Quando Brian Epstein tentou vender os Beatles — e irritou Paul McCartney

Empresário foi decisivo na consagração da banda, mas falou várias vezes sobre se livrar da pressão que envolvia administrá-los

Não é segredo para os fãs que Brian Epstein foi a “cola” que manteve os Beatles coesos enquanto grupo. Quando o empresário faleceu, em agosto de 1967, as individualidades se afloraram. Embora tenham seguido criando obras geniais, os próprios reconheceram que a partida do manager foi aquilo que pode ser considerado “o começo do fim”.

Ainda assim, não significa que a relação tenha sido sempre amistosa. Em vários momento, sentindo a pressão de ter que administrar a banda mais influente da história, lhe veio a ideia de vender seus negócios relacionados ao quarteto. Paul McCartney reconhece que se sentia incomodado quando isso acontecia.

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Ao livro “All You Need is Love”, o eterno parceiro criativo de John Lennon recordou, conforme resgate do Showbiz CheatSheet:

“Brian muitas vezes tentava nos vender, o que era outra coisa que costumava nos ofender muito. Lembro de uma vez, quando estávamos em turnê, acho que 364 dias por ano. Foi um período de pressão para nós. Ele veio ao ‘Thank Your Lucky Stars’, que era um show discográfico que costumávamos fazer. Estávamos tentando dizer a ele: ‘Olha, estamos muito pressionados, sabe? Você nos faz trabalhar muito’.”

O momento serviu para deixar Epstein ainda mais inseguro que o seu habitual. Desde então, várias vezes ele passou a se sentir inapto para a missão que tinha.

“Lembro-me de que em algum momento ele deu a ideia de que queria nos vender para Lew Grade (empresário ucraniano estabelecido no ramo cinematográfico britânico, falecido em 1998). Ficamos chocados porque era uma coisa muito mais pessoal, não era um negócio para nós.”

A ameaça dos Beatles

Sendo assim, os músicos apelaram para a única arma que funcionaria com alguém como Brian: a chantagem emocional.

“Dissemos: ‘Se você nos vender para Lew Grade, o primeiro e todos os discos que faremos a partir de agora serão versões desafinadas de God Save the Queen. É tudo que iremos gravar a partir de agora. Você pode nos vender, mas ele vai ganhar um saco de minhocas. Você tenta nos vender, e isso é tudo que faremos. Vamos nos acomodar na carreira’.”

Apesar dos protestos, Macca reconhece que Epstein ainda tentou vender os Beatles ao menos mais uma vez, para Robert Stigwood. O australiano também fez carreira no Reino Unido, tendo sido empresário do Cream e Bee Gees. No cinema, ajudou a financiar clássicos como “Grease”, “Os Embalos de Sábado à Noite” e “Jesus Cristo Superstar”.

Sobre Brian Epstein

Brian Epstein foi o primeiro empresário de Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr, assumindo o posto em 1961. Na época, ele nunca havia empresariado um grupo e trabalhava como gerente de uma loja de discos em Liverpool, mas assinou um contrato de cinco anos, com vigência iniciada em janeiro de 1962.

Ainda que tenha administrado a carreira de outras bandas menores, incluindo artistas de Liverpool, foi com os Beatles que Brian Epstein entrou para a história. É creditado por criar o visual do grupo em seus primeiros anos, bem como ajudá-los a mudar a postura com que se apresentavam no palco e outros pequenos detalhes que fizeram o Fab Four ser o que foi.

Faleceu em 27 de agosto de 1967, aos 32 anos, por uma overdose acidental do calmante Carbrital misturado com álcool. Foi encontrado morto em seu quarto pelos mordomos e por seu médico particular, que tiveram que arrombar a porta do quarto onde ele estava.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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