O show da Nervosa no Summer Breeze Brasil deveria ter sido “apenas” uma celebração da boa fase da formação atual e a boa recepção ao seu mais recente álbum, “Jailbreak” (2023). Contudo, desde o início da apresentação, já havia problemas técnicos com os quais a banda teve que lidar. E terminou com Prika Amaral, líder da empreitada e agora também a vocalista, sem guitarra no palco.
Foi mais um episódio de superação em meio a outros. Antes de subir ao palco, nem parecia mais que a Nervosa vive um caos perpétuo. Depois de uma trajetória ascendente feita à base de uma rotina incessante na estrada durante uma década, o auge do grupo culminou nas saídas traumáticas de Fernanda Lira e Luana Dametto para formar a Crypta — cujo show no mesmo festival em 2023 pareceu uma volta olímpica.
Prika Amaral sofreu para conseguir dar uma cara de banda novamente à Nervosa, que virara uma porta giratória internacional de musicistas. Precisou assumir os vocais para isso. E, como provaram as duas primeiras músicas da tarde, “Seed of Death” e “Behind the Wall”, do disco novo, funcionou.
Isso graças também à ajuda de Mayara Puertas, vocalista do Torture Squad, a quem Amaral conferiu o mérito por ter lhe ensinado a cantar quando anunciou sua participação especial para “Elements of Sin”, também do álbum recente. O grupo já tinha em suas mãos o pouco público de thrash metal presente no dia mais cheio do Summer Breeze até então.
Problemas técnicos
Não era só o calor de matar que causava incômodos no palco. Vira e mexe, as musicistas se reuniam em torno da nova baterista Gabriela Abud, a quem Amaral alegou ter esperado por um ano para que se juntasse à banda em 2024. O que podia parecer uma falta de entrosamento era apenas uma banda com problemas no retorno de som, tentando se manter sincronizada na base do contato visual.
Isso seguiu até chegar o momento durante “Under Ruins”, de “Perpetual Chaos” (2021), em que o instrumento de Prika estourou uma corda. Não havia um substituto (a própria confirmou), não dava para continuar tocando (a popular ponte Floyd Rose faz com que tudo fique desafinado quando uma corda estoura) e nem teve como contar com a camaradagem do underground para tocar com um emprestado. Já era a nona de um set de 13 músicas.
Então, a banda passou a se apresentar apenas com uma guitarra. Falou bem alto, então, o entrosamento das brasileiras com as gregas Helena Kotina e Hel Pyre, já devidamente escoladas na arte de xingar em português.
As músicas de “Jailbreak” sofreram um pouco com Amaral fazendo apenas “air guitar”, mas é válido lembrar que, antes do álbum mais recente, a Nervosa sempre tivera apenas uma guitarrista. Kotina segurou bem as pontas até o final da apresentação que, se não foi o esperado retorno triunfal para casa, mostrou uma banda já calejada em lidar com as adversidades.
**Este conteúdo faz parte da cobertura Summer Breeze Brasil 2024. Algumas atrações terão resenhas + fotos publicadas primeiro. A cobertura completa, de (quase) todas as atrações, sairá nos próximos dias.
Nervosa — ao vivo no Summer Breeze Brasil 2024
Repertório:
- Seed of Death
- Behind the Wall
- Death!
- Elements of Sin (Com Mayara Puertas)
- Kill the Silence
- Perpetual Chaos
- Venomous
- Masked Betrayer
- Under Ruins
- Ungrateful
- Jailbreak
- Guided by evil
- Endless Ambition
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