Quase três anos após ter acusado publicamente Adele de plágio, o compositor Toninho Geraes ingressou de forma oficial com um processo contra a artista. Ele destina a acusação para a cantora britânica, o produtor Greg Kurstin, a gravadora Sony Music e os selos XL Recordings e Beggars Group.
A música em questão seria “Million Years Ago”, faixa do álbum “25” (2015). De acordo com a acusação, ela reproduz em vários momentos a melodia da introdução de “Mulheres”, escrita pelo reclamante e originalmente gravada pelo sambista Martinho da Vila em 1995, no disco “Tá Delícia, Tá Gostoso”.
O escritor pede R$ 1 milhão de indenização. Em declaração à Folha, o advogado Fredímio Trotta declarou ter tentado um acordo extrajudicial. Sem sucesso, decidiu por ingressar com uma ação judicial.
A artista não se pronunciou. Além disso, ele alega que as companhias disseram não ter responsabilidade sobre a composição da obra, apenas sobre sua distribuição.
Quanto à demora para transformar a alegação em um caso, Trotta argumenta que foi feita uma análise minuciosa das partituras das duas canções. Com isso, se constatou que havia argumentos suficientes para alegar o plágio. Também foram desenvolvidas peças de áudio e vídeo sobrepondo as duas obras.
Outros indícios inclusos na petição envolve o fato de o produtor de Adele supostamente ter estudado MPB, além de uma professora de educação física da cantora ser brasileira, o que poderia a ter levado a tomar conhecimento da composição.
Vale ressaltar que a indenização diz respeito apenas a danos morais. O lucro com direitos autorais que teriam sido violados ainda são incalculáveis, dependendo de dados sigilosos de vendas e audiência, aos quais ele só terá acesso mediante a um mandado da Justiça.
Entenda a acusação
Em documentos obtidos pela revista Veja ainda no ano de 2021, o brasileiro alega que as notas da introdução de “Mulheres” seriam repetidas em vários momentos da música de Adele. A avaliação feita por Toninho Geraes aponta que 88 compassos, quase 90% da canção completa, teria sido reproduzida em “Million Years Ago”.
À revista, Geraes se limitou a dizer:
“Fiquei estarrecido quando me dei conta. A melodia e a harmonia são iguais. É uma cópia escancarada.”
Acusações de plágio são mais comuns do que se imagina, mas há uma coincidência neste caso. A mesma música de Adele já foi comparada com outras duas composições: uma lançada pelo turco Ahmet Kaya, chamada “Acilara Tutunmak”, e “Hay Amores”, gravada por Shakira em 2007.
Caso essas alegações também sejam provadas, similaridades com outras faixas podem ter sido descobertas. E mal dá para saber quem teria copiado quem, já que a composição de Kaya, lançada em 1985, é mais antiga que todas as outras.
Para ilustrar ainda mais a semelhança entre as músicas de Adele e Martinho da Vila, foi feito um mashup que coloca o sambista em dueto com a cantora britânica. E não é que combina? Ouça a seguir.
As visões de especialistas
Também em 2021, o portal G1 conversou com três advogados que deram seu parecer de como interpretariam o caso. Pelas opiniões, a situação é bem complexa. Eles explicaram que não há uma lei escrita determinando o que é plágio e o que não é. Nesse caso, o julgamento é feito levando em conta o que foi decidido em casos já encerrados.
Dois exemplos famosos são o de “Stairway to Heaven”, do Led Zeppelin, que teria sido plágio de “Taurus”, do Spirit; e “Do ya think I’m sexy”, de Rod Stewart, que comprovadamente plagiava “Taj Mahal”, de Jorge Ben Jor.
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