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CEO do Spotify diz que “custo para criar conteúdo” é “próximo de zero”

Declaração recebeu críticas de produtores e consumidores da plataforma de áudios mais popular do mundo

Artistas e fãs de todo o planeta reagiram a um comentário recente do CEO do Spotify, Daniel Ek. Na última sexta-feira (29), o empresário publicou em sua conta no X/Twitter que “o custo de criação de conteúdo” atualmente seria “próximo de zero”. A ideia seria demonstrar que, graças à tecnologia moderna, seria mais fácil e acessível criar conteúdo nos dias de hoje do que em qualquer outra época.

Embora haja um raciocínio lógico ao pensarmos no processo sem seus mecanismos, também é sabido que os valores desprendidos também são altos, especialmente em se tratando da profissionalização do método.

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Ele disse, conforme registro do NME:

“Hoje, com o custo de criação próximo de zero, as pessoas podem compartilhar uma quantidade incrível de conteúdo. Isso despertou minha curiosidade sobre o conceito de vida útil longa versus vida útil curta. Embora muito do que vemos e ouvimos rapidamente se torne obsoleto, existem ideias intemporais ou mesmo peças musicais que podem permanecer relevantes durante décadas ou mesmo séculos. Por exemplo, estamos testemunhando um ressurgimento do estoicismo, com muitas das ideias de Marco Aurélio ainda ressoando milhares de anos depois.”

Ek também debateu o que está sendo criado agora e que “ainda será valorizado” depois de séculos. Ele afirmou:

“Isso me faz pensar: quais são as ideias menos intuitivas, mas duradouras, que não são discutidas com frequência hoje em dia, mas que podem ter uma vida útil longa? Além disso, o que estamos criando agora que ainda será valorizado e discutido daqui a centenas ou milhares de anos?”

A repercussão entre fãs e artistas

Como esperado, a declaração repercutiu de forma voraz. Fãs de música e artistas destacaram as lutas enfrentadas ao se tentar estabelecer uma carreira no meio. Um usuário respondeu:

“A música ainda será valorizada daqui a cem anos. O Spotify não. Será apenas lembrado como um mau exemplo de ferramenta parasita para extrair valor da música de outras pessoas (ou “conteúdo”, como alguns golpistas gostam de chamar).”

O produtor musical Rusty Egan exaltou:

“O custo de tempo para escrever música, o custo do equipamento para gravar música, o custo para masterizar e fazer upload para todas as plataformas não é zero. Zero é o custo e o valor dos hits do tiktok.”

Simone Marie Butler, baixista do Primal Scream, foi mais simples, apenas declarando:

“Vá se f*der, seu bilionário deslocado da realidade.”

Outro usuário sugeriu que um problema maior seria como “agora todo mundo sente que precisa produzir todos os dias e está forçando o conteúdo” – sugerindo que seriam essas pressões as maiores responsáveis ​​pelo declínio implícito de qualidade.

O coletivo Future of Music Coalition ofereceu uma visão mais didática do tema.

“Na verdade, ainda pode ser caro fazer discos, especialmente se você se preocupa em pagar seus colaboradores de forma justa. Muitos músicos são hábeis em economizar para atingir seus objetivos criativos dentro de orçamentos limitados. E, de fato, alguns aspectos da produção são mais acessíveis do que no passado. Mas isso muitas vezes acaba sendo radicalmente exagerado.”

James Thornhill, jornalista e fundador do Proxy Music, foi mais incisivo.

“Fazer música custa – tempo, habilidades, reserva de estúdio, masterização. Esse cara está totalmente fora de alcance.”

O bilionário Spotify

Parte das críticas aos últimos comentários de Ek também resultam dos relatórios recentes de que o Spotify confirmou lucros recordes de mais de 1 bilhão de euros (860 milhões de libras) – após a demissão de funcionários e o aumento dos preços das assinaturas.

A empresa sueca tem cerca de 615 milhões usuários em todo o mundo e investiu uma enorme quantia de dinheiro no crescimento da marca desde o seu lançamento em 2006. No entanto, os relatórios sobre o lucro surgem após um ano em que a marca cortou custos e despediu pessoal.

No final do ano passado, o Spotify anunciou que estava cortando 17% de sua força de trabalho para economizar custos. Isto ocorreu depois de uma decisão anterior de despedir outros 6% no início de 2023, o que na altura disse ser para promover a “velocidade”.

Também veio após a notícia de que o serviço de streaming desmonetizou oficialmente todas as músicas da plataforma com menos de mil streams. A política foi lançada no dia 1º de abril último, mas já vinha sendo planejada há algum tempo. Foi rapidamente criticada por dificultar a geração de royalties e restringir novos artistas que buscam entrar na indústria.

Os relatórios sobre os enormes lucros surgem depois de o número de assinantes premium ter aumentado 14% no primeiro trimestre (até 239 milhões) e após o serviço de streaming ter confirmado que iria aumentar novamente o preço da sua adesão premium mensal.

Além de talentos emergentes expressarem como a ascensão do streaming prejudicou o seu crescimento, nomes mais estabelecidos também se manifestaram para expressar as suas preocupações sobre as consequências de empresas como o Spotify dominarem o cenário.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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