A valiosa lição que, sem querer, Layne Staley ensinou para Nuno Bettencourt

Guitarrista do Extreme ficou impressionado com a maneira com que o saudoso frontman do Alice in Chains lidava com as apresentações ao vivo

Enquanto o Extreme excursionava pelos Estados Unidos em 1990, o Alice in Chains ficou responsável pela abertura das apresentações. A turnê não foi necessariamente agradável para os artistas convidados, já que, de acordo com o guitarrista Jerry Cantrell, precisaram lidar com o ego da atração principal, além da imposição de inúmeras regras e plateias pequenas.

Fato é que, apesar da experiência negativa, ao menos Nuno Bettencourt levou uma importante lição do giro em divulgação ao álbum “Extreme II: Pornograffitti” (1990). O guitarrista do Extreme ficou impressionado com a maneira com que o vocalista Layne Staley lidava com as performances e, até hoje, lembra do que sentiu ao vê-lo ao vivo pela primeira vez.

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O assunto surgiu durante recente participação no podcast The Jay Jay French Connection, transcrita pela Guitar World. Primeiramente, o músico português revelou que, logo de cara, teve uma boa impressão do grupo grunge, que ainda começava sua carreira.

Ele disse:

“Quando o Extreme começou a fazer turnês, o Alice in Chains abria para nós, tocando para quase ninguém na plateia. Lembro de, durante o soundcheck, ver o Alice in Chains ao vivo pela primeira vez. Quando Layne Staley subiu ao palco e eles começaram a tocar ‘Man in the Box’ pensei ‘uau, isso que é uma passagem de som, é uma banda muito interessante, legal, grandes caras’.”

À época, não demorou para que também percebesse a paixão de Layne pela música. Em suas palavras, o saudoso frontman não precisava de público para cantar de maneira genuína. Era algo intrínseco, que não dependia do ambiente exterior.

Constatar tal fato mudou a maneira com que Bettencourt passou a encarar os shows e a si próprio como performer.

“Vi o show deles e quando acabou, lá estava Layne de novo, parado, de olhos fechados, apenas cantando. Lembro que um fã depois do show apareceu e falou: ‘cara, eu não entendo, Layne Staley simplesmente está parado lá, como se estivesse com sapatos de concreto’. Eu não conseguia tirar os olhos dele. Não conseguia. Pensava: ‘por que estou admirado?’. Percebi naquele dia que você não se apresenta para as pessoas. Você não prova nada para o público que te assiste. Você o leva contigo. Você o leva contigo em sua jornada.”

Por fim, mencionou como as apresentações são capazes de gerar conexões com a plateia a partir da confiança dos músicos em cima do palco:

“Quando eu estava assistindo Layne, pensei: ‘meu Deus, todo mundo acha que tocar é como estar competindo, como uma ginástica em você precisa medir seu desempenho’. Mas não é assim. É por isso que você volta para casa tendo vivido uma experiência. Como fã, você pensa ‘fod#-se, cara, eu estava lá naquele show’. Isso é o que músicos, guitarristas, qualquer um, precisa saber, só existe uma única versão de você. Ninguém mais pode fazer o que você faz.”

Layne Staley e Alice in Chains

Layne Staley morreu com apenas 34 anos de idade, em 5 de abril de 2002, devido a uma overdose de heroína com cocaína. O cantor sofreu com o vício e a depressão por anos até perder a própria vida.

À época, o Alice in Chains, que estava em hiato, encerrou atividades de imediato. Porém, os integrantes remanescentes resolveram retomar os trabalhos em 2005, anunciando William DuVall para a vaga no ano seguinte.

Lançado em 24 de agosto de 2018, “Rainier Fog” é o sexto e mais recente disco de inéditas do Alice in Chains. Chegou ao 12º lugar na Billboard 200, além de ter entrado no Top 10 de seis paradas europeias. O título é uma homenagem ao Monte Rainier, estratovulcão que pode ser visto de qualquer parte da área metropolitana de Seattle.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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