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Como família anticiência tornou James Hetfield um excluído na escola

Vocalista e guitarrista do Metallica era impedido até mesmo de assistir aulas específicas sobre o tema

A mãe de James Hetfield, Cynthia, morreu em 1979, quando o frontman do Metallica tinha apenas 16 anos. Seu falecimento se deu em decorrência de um câncer que não foi tratado. A família era devota da Ciência Cristã, que negava a eficiência de medicamentos e acreditava que a cura era um processo divino.

Por conta disso, o futuro astro sofreu uma série de privações na infância e adolescência, que acabaram influenciando a convivência nos mais variados segmentos sociais. Especialmente a escola. Em entrevista de 2009 à Metal Hammer, o próprio lembrou o impacto.

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Disse o vocalista e guitarrista:

“Não era como ir para uma escola católica. No entanto, certamente me afetou — mais do que minha irmã e meus irmãos —, porque eu levei isso um pouco mais para o lado pessoal. Nossos pais não nos levavam ao médico. Estávamos basicamente confiando no poder espiritual da religião para nos curar ou nos proteger de ficarmos doentes ou nos machucarmos. Na escola eu não tinha permissão para assistir às aulas de ciência, aprender sobre o corpo, doenças e coisas assim.”

Porém, o principal efeito acabou mesmo acontecendo na interação pessoal.

“Estava, por exemplo, tentando entrar para o time de futebol. Era preciso fazer um exame físico, obter um atestado médico. Eu tinha que explicar ao treinador sobre minha religião. Sentia-me realmente como um pária, as crianças riam disso. Quando a aula de ciências começava, eu ficava no corredor, em pé, o que era basicamente uma forma de punição em outros aspectos. Todo mundo que passava olhava para mim como se eu fosse algum tipo de criminoso, sabe?”

Os prós e contras

De qualquer modo, Hetfield entende que a experiência o trouxe alguns importantes ensinamentos, que foram aplicados na carreira.

“Ajudou a moldar quem eu me tornei, sabe? Quando você é jovem, quer ser como todo mundo. Não quer ser único. Mas eu vejo a singularidade que alcancei. Isso me ajudou a aceitar e abraçar quem eu sou e o que tenho de único. Trilhar meu próprio caminho.”

Porém, o artista também reconhece que sentia um estranhamento com as proibições que sofria.

“Quando se é criança você não consegue realmente entender o conceito de espiritualidade. Para mim, não ir ao médico era estranho. Tudo o que eu via eram as pessoas na igreja com ossos quebrados e aquilo ia se curando de forma ruim. Não fazia sentido. Mas também me ajudou a abraçar o espiritual mais tarde, sabe, e realmente ver o poder nisso, junto com o conhecimento dos médicos hoje em dia, então isso me ajudou com meu conceito de espiritualidade.”

James Hetfield, Cynthia e Metallica

A morte de Cynthia aparece de forma enfática em duas músicas compostas por James Hetfield para o Metallica. “The God That Failed”, do disco homônimo, popularmente conhecido como Black Album; e “Until it Sleeps”, de seu sucessor, “Load”.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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