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O tecladista que influenciou Yngwie Malmsteen mais do que o guitarrista da banda

Grande admirador do rock progressivo, sueco compara o músico admirado por ele a Johann Sebastian Bach nos aspectos melódicos

Yngwie Malmsteen sempre fala de guitarristas, mas em 2019, numa matéria da revista Prog, o sueco comentou sobre um músico de outro instrumento que fez muita diferença em sua carreira, ainda nos primórdios. Não é difícil entender que o estilo neoclássico criado por ele é mais um dos muitos “filhotes” do rock progressivo; por isso, faz sentido sua admiração pelo Genesis.

O relato de Malmsteen começa falando sobre sua infância, até chegar em um álbum que mudou a vida dele: “Selling England by the Pound”, de 1973. Ele relembrou:

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“Eu cresci em uma família musical. Todos eram cantores de ópera clássica treinados, ou violinistas e eu era o mais novo. No meu aniversário de 5 anos, ganhei uma guitarra e, enquanto eu crescia, meus mais me colocaram em aulas de flauta, trompete e piano. Quando eu tinha sete anos, vi Hendrix na TV quebrando sua guitarra e eu disse ‘vou começar a tocar guitarra!’ Eu tocava um monte de coisas orientadas ao blues, mas poucos anos depois eu ouvi ‘Selling England by the Pound’, do Genesis – e isso mudou tudo.”

Yngwie contou que o que chamou a atenção no disco não foi exatamente a guitarra de Steve Hackett, mas o complexo trabalho de teclados de Tony Banks, que acabou o influenciando até mais do que alguns guitarristas. O sueco comentou o lado mais técnico de sua então descoberta:

“Tem os acordes de pedal, acordes invertidos, acordes diminutos, acordes suspensos… tem todas essas coisas acontecendo harmonicamente e eu fiquei totalmente impressionado com isso. Foi como abrir uma porta e ver um vasto universo que eu nunca tinha visto antes. […] As progressões de acordes e melodias de Tony Banks são definitivamente trabalho de teclado clássico, aquilo não foi feito em uma flauta ou numa guitarra de 12 cordas, era ele. Se você ouvir com atenção a todos aqueles discos do início do Genesis, as inversões e suspensões lembram muito Bach.”

O prog na vida de Yngwie Malmsteen

Além do Genesis, Malmsteen cita outras bandas progressivas que gosta, como UK, Kansas e Emerson, Lake & Palmer. Mas ele credita parte da criação do metal neoclássico ao grupo de Tony Banks – e especialmente ao trabalho do tecladista. Ele declara:

“O Genesis não era grande na Suécia naquela época, então eu descobri a música deles através do meu primo. Ele também tinha (os álbuns) ‘Tarkus’ (1971) e ‘Pictures at na Exhibition’ (1971), do Emerson, Lake & Palmer, que eu também amava. Keith Emerson tocava de um jeito insano, mas Tony Banks é meu herói do prog. […] O Genesis foi o que mais me influenciou. O metal neoclássico não teria acontecido se eu não tivesse ouvido ‘Selling England by the Pound’.”

Sobre o músico

Nascido Lars Johan Yngve Lannerbäck na Suécia em 30 de junho de 1963, Yngwie Malmsteen pegou um violão pela primeira vez aos 7 anos de idade, no dia em que Jimi Hendrix morreu, e ganhou sua primeira guitarra aos 9, de presente do irmão.

Largou a escola aos 15 e conseguiu um emprego consertando guitarras em uma loja de música em Estocolmo. Enquanto trabalhava lá, ele teve a ideia de escalopar braços de guitarra — modificação que torna as técnicas de vibrato e bending mais fáceis e que se tornaria marca registrada de seus instrumentos.

No final da adolescência, cada vez mais frustrado com a cena musical sueca, Malmsteen se viu num beco sem saída: suas composições, por melhores que fossem, não despertavam o interesse de nenhuma gravadora local por não serem “comerciais” o suficiente.

Sabe-se lá como, uma demo atravessou o oceano. Mike Varney, chefe da Shrapnel Records na Califórnia, ouviu e ficou impressionado com o estilo de tocar do jovem. Ele entrou em contato e pediu que Yngwie fosse aos Estados Unidos para gravar um álbum pela sua gravadora.

Malmsteen foi de mala e cuia para Los Angeles, onde se juntou ao Steeler. Ele gravou um álbum homônimo (1983) com a banda antes de unir forças com o veterano ex-vocalista do Rainbow Graham Bonnet no Alcatrazz, registrando “No Parole from Rock ‘n’ Roll” (1983) e o ao vivo “Live Sentence” (1984).

Cansado do expediente de compor em parceria com terceiros, ele saiu do Alcatrazz e pôs na rua o Yngwie J. Malmsteen’s Rising Force, nome sob o qual começou a gravar uma série de álbuns, alguns dos quais obteriam status de clássico não apenas no reino da guitarra, mas no hard e metal como um todo, como “Rising Force” (1984), “Trilogy” (1986) e “Odyssey” (1988).

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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