Como Jeff Porcaro acabou tocando em clássico do Pink Floyd

Baterista assumiu o lugar de Nick Mason em momento de urgência, após o titular não se acostumar com o tempo da música

O Pink Floyd contou com uma série de convidados especiais em The Wall (1979). Músicos entravam e saíam dando suas contribuições. A prática era algo comum nos trabalhos produzidos por Bob Ezrin, o que nem sempre agradava os envolvidos – Ace Frehley, cerceado de registros com o Kiss em “Destroyer” (1976) que o diga.

O nome mais conhecido a oferecer suas habilidades foi Jeff Porcaro. À época das sessões, o Toto recém havia lançado seu debut, “Toto” (1978). Porém, o baterista já possuía longa folha corrida com uma série de nomes conhecidos como Steely Dan, Hall & Oates, Sonny & Cher e Joe Cocker. Houve até espaço para as brasileiríssimas As Frenéticas e seu hino “Dancin’ Days” (1978).

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Sua experiência pesou para que Roger Waters e companhia optassem por um substituto para Nick Mason na hora de gravar “Mother”. O prazo para entregar o disco estava acabando e o instrumentista se viu forçado a ceder o kit, após não ter conseguido acertar o tempo.

Em entrevista de 1992, resgatada pelo fansite Neptune Pink Floyd, David Gilmour recordou o momento. Ele explicou:

“Em ‘Mother’, o tempo segue as palavras: ‘Mo-ther-do-you-think- they’ll-drop-the-bomb?’ Quantas batidas são essas? Nove. Foi muito difícil fazer funcionar. Você não pode fazer algo padrão. Não há ritmo que se sustente assim. Você precisa encontrar uma maneira de flutuar, o que Jeff Porcaro fez imediatamente.”

Curiosamente Jeff não foi o único Porcaro que colaborou com “The Wall”. Seu pai, Joe Porcaro, que também era um respeitado baterista de sessão (faleceu em 2020 aos 90 anos) tocou caixa na faixa “Bring the Boys Back Home”.

Sem mágoas de Nick Mason

Em 2020, durante entrevista a uma rádio – repercutida pelo Rock and Roll Garage –, Nick rechaçou qualquer mágoa por ter sido substituído. Ao contrário, não faltaram elogios ao colega de função – incluindo a menção a uma influência na própria família.

“Sempre gostei do Toto e suas músicas. Jeff Porcaro foi o baterista dos bateristas. E percebi isso completamente à parte da minha própria visão. Foi quando meu neto me contou o que estava aprendendo na aula de bateria. Na verdade, era, claro, uma música do Toto. Então são três gerações de fãs, na verdade.”

Sobre Jeff Porcaro

Jeff Porcaro seguiria a carreira com o Toto, fazendo muito sucesso. Ainda agregaria outros nomes a seu currículo, entre eles Michael Jackson (tendo registrado boa parte das músicas de “Thriller”, o álbum mais vendido de todos os tempos), Elton John, Paul McCartney, Bee Gees e Bruce Springsteen.

Morreu em 5 de agosto de 1992, aos 38 anos. De acordo com a banda e família, devido a uma reação alérgica causada pela aplicação de um pesticida em sua casa. De acordo com investigações da polícia e laudos médicos, por conta de uma arteriosclerose devido ao consumo de cocaína.

Pink Floyd e “The Wall”

Um dos trabalhos conceituais mais conhecidos de todos os tempos, “The Wall” conta a história de Pink, personagem criado por Roger Waters, baseado em seus traumas, medos e lembranças, além também contar com traços da personalidade do seu antigo colega de banda, Syd Barrett.

Foi o último disco da banda como um quarteto. O tecladista Richard Wright acabou sendo demitido e recontratado como músico assalariado posteriormente. A turnê contou com a execução do disco na íntegra, além de uma representação dramatizada da história. Posteriormente, também viraria filme.

“The Wall” chegou ao primeiro lugar na Billboard 200 e vendeu mais de 30 milhões de cópias em todo o mundo até hoje. Em 1990, Roger Waters o performou em Berlim, logo após a queda do muro que dividia a Alemanha em duas. Entre 2010 e 2013, o álbum voltou a ser foco de seu criador em uma turnê que se tornou uma das ais bem-sucedidas da história da indústria.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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