Interpol celebra dois primeiros álbuns com show atmosférico no Rio

Apresentação com íntegra de “Turn on the Bright Lights” e “Antics” prezou por qualidade técnica afiada e clima soturno, mas envolvente

Começou na última quarta-feira (5), no Rio, a etapa nacional da turnê em que o Interpol celebra duas décadas de seus primeiros álbuns de estúdio: “Turn on the Bright Lights” (2002) e “Antics” (2004). O grupo, referência da cena indie dos anos 2000 e expoente do post-punk revival, também passará por São Paulo, nesta sexta (7) e sábado (8), para duas apresentações — uma delas com ingressos esgotados.

Ainda que composta por americanos — exceção feita ao frontman Paul Banks, nascido na Inglaterra, mas criado nos EUA — e concebida em Nova York, a banda mostrou pontualidade dignamente britânica. Às 20h58, as luzes do Vivo Rio, casa de shows na zona sul da Cidade Maravilhosa, se apagaram para anunciar o início do espetáculo. Dois minutos depois, exatamente no horário previsto, subiram ao palco Paul Banks (voz e guitarra) e Daniel Kessler (guitarra), junto dos músicos de apoio Chris Boome (bateria, substituindo Sam Fogarino devido a uma cirurgia), Brandon Curtis (teclados) e Brad Turax (baixo).

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Não é só a pontualidade do grupo que remete a uma característica britânica. No palco, a frieza dos integrantes também chama atenção; sobretudo a de Banks, que vestia uma jaqueta de couro e manteve óculos escuros irremovíveis ao longo dos 100 minutos de espetáculo. Deu para contar nos dedos os momentos em que o líder realizou qualquer tipo de interação com a plateia.

O som, claro, também traz influência de ícones do Reino Unido. Referências de The Smiths e Echo & the Bunnymen se equilibram em meio ao repertório celebrativo dos dois discos inaugurais do grupo, ambos premiados com certificação de ouro em territórios americano e britânico.

Foto: Guilherme Salomão

Melancólico e enigmático

Há um tom melancólico que vai das letras às melodias em algumas das principais canções presentes no setlist, caso das ótimas “Hands Away” e “Stella Was a Diver and She Was Always Down”. E tudo que testemunhamos no palco soa propositalmente alinhado a essa ideia.

Nesse sentido, o uso da iluminação no decorrer da performance é um destaque à parte. Os tons vermelhos e azuis que tomam conta do palco e as luzes brancas e douradas piscantes — na maior parte do tempo em sincronia com o ritmo e até letras das músicas, a exemplo de “NYC” — são como um personagem com vida própria. O tom enigmático e até soturno da apresentação passa diretamente por esse fator.

Já as reações da audiência contrariam qualquer ideia de melancolia. Executar álbuns na íntegra inevitavelmente faz com que bandas e artistas passem por músicas menos conhecidas, mas o público que compareceu ao Vivo Rio pareceu, em sua maioria, familiarizado com a tracklist de ambos os discos.

Nem tão na ordem, mas tudo em ordem

“Turn on the Bright Lights” foi o escolhido para a primeira parte da apresentação no Rio. E não foi uma escolha lógica: a banda vem invertendo a ordem em outros shows da turnê pela América Latina, por vezes começando com “Antics”.

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Ao executar o primeiro álbum, também há algumas trocas na sequência das faixas em relação à original — com direito a guardar um tesouro para o final. “Obstacle 1” e “PDA” são dois dos pontos altos, além da já mencionada “NYC”.

Por sua vez, a segunda etapa traz as faixas do álbum “Antics” na ordem conhecida pelo público. São as canções que mais arrancam reações e coros entusiasmados da plateia, como nos acordes do baixo introdutório em “Evil” e na animada “Slow Hands”.

O capricho técnico é outro destaque. As músicas são tocadas de modo perfeitamente alinhado às suas versões de estúdio. A voz de Paul Banks ainda soa muito próxima do seu tom no alvorecer do Interpol. Enquanto isso, o restante do grupo oferece o acompanhamento necessário.

Daniel Kressler, em especial, sente intensamente cada um dos acordes das músicas. Já Chris Boome, na posição de substituto, transmitiu uma postura ligeiramente mais tensa, mas que passa longe de comprometer a execução do repertório. Brad Truax, aniversariante da noite, recebeu de presente um “Parabéns para você” dos fãs e compôs a dupla fixa de apoio junto de um discreto Brandon Curtis nos teclados e vocais de apoio.

Lembra do tesouro guardado para o fim? A breve “Untitled”, faixa que abre o primeiro disco, é a escolhida pelo quinteto para a despedida.

Para quem possa ter caído de paraquedas nesta apresentação em terras cariocas, é possível que essa tenha sido uma experiência peculiar e desafiadora. Para os fãs, por outro lado, é bem provável que esta tenha sido uma noite para nenhum deles colocar defeito.

Interpol – ao vivo no Rio de Janeiro

  • Local: Vivo Rio
  • Data: 5 de junho de 2024
  • Turnê: Celebrating Turn on The Bright Lights and Antics
  • Produção: Move Concerts

Repertório:

Ato 1 – Turn on the Bright Lights

1. Specialist
2. PDA
3. Say Hello to the Angels
4. Obstacle 1
5. NYC
6. Roland
7. Hands Away
8. Stella Was a Diver and She Was Always Down
9. The New

Ato 2 – Antics

10. Next Exit
11. Evil
12. Narc
13. Take You on a Cruise
14. Slow Hands
15. Not Even Jail
16. Public Pervert
16. C’mere
17. Length of Love
18. A Time to Be So Small

Bis:

19. Untitled

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Guilherme Salomão
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Guilherme Salomão é Criador de conteúdo, Crítico de Cinema e Produtor Audiovisual carioca apaixonado por Cinema e Música desde que se conhece como gente. Administrador por formação, foi autor do TCC “O Poder da Marca no Cinema: O Caso Star Wars de George Lucas” na PUC-Rio, obtendo nota máxima em forma de reconhecimento pelo seu trabalho e dedicação. Cinéfilo de carteirinha, na produção já se dedicou a projetos que vão desde curtas e longas-metragens até videoclipes de artistas iniciantes.

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