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Estreante no Brasil, Forbidden empolga público do Summer Breeze com thrash técnico

Escalada em dia carente de atrações de peso, banda lendária da Bay Area com nova formação mostrou entrosamento e vitalidade

Assim como o Flotsam & Jetsam na sexta-feira (26), o palco principal do Summer Breeze no sábado (27) foi aberto por uma banda estreante no Brasil. Pode-se até dizer que demorou demais para o Forbidden tocar no país, mas o lendário grupo de thrash metal da Bay Area não ajudou.

Após retomar em 2007 as atividades encerradas dez anos antes, o grupo tocou por duas vezes no Chile, mas não estendeu sua excursão ao Brasil antes de entrar em hiato novamente em 2012. Erro finalmente reparado em 2024, apesar de, em sua configuração atual, não contar mais com seu histórico vocalista Russ Anderson.

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Felizmente, o substituto, Norman Skinner, brilhou ao reproduzir tanto a agressividade quanto os tons altos do versátil membro fundador. O restante da banda mostrou entrosamento para executar com precisão as técnicas e pesadas faixas dos dois clássicos primeiros discos do Forbidden, dos quais saíram todas as músicas do repertório do show de sábado.

Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

Após uma introdução de imagens da história do grupo, a banda subiu ao palco ao som de “Follow Me”, de seu primeiro disco “Forbidden Evil” (1988), executado quase na íntegra no Summer Breeze Brasil. O trabalho, que colocou a banda no mapa como celeiro de músicos para tantas outras bandas, foi registrado pelo guitarrista Glen Alvelais, que depois foi para o Testament no lugar de Alex Skolnick, e Paul Bostaph, recrutado anos depois para substituir Dave Lombardo no Slayer e atual parceiro de Kerry King em sua empreitada solo.

Era visível a empolgação no rosto do líder e fundador Craig Locicero, guitarrista que teve breve passagem pelo Death, além de uma banda com Hank Shermann, do Mercyful Fate, e hoje é um dos dois remanescentes dos primórdios ao lado do animado baixista Matt Camacho. A alegria poderia ser ainda maior se a escalação do segundo dia do festival ajudasse a trazer mais fãs de thrash metal para o Memorial da América Latina.

Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

Os que encaram o calor do meio-dia do sábado vibraram com o peso avassalador de Chris Kontos, baterista que já tocou com praticamente todas as bandas de thrash metal da Bay Area e até no disco de estreia do Machine Head, cujo dono Robb Flynn também é membro fundador do Forbidden, quando o grupo ainda tinha o nome posteriormente dado ao disco de estreia.

Diferente do que sugeriria um show marcado pela reprodução precisa de músicas com várias mudanças de andamentos como “March Into Fire” e “Off the Edge”, os músicos se movimentaram bastante pelo palco e agitaram o público presente em boa quantidade. Na estridente “Forbidden Evil”, até algumas rodas surgiram na pista, mesmo não sendo o perfil geral de quem comprou ingresso para o sábado.

Nas músicas de “Twisted Into Form”, segundo álbum lançado em 1990 de composições mais bem estruturadas, o público participou e cantou junto os refrãos mais fáceis de acompanhar de “Infinite” e, principalmente, “Step By Step”, cujo videoclipe passava bastante no “Fúria Metal” da MTV no início dos anos 90. A reprodução fiel dos complexos arranjos de guitarra evidenciou o entrosamento de Locicero com Steve Smyth, ex-membro do Nevermore, que por sua vez já teve no posto o músico responsável pela versão de estúdio da faixa, Tim Calvert, falecido em 2018.

Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

Como presente especial ao bom público que assistia ao show, Locicero, porta-voz oficial da banda no palco, anunciou “As Good As Dead”, raridade de seu disco de estreia. A música só havia sido tocada nos anos 80 até ser desenterrada pela formação atual no ano passado e, neste ano, foi exclusiva do repertório brasileiro para celebrar a estreia no país.

Como não poderia deixar de ser, a clássica “Chalice of Blood”, faixa de abertura de seu álbum inaugural, foi escolhida para encerrar a primeira apresentação do Forbidden no Brasil. Uma tentativa razoavelmente bem sucedida de “wall of death” aconteceu numa pista que provavelmente rendeu novos fãs à banda, mas só evidenciou que ela foi escalada no dia errado do Summer Breeze Brasil.

**Este conteúdo faz parte da cobertura Summer Breeze Brasil 2024 — clique para conferir outras resenhas com fotos e vídeos.

Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

Forbidden — ao vivo no Summer Breeze Brasil 2024

Repertório:

  1. Follow Me
  2. Twisted into Form
  3. March into Fire
  4. Forbidden Evil
  5. Step by Step
  6. Off the Edge
  7. As good as dead
  8. Parting of the ways (Intro pré-gravada)
  9. Infinite
  10. Through Eyes of Glass
  11. Chalice of Blood
Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox
Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox
Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox
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Thiago Zuma
Thiago Zuma
Formado em Direito na PUC-SP e Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, Thiago Zuma, 43, abandonou a vida de profissional liberal e a faculdade de História na USP para entrar no serviço público, mas nunca largou o heavy metal desde 1991, viajando o mundo para ver suas bandas favoritas, novas ou velhas, e ocasionalmente colaborando com sites de música.

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