Como Freddie Mercury agia em seus últimos dias, segundo Brian May

De acordo com guitarrista do Queen, saudoso cantor não chorava ou sentia pena de si mesmo apesar do estado de saúde fragilizado

Freddie Mercury morreu em novembro de 1991 aos 45 anos. O vocalista do Queen faleceu após uma broncopneumonia surgida como complicação da aids. Na verdade, desde 1987 o cantor já lutava contra a doença. No entanto, nunca mostrou-se afetado pela condição, segundo Brian May

Em entrevista ao canal AXS TV, o guitarrista relembrou os momentos finais ao lado do companheiro de banda. De acordo com seu relato, o saudoso amigo, mesmo vivendo uma batalha difícil, não agia de maneira desanimada. Pelo contrário: queria seguir normalmente com a vida. 

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Conforme transcrição da NME, o músico relembrou: 

“Fizemos o nosso último álbum, o ‘Made in Heaven’, com as faixas que Freddie nos deixou. Virou um verdadeiro trabalho de amor porque ele deixou trechos lindos. Ele não era nada dramático a respeito de seu estado. Eu nunca o vi chorar ou sentir pena de si mesmo. Ele nunca fez isso. Ele dizia ‘vamos continuar fazendo as coisas’. Freddie sempre foi inspirador. Se ele estivesse aqui agora, estaríamos fazendo o que sempre fazemos, tenho certeza.”

Também mencionou o período de luto diante da morte do artista:

“Sempre dissemos que se um de nós morresse, estaria tudo acabado. Então Roger [Taylor, baterista] e eu vivenciamos o luto ao máximo e pensamos que era o fim, passamos um bom tempo sem querer falar sobre isso.”

Anteriormente, ao The Times, o guitarrista deu uma declaração parecida. Conversando com o jornal britânico em 2019, o músico descreveu os últimos dias em que a banda trabalhou ao lado do saudoso vocalista da seguinte forma:

“O que fizemos foi continuar trabalhando normalmente, que era o que Freddie queria. Ele disse: ‘não quero que nada mude, vamos continuar fazendo o que sempre fizemos e amamos, vai ficar tudo bem’. Com certeza aqueles dias no final foram fabulosos, cheios de risadas e alegria. Ele era incrivelmente prático sobre tudo. Não houve nenhuma autopiedade de sua parte.”

O último encontro de Brian May e Freddie Mercury

Ao jornalista Felipe Branco Cruz, da Veja, Brian May contou sobre o último encontro que teve com Freddie Mercury.

De início, o guitarrista comentou que o cantor não estava bem fisicamente, mas que a visita feita dias antes de sua morte levantou seu astral. Como relatado, os dois assistiram juntos ao filme “Quanto Mais Idiota Melhor”, que trazia uma cena épica envolvendo a música “Bohemian Rhapsody”, do Queen:

“Ele estava confinado numa cama. Mostrava-se triste por não poder se levantar e olhar o jardim pela janela. Levamos uma fita do ‘Quanto Mais Idiota Melhor’, do Mike Myers. Ele assistiu ao filme e sorriu.”

Em seguida, Brian afirmou que os dois conversaram sobre vários assuntos diferentes — até que Freddie o interrompeu.

“De repente, ele disse: ‘Brian, você não precisa me entreter, você não precisa ficar conversando comigo. Estou muito feliz só por você estar aqui. Podemos aproveitar este momento. Não sinta que precisa fazer nada por mim’. Isso foi muito inspirador. Freddie sabia que não tinha muito tempo e estava feliz apenas por compartilhar os momentos de uma forma espiritual.”

O músico destacou mais uma vez que o amigo e parceiro de banda não era do tipo que ficava deprimido ou reclamava, mesmo ciente de que estava com uma doença sem cura.

“Nunca o ouvi reclamar. Alguns dias depois recebemos o telefonema avisando que Freddie tinha morrido. Embora soubéssemos que isso aconteceria, não conseguíamos acreditar. E, de repente, era isso.”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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