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Citando Trump, Kerry King compara religião a política

Guitarrista usou exemplo da infância e estabeleceu parâmetro com mentiras do ex-presidente americano

O Slayer nunca teve qualquer receio de expor suas críticas à religião enquanto o que a banda considerava instrumento de manipulação de mentes. Por mais que as figuras de linguagem fossem muitas vezes agressivas ao ponto de evocar o fantasioso, nas entrelinhas havia alguma mensagem embasada.

Kerry King não pretende promover grandes mudanças em sua carreira solo. O primeiro álbum, From Hell I Rise, mantém o teor lírico. E não parece que o tempo arrefeceu o espírito de rebelião.

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Disse o guitarrista ao Consequence, lembrando um caso do passado:

“Bem, eu acho que religiões são uma farsa. Quando eu estava na escola primária, não saberia dizer em que série, mas durante o verão de um ano, meus pais perguntaram: ‘Ei, você quer ir para a escola dominical?’ Porque eu fazia todo tipo de atividade extracurricular na escola. Então pensei: ‘É, vou dar uma olhada’. Não sabia o que era igreja. E não foi isso que me fez odiar, é só uma história divertida. Fui para a escola dominical uma semana depois, voltei para a casa e pensei: ‘Acho que não quero mais ir para isso’. Até aquela criança sabia que era um monte de besteira.”

O músico se permite até a traçar um paralelo com a política, citando um ex-presidente dos Estados Unidos, que novamente concorrerá ao cargo em breve.

“O que é dito na imprensa desaparece em 48 horas. Todas as coisas que Donald Trump fez como presidente, lembro de ver no noticiário quantas mentiras ele disse em quatro anos. Mas 36 horas depois era como se nunca tivesse acontecido. É basicamente assim que a religião é. Você ouve histórias sobre todos esses padres ao redor do mundo sendo condenados por agressão sexual ou conduta inapropriada com menores. Um dia depois isso desaparece. Mas ela tem alimentado minhas letras pelos últimos 40 anos. Então, obrigado religião por me manter ocupado.”

Slayer e Donald Trump

Em janeiro de 2017, a conta do Slayer no Instagram postou uma montagem onde o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aparecia junto à formação clássica do grupo. A imagem foi vista como um manifesto público de apoio. Obviamente, muitos fãs criticaram, o que fez a publicação ser apagada.

A seguir, o grupo publicou uma nota à imprensa onde deixava claro que a inciativa havia sido exclusiva do baixista e vocalista Tom Araya. Por sua vez, o próprio escreveu um novo texto onde chamava os ofendidos de “snowflakes” (“flocos de neve”), termo usado em inglês para atacar quem se considera excessivamente sensível.

Em entrevista à Rolling Stone, Kerry relembrou qual foi sua reação à época.

“Fiquei furioso com isso – mas não o suficiente para sair da minha banda. Eu apenas pensei: ‘Cara, é para isso que serve a sua mídia social pessoal. Você é o único nesta banda que se importa com esse idiota, e quando você coloca isso aí parece que todos nós estamos apoiando Trump. E eu não estou apoiando, Gary (Holt, guitarrista) não está e Paul (Bostaph, baterista) também não. Essa é a sua opinião, não a nossa. Eu nunca faria isso com você’.”

A distância entre Tom Araya e Kerry King

Tendo em vista as diferenças, não é de se surpreender que a relação entre os dois não seja das mais próximas. E a distância só aumentou desde a última turnê da banda, finalizada em 2019.

“Tom e eu nunca estivemos na mesma página. Por exemplo, se eu quisesse um shake de chocolate, ele queria um de baunilha. ‘Kerry, de que cor é o céu?’ Azul. ‘Tom, de que cor é o céu?’ Branco. Somos apenas pessoas diferentes. Quanto mais avançamos em idade, mais isso se tornou real. Ele gosta um pouco de tequila e eu sou uma grande fã de tequila, então tomava minha dose com ele e nos distanciávamos. Não vamos sair juntos nem nada porque somos pessoas muito diferentes. O que nos unia é que fizemos boa música e um ótimo show ao vivo.”

Entre setembro e outubro, ao menos, Tom e Kerry precisarão voltar a se ver, já que o Slayer possui três shows marcados para o período. Todos acontecem nos Estados Unidos e, de acordo com o próprio grupo, serão as únicas atividades em um futuro próximo.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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