que lançou dois discos. Até hoje participa de projetos ligados ao amigo, que está impossibilitado de se comunicar de outra forma que não com os olhos por conta da Esclerose Lateral Amiotrófica.

Entre 1990 e 2000 foi integrante do Megadeth, participando da fase mais bem-sucedida da banda. Nos últimos anos, se reuniu com a formação mais recente para uma série de participações especiais.

Em 2003 se mudou para o Japão, onde vive desde então. Tornou-se figura pública reconhecida, participando de programas televisivos populares e eventos tradicionais do país. Também participou de trabalhos do Ayreon, Fozzy, Firewind, Kiko Loureiro, James LaBrie e Tourniquet, entre outros.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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