Battle Beast entrega diversão sem limites a público reduzido no Summer Breeze
Em dia pouco atrativo para fãs de power metal, banda finlandesa empolgou quem esteve no Sun Stage em sua estreia no Brasil
*Por Thiago Zuma
Na virada do milênio, o Brasil — ou, pelo menos, São Paulo — se consolidou como um dos principais mercados do power metal no mundo, passagem obrigatória das turnês dos seus grandes nomes. O fato de ter levado mais de dez anos desde o trabalho de estreia para o Battle Beast pisar por essas terras mostra que, apesar de permanecer entre os que mais ouve o gênero globalmente, o país não acompanhou as novidades da cena e parou no tempo.
Depois de trazer a “dissidência” Beast in Black no ano passado, o Summer Breeze promoveu a estreia do “original finlandês” no Brasil. Porém, não os escalou para o sábado (27), o dia com as bandas mais atrativas para os fãs do estilo, e sim no domingo (28).
Assim, enquanto o Overkill — com participação do ex-Megadeth David Ellefson — abarrotava o Ice Stage, o Battle Beast juntou o menor público entre os shows que este repórter presenciou no ótimo Sun Stage. O cenário provavelmente se inverteria na véspera.
No palco, o Battle Beast abusou da névoa de gelo seco, que pouco acrescentou à atmosfera irresistivelmente cativante de seu show sob um sol desgraçado. Isso quando a fumaça não irritava os olhos e tirava o foco da fantasiada vocalista Noora Louhimo, de potência vocal e carisma inegáveis, ou tornava quase invisível Janne Björkroth, com seu “teclado-polegar” — para os jovens leitores deste site, referência a uma boy band dos anos 80, similar ao primeiro grupo de Kiko Loureiro, no qual o tecladista Alan Frank empunhava seu instrumento como se fosse uma guitarra.
A banda finlandesa equilibrou seu repertório com canções do disco mais recente, “Circus of Doom” (2022), cuja faixa título abriu o show, e de “Bringer of Pain” (2017), que contém a veloz segunda música do set, “Straight to the Heart”, responsável por “destravar” de vez público presente no Sun Stage.
Mesmo em faixas com aquele pique de hit power metal, como “Bastard Son of Odin”, o grupo conseguia manter um certo groove AOR de “trilha do Rocky Balboa treinando”, muito mais normal em faixas cadenciadas do porte de “Familiar Hell”. Para o público ocasional, podia parecer ridículo e maçante — bom, um vocalista maquiado dando falsetes satânicos também seria —, mas os fãs não pararam de pular, bater palmas e cantar.
Apesar de se apresentar como um sexteto e quase todo mundo ter microfones à sua frente para fazer os vocais de suporte, coros brega ao extremo como os de “Where Angels Fear to Fly” deixaram a impressão de um show recheado de bases pré-gravadas. Isso, porém, não fez a banda deixar de soar espontânea.
Os finlandeses se disseram surpreendidos com o insalubre calor seco do domingo, mas o comunicativo baixista Eero Sipilä jurou querer voltar todo ano nos próximos cem anos. Não tinha como ser diferente ao ver o público cantar alto praticamente todos os refrãos, principalmente naqueles momentos quando a banda deixava os coros dos fãs em destaque, como após o solo em “Eden”, uma das duas faixas executadas de “No More Hollywood Endings” (2019).
Depois de encerrar o show com a elétrica “Beyond the Burning Skies”, a banda se despediu com aquela tradicional foto com o público empolgado atrás. No sistema de som, tocava o tema de “Top Gun”, porque breguice e diversão não têm limites.
Repertório:
- Circle of Doom
- Straight to the Heart
- Familiar Hell
- No More Hollywood Endings
- Eye of the Storm
- Where Angels Fear to Fly
- Bastard Son of Odin
- Wings of Light
- Eden
- Master of Illusion
- King for a Day
- Beyond the Burning Skies
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