Gojira sentiu pressão por representar comunidade metal na Olimpíada, diz Joe Duplantier

Banda foi a primeira da história do estilo a se apresentar em uma cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos

Como já noticiado, o Gojira foi um dos destaques da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, na última sexta-feira (26). A primeira banda de metal a se apresentar na história do evento tocou ao lado da cantora operística Marina Viotti.

A performance conjunta fez parte do terceiro ato da cerimônia, “Liberté”, e mostrou uma representação da rainha francesa Maria Antonieta decapitada — algo que de fato ocorreu durante a Revolução Francesa de 1798, que pôs fim à monarquia. Nesse cenário — que incluía um castelo, sangue e muitas chamas —, o grupo de som pesado e a artista de ópera se uniram para executar uma versão de “Ça Ira”, canção que marcou o período.

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Não foi fácil. O vocalista e guitarrista Joe Duplantier revelou, em entrevista ao New York Times, que ele e seus colegas de banda — Mario Duplantier (bateria, irmão de Joe), Christian Andreu (guitarra) e Jean-Michel Labadie (baixo) — sentiram uma pressão diferente, pois tinham como missão representar toda a cena heavy metal e seus respectivos fãs em um evento transmitido para todo o mundo.

O frontman destacou que desejava passar orgulho para “toda a comunidade do metal no cenário mundial” com a apresentação. Além disso, reconheceu que a música e o ato eram apropriados para o som pesado que praticam.

“Foi uma era muito sangrenta da história francesa. Então foi muito metal.”

Por meio do Instagram, Mario Duplantier reforçou o ponto do irmão. O baterista declarou que a performance representou “um grande passo para a comunidade do metal”.

“Que tremenda honra fazer parte desta cerimônia ambiciosa e épica em Paris. Tenho que admitir que bater cabeça na frente de um bilhão de pessoas e espancar a bateria o mais forte que pude em um cenário revolucionário feito de fogo e sangue foi uma experiência muito gratificante! Também foi um grande passo para a comunidade do metal. Um agradecimento especial a Victor le Masne (diretor musical) e Daphne Burki (diretora de figurino).”

Sem cachê

Outros artistas se apresentaram durante a cerimônia. Céline Dion homenageou Édith Piaf ao apresentar uma versão de “Hymne à l’Amour” do alto da Torre Eiffel. A performance representou certo retorno para a cantora, que, desde 2022, lida com complicações da Síndrome da Pessoa Rígida (SPR).

Segundo apuração inicial do TMZ, a artista teria recebido US$ 2 milhões (cerca de R$ 11,2 milhões na cotação atual) para cantar no evento. Porém, de acordo com a imprensa francesa, a informação não procede.

O jornal local La Parisiense destacou que nenhum dos artistas ganhou cachê para tocar. Apenas as despesas relacionadas a transporte, hospedagem e produção acabaram custeadas pela comissão organizadora.

No caso de Céline, para a participação, a cantora chegou em um jato saído de Las Vegas, nos Estados Unidos, onde mora. Depois, ficou no hotel cinco estrelas Royal Monceau — cujas diárias custam a partir de R$ 7 mil, conforme apontado pelo jornal O Globo.

O mesmo vale para Lady Gaga — que realizou uma apresentação previamente gravada —, para o Gojira e todas as outras atrações. Um porta-voz dos Jogos Olímpicos de Paris também garantiu ao Page Six que nenhum dos artistas ganhou cachê de qualquer valor e que tiveram assistências somente com os gastos mencionados.

Joe Duplantier, vocalista e guitarrista do Gojira, durante show em São Paulo em 2023 (foto: Gustavo Diakov / @xchicanox)

Disse a fonte:

“Ao contrário de alguns relatos publicados na mídia, os artistas nas cerimônias dos Jogos de Paris 2024 não receberão nenhum pagamento por suas apresentações. A decisão deles de se apresentar nessas condições reflete o desejo de fazer parte de um evento histórico para a França e para o mundo dos esportes.”

A lista de atrações também incluiu Sofiane Pamart e Juliette Armanet, em um dueto, além de Philippe Katerine, Cerrone, Aya Nakamura e o rapper francês Rim’K, do coletivo de hip-hop 113. Thomas Jolly assinou a direção do espetáculo, que foi um pouco diferente do habitual para os Jogos Olímpicos.

Sobre o Gojira

O Gojira foi fundado em Ondres, na França, em 1996, pelos irmãos Joe (vocal e guitarra) e Mario Duplantier (bateria). Completam a formação Christian Andreu (guitarra) e Jean-Michel Labadie (baixo). A banda era conhecida como Godzilla até 2001, quando mudou para a pronúncia japonesa nome do famoso monstro cinematográfico.

A sonoridade é um death metal com bastante groove e influências progressivas e a temática geralmente versa sobre questões ecológicas. O Sepultura, grupo brasileiro, é uma das grandes influências. Seu álbum mais recente, “Fortitude”, saiu em 2021.

Os franceses já tocaram 4 vezes no Brasil, incluindo duas apresentações no Rock in Rio, em 2015 e 2022. A última passagem aconteceu em 2023, com show único em São Paulo ao lado do Mastodon.

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Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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